Como se produz uma fake news…

Fake News Head

Vamos citar um caso “hipotético”, bem hipotético, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, muita coincidência…

Imagine que uma determinada desembargadora tenha recebido de uma amiga pelo WhatsApp, uma informação falsa, ou até mesmo um comentário, sobre uma vereadora assassinada. O texto dialoga com os valores da desembargadora, inclusive por causa do viés de confirmação, a desembargadora relutaria a acreditar em uma outra versão da Informação. Com base na informação recebida, a desembargadora faz uma declaração no Facebook, e aproveita para acrescentar mais alguns detalhes, deixando-a mais convincente pela sua perspectiva.

Este texto falso é sobre o assassinato de uma vereadora que investigava os abusos da policia em uma comunidade, tudo hipotético é claro.

Um jornal e uma revista de grande circulação, repercutem a declaração da desembargadora com um título clickbait, ou seja, um titulo sensacionalista que chama a atenção para a leitura do artigo. Na verdade, é um titulo que dialoga com o viés da confirmação de muitos, que irão compartilhar o link sem ao menos ler a matéria.

E na matéria, no final, a desembargadora declara à repórter que não conhecia a vereadora antes do assassinato. Como assim, se ela não sabia nada da vereadora, como pôde dizer no Facebook que a vereadora era associada ao narcotráfico????

Ou seja, a desembargadora criou e disseminou uma fake news, que foi repercutida pela grande mídia, e posteriormente reverberada pela Internet.

Agora tomemos esta história pela luz da narrativa que esta sendo construida pela mídia e pelas instituições governamentais sobre as fake news, ou seja:

A fake news como objeto central da narrativa, tendo como seus produtores e disseminadores os “militantes” e os “oportunistas” e como consequência uma séria ameaça à democracia. (Extraido de estudo recente que fiz sobre a narrativa do combate às fake news)

Diagrama Fake News

Do estudo que fiz sobre a narrativa do combate às fake news, elaborado após a leitura de oitenta noticias em torno da narrativa do combate às fake news publicadas na internet, no período de 1º de Outubro de 2016 à 22 de Janeiro de 2018, extraio o seguinte trecho:

Para o Senador João Alberto Souza (PMDB-MA) elas são uma grande ameaça à democracia(1). Segundo ele, o indivíduo que espalha notícia falsa comete crime de difamação, a punição deve ser agravada porque o prejuízo passa a ser de toda a sociedade. Para o Ministro do TSE Tarcisio Vieira, as fake news criam “consensos artificiais” e “prestam um enorme desserviço à democracia”(2) e o Estado deve atuar para proteger o eleitor. Para combater esta séria ameaça o Ministro Fux, que assumirá o TSE em Fevereiro de 2018, acredita ser necessário até bloqueio de bens e detenção de quem produzir e disseminar fake news(3). Já para a Polícia Federal, nas palavras do delegado Eugênio Ricas, poderá ser necessário usar a Lei de Segurança Nacional, editada em 1983, no último governo do regime militar, para coibir as chamadas fake news nas eleições deste ano caso não seja criada uma nova lei para combate-las(4). Em nota no Jornal O Estado de São Paulo em 19 de Janeiro de 2018, o diretor geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou ter acertado com o FBI a participação de um grupo de especialistas em fake news e dark web para elaborar um diagnóstico da utilização de informações falsas no Brasil.

O atual presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, criou um conselho especialmente para tratar da questão das fake news e reúne dez representantes de diferentes orgãos, incluindo o Centro de Defesa Cibernética do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro, e a ABIN.

A revista Veja publicou em 12 de Janeiro uma edição com destaque sobre o tema, e em um dos artigos com acesso público intitulado “A ameaça das Fake News”(5) apresenta um recorte dizendo que: “83% dos Brasileiros se preocupam com a enxurrada de noticias falsas que circulam na Internet”, e identifica dois tipos de “propagadores de fake news à solta”: “militantes empenhados em atacar a reputação dos adversários políticos de seus candidatos e empresas ou indivíduos que fabricam notícias falsas com o intuito de ganhar dinheiro por meio dos anúncios — sobretudo vindos do Google AdSense, braço de publicidade do Google”.

Sob esta perspectiva – que é extremamente equivocada – como você acha que se dará o desenrolar desta história?


Publicado originalmente no Medium

Mantras da irracionalidade – Prosperidade

Mantras da irracionalidade são dogmas, conceitos e valores repetidos e assimilados por nossa sociedade que foram injetados em nossa cultura por estratégias de comunicação. São mantras que não nos pertencem, e que não resistem à uma analise. Muitos se surpreendem de repeti-los e ficam ainda mais surpresos em perceber que eles nunca foram questionados e que nunca foram construidos pelos indivíduos. O mundo a nossa volta esta cheio disto, aos poucos vamos revelando por aqui.

