Há oito aos que a Universidade Gama Filho não realizava o GAMACOM, o tradicional encontro de Comunicação Social da instituição. Tive a honra de ser convidado para participar de um dos painéis do encerramento que tratava do tema “Convergência e Interatividade“. O painel foi mediado pelo profesor Christiano Henrique dos Santos, sub coordenador do curso no Campus Downtown. Junto comigo na mesa estavam Laís Pimentel (Gerente de Conteúdo do Portal G1) e Aydano André Motta (Jornalista e Redator Especializado da Coluna do Ancelmo Gois).
Laís Pimentel foi a primeira a falar e relatou sua experiência no RJ TV, no portal G1 e na BBC em Londres. Laís com sua eloquência e simpatia falou com bom humor da sua experiência em trabalhar na BBC, e os incríveis protocolos a serem seguidos quanto o assunto é a Realeza Britânica. Segundo Laís, as rádios Inglesas, além da ótima qualidade são bem diversificadas, atendendo a nichos bem específicos. Será o cauda longa das radios ? (grifo meu).
Da sua experiência no G1, que foi criado para “furar” a Globo News, Lais chamou a atenção para a velocidade com que a matéria precisa ser públicada no portal. Muito menos burocratizado e com uma logistica muito mais enxuta que os outros meios, como rádio, Jornal ou TV, os portais medem seu desempenho em minutos. Estar cinco minutos à frente do concorrente faz uma enorme diferença em tempos onde a instantaneidade é uma característica dos veículos de comunicação. Uma outra grande preocupação levantada pela Lais e endosada pelo Aydano foi a checagem da notícia, que acaba tornando-se um grande “calcanhar de aquiles” nesta velocidade. Por fim Laís citou ainda o exemplo do vídeo produzido por celular que já é utilizado pela BBC, bem como o uso da convergência para o envio de fotos, textos e filmagens pela Internet dando mais velocidade à sua publicação.
Aydano Motta falou de sua experiência com o Ancelmo Gois, no Ancelmo.com e sua experiência como jornalista. Segundo Aydano, apesar do discurso apocaliptico de alguns jornais como o The New York Times, o jornal não vai acabar, continuarão a existir. Por outro lado ele ressaltou que os jornalistas é quem precisam se adaptar ao novo meio.
Aydano também levantou a questão da confiabilidade e velocidade da informação. Segundo Aydano, publicar para a Internet é uma tarefa muito mais rápida e simples, basicamente basta um smartphone ou um notebook para isto. Para Aydano, O “clima” da redação é muito mais quente e em geral pelo menos dois profissionais comentam uma matéria antes dela ir para o Jornal, já na Internet esta tarefa é mais solitária, o reporter tem grande autonomia para publicar, e basicamente não precisa submeter sua matéria à criticas, culpa da instantaneidade.
A Internet Brasileira é essencialmente Paulista, ressaltou, assim como o a mundial é Americana. Curiosamente eu ja havia ouvido esta constatação nos meus tempos de Evangelista da Macromedia.
Um case curioso de tendência participativa foi quando ele citou o Blog Reporter do Crime, onde Jorge Barros mapeou a violência e abriu a participação aos leitores que enviaram milhares de e-mails com relatos de crimes e sua localização. O Trabalho ficou tão bom que foi utilizado pela secretaria de segurança do Rio de Janeiro. É o crowdsourcing em prol da cidadânia (grifo meu). Aproveitando a “deixa” Aydano citou ainda um belo exemplo de Jornalismo colaborativo, o OhMy News.
Fiz uma apresentação inicial, falei dos tempos de Macromedia, e tentei resumir em 10 minutos um histórico da Internet no Brasil que gastei uma hora e meia na última vez que falei dele. Fiz um breve histórico evolutivo, falei rapidamente dos primórdios e em seguida do modelo de negócios do Flash Brasil que tornou-se referência da Macromedia, e me levou a dar uma palestra em 2001 em New York para 100 lideres de comunidades virtuais de diversas partes do mundo. Neste mesmo evento assisti à palestras do SteveKrug, outra de Hillman Curtis e diversas outras me levando a constatação de que a Internet deste ponto em diante iria tomar outra dinâmica, afinal estava assistindo ao marco da mudança da Internet “Egocentrada” para o foco no usuário, e que anos depois levou ao que hoje conhecemos por web 2.0, a internet produzida pelo usuário.
Com o tempo ficando curto, passei logo para as novidades, falei um pouco de inteligência coletiva, crowdsourcing, e das comunidades do Orkut com vida inteligente, dentre elas a Cibercultura, Publicidade e Propaganda e Marketing no Brasil. Falei do TechCrunch 40, onde foram apresentados alguns serviços inovadores como o Viewdle que faz reconhecimento facial e esta em testes pela Reuters, do Teach the People que é um site de e-learning colaborativo, do Kaltura que permite a produção crowdsourcing de videos e do Ponoko que permite que os usuários produzam móveis e utensílios e os venda na Internet.
Com o tempo curto, não tive tempo de explicar o que tanta tecnologia tem em relação ao marketing. Agências Digitais devem estar antenadas a todas as tendências tecnológicas e sociais das midias interativas, pois em linhas gerais o marketing digital não segue à regras e metodologia pré-estabelecidas, o sucesso de uma ação digital depende muito do conhecimento e feeling. As oportunidades de ações interessantes e de sucesso dependem de uma equipe antenada, ligada tambem nos últimos hypes, no que já virou meme e enxergar uma forma de disseminar a mensagem sem interferir no equilibrio do ciberespaço e com grande chance de propagar-se.
Após minha apresentação um grupo me interpelou, e uma menina, cujo nome não lembro, me perguntou exatamente porque o boom da internet se deu em 2000/2001 coincidindo com o que falei sobre a acessibilidade e usabilidade como percursor da web 2.0. Na hora respondi basicamente que além da constatação do usuário, a Internet começou a ser anunciada com mais frequencia a TV. Me enganei viu! Na verdade os anuncios de serviços de Internet na TV comecaram em 1999. Em 2000 tivemos a febre do acesso grátis e nos dois anos seguinte a consolidação dos blogs. Em 2004 o início do Orkut. Estes eventos sim, podem ser considerados como responsáveis pelo boom da internet. Esta tudo nos slides que usei na minha palestra “A Dinastia do Flash no Brasil“.
Acho que se escreve “Ohmy News”…
Maxsuel, você tem razão, ja consertei.