Vamos pensar um pouco em prosperidade, quem é prospero ou não em nossa sociedade e como avaliamos isto. Prosperidade é ter ou parecer ter? Prosperidade é ser ou parecer próspero? Somos prósperos ou meros coadjuvantes em um perverso sistema de poder? Mas afinal o que é prosperidade?

Prosperidade (do latim prosperitate) refere-se à qualidade ou estado de próspero, que, por sua vez, significa ditoso, feliz, venturoso, bem-sucedido, afortunado

Apolônio e Esnóbio

Imaginemos dois irmãos, Apolônio e Esnóbio. Apolônio nunca deu valor ao consumismo, mora na mesma casa no subúrbio há anos, é uma casa simples, mas muito confortável e espaçosa. Seu carro é um velho modelo 2005, mas está em boas condições, atende às necessidades de sua família. Apolônio leva uma vida confortável e sem sobressaltos. Esnóbio sempre foi ambicioso, mora em um apartamento em um luxuoso condomínio, a duas quadras da praia, seu carro é um modelo do ano, e leva uma vida agitada, trabalha muito e tem pouco tempo para a família, ao contrário de seu irmão Apolônio que tem a família em primeiro lugar.

Creio que você que esta lendo este texto já tenha feito juizo, então pergunto: Qual dos dois irmãos é o mais próspero: Apolônio ou Esnóbio? Não precisa responder agora, vamos continuar a história.

A esposa de Apolônio estava comentando com ele, que todo mês o irmão quer fazer uma retirada extra na empresa da família, eles são sócios em uma empresa de auto serviço. Apolônio já cansou de aconselhar o irmão à mudar seu estilo de vida, que se continuasse assim não haverá dinheiro suficiente para atender seus caprichos. Esnóbio invariavelmente respondia ao irmão que ele pensava pequeno e que nunca iria sair daquela casa do subúrbio e ia continuar andando com aquela “lata velha”. Apolônio não se importava, afinal nunca pensou em sair dali, a casa era boa, espaçosa e a vizinhança bem agradável. Como são sócios ambos fazem retiradas iguais, inclusive as extras. Além da sociedade com o irmão, Esnóbio da aula na faculdade a noite, ele enche os olhos dos alunos, como modelo de sucesso.

Agora você que esta lendo este texto tem condições de avaliar qual dos dois irmãos é o mais prospero? Então vamos continuar:

Apolônio comenta com a esposa que o irmão estava pagando quase 2 mil Reais por mês de condomínio, e ainda tinha a prestação do apartamento e do carro, que o irmão estava na verdada afundado em dívidas, trabalhava atrás do dinheiro e não na frente dele. Apolônio não conseguia aceitar o estilo de vida do irmão, achava que ele estava se tornando um escravo do consumo. Com sua casa e carros quitados, as retiradas de Apolônio estavam indo para aplicações da família, que todo ano viajava para o exterior, em especial este ano que o filho de Apolônio estava se preparando para fazer faculdade na França. O casamento de Esnóbio estava por um fio, sua esposa não podia aceitar o fato de não poder comprar um novo vestido para ir à festa da amiga socialite, e o filho do casal ainda não havia chegado do cursinho pré-vestibular, o menino estudava feito um louco para passar para uma faculdade pública, já que o pai falou que não iria pagar faculdade para marmanjo.

Veja você minha cara leitora e meu caro leitor, creio que não haja dúvida sobre quem de fato é próspero e quem não é. Nossa sociedade é assim, temos uma tendência enorme ao reducionismo, por conta disto somos vitimizados pelos mantras da irracionalidade. Esnóbio apesar de ter uma renda maior que Apolônio e apresentar sinais externos de prosperidade é na prática muito menos prospero que o irmão suburbano Apolônio. Imagino que não haja surpresa nesta revelação, mas vamos aos fatos.

A casa e o carro de Apolônio já estão quitados, apesar de ambos valerem 1/3 do valor do apartamento e do carro de Esnóbio, neste quesito o patrimônio de Apolônio é maior. O sistema é perverso, mesmo que Esnóbio tenha quitado 2/3 das parcelas do financiamento do seu carro, ele ainda esta devendo o valor do carro, mas o valor de compra e não de revenda, deste modo tudo que ele pagou até então no carro não teve impacto no seu patrimônio. O mesmo se dá com seu apartamento, ele esta pagando, mas ainda deve dois apartamentos. No caso de Esnóbio, ele não tem patrimônio algum, ele trabalha para girar a perversa roda do sistema bancário, que oferece crédito como se estivesse oferecendo deliciosas guloseimas para as crianças.

Quantos Esnóbios você conhece por ai?

Saudades da gaiola dourada

Hoje vejo a velha roda do lado de fora da gaiola e fico pensando, para que fui fugir da gaiola?…

Olho para o lado vejo hamsters felizes girando a roda como se não houvesse amanhã, suas gaiolas, muitas douradas são equipadas com um monte de tralha, quanto mais bonita e vistosa a gaiola, mais rápido gira a roda. Impressiona ver o hamster cansado se jogar da roda no sofá e ligar  o Imbecilizador, onde uma programação audiovisual o leva para um mundo de sonhos e consumo, que mostra o quanto é bom consumir, consumir, consumir… Veja como são belos e felizes os hamster consumistas, veja só aquele hamster do lado, diz a esposa, eles tem um cagador turbo, grande e confortável, e nos aqui neste cagador pequeno, você não tem vergonha não?!

Vendo isto o hamster olha para o relógio e pula na roda de volta e corre como se fosse alcançar o próprio rabo, um desespero por um cagador… Chega finalmente o cagador novo na gaiola de nosso amigo hamster, um hamster sério e trabalhador que não tem tempo para muita prosa. Hoje é domingo, e o hamster vai tomar uma cervejinha e ver um futebol, afinal ele merece. Chega em casa bêbado e acorda de ressaca com a cabeça latejando toma um “estupidex” e vai para a roda, gira como ninguém, mas dai começa a pensar, para que pensar??? O hamster para, toma uma birita a volta para a roda, acha o maior barato girar junto com ela, toma outra e decide girar a roda ao contrario e logo toma um esporro do Bank hamster. Como assim, girar ao contrário, você tem noção do perigo que é ser diferente? Consuma, consuma! O bom e nobre hamster volta a girar a roda novamente, a esposa hamster respira aliviada, pois já esta pensando em pintar a gaiola de ouro.  O cagador turbo já “orkutizou”, chique agora é ter a gaiola dourada, é o novo conceito em moradia diz a esposa hamster. Conceito do caralho! Resmunga o marido hamster pensando em como foi divertido girar a roda ao contrário, ria da cara do Bank hamster.

Neste domingo foi diferente, o hamster não foi tomar cerveja e nem assistir futebol, ficou apenas contemplando a roda pensativo…  Preocupada a esposa hamster o reprimiu: Você não sabe que pensar é perigoso?!  Em seguida ligou o Imbecilizador para tentar distrair o marido hamster,  este bateu a porta e saiu sem dizer para onde ia. Mais tarde ele voltou com um livro debaixo do braço: “A roda” de Hamster Max.  A esposa hamster aos prantos ajoelhou na frente do marido e implorou para que ele devolvesse aquele livro, ela lembrou o fim trágico  de todos que provaram daquela droga. Olha a miséria meu amor, eles abandonaram a roda e ficam debatendo e estudando o tempo todo, nem mesmo  possuem uma roda na gaiola, quando muito uma gaiola, são uns verdadeiros perdedores! A esposa implorou e o marido fingiu aceitar.  Mais tarde ele pegou as ferramentas e montou um dispositivo na roda, agora ele pode pedalar e ler enquanto faz a roda girar, a esposa morria de vergonha  afinal os maridos das amigas dela corriam elegantemente dentro da roda, já o nosso hamster parecia um pensador pedalando e debochando…

Nosso hamster saiu novamente e comprou livros e mais livros, lia e pedalava sem parar, a pobre esposa não sabia mais onde enfiar a cara.  O hamster comecou a pensar novamente, a esposa coitada, não podia comprar aquela ração “premium plus ultra du kacete”, teve de comer milho. O nosso hamster, resolveu sair e bateu de gaiola em gaiola convocando os vizinhos para conversar sobre uma idéia que ele teve.

No dia seguinte a esposa hamster acordou assustada pois tinham um monte de hamster na frente da gaiola, e o marido falou, fica calma vamos nos mudar, e começaram a alinhas as gaiolas, colocando uma ao lado da outra, mas o pesadelo estava por vir…. bom pelo menos para a visão consumista da esposa hamster, para o nosso heroi um sonho sendo posto em prática… Ela comeca a ver que os outros hamsters estavam retirando a roda de suas gaiolas e colocando na frente e enchendo de terra….  chegam na gaiola de nosso hamster e ele encontra a esposa de malas prontas, dizendo você decide: ou a roda ou eu! Não preciso dizer que a Sra Hamster teve de ir para a casa da mãe dela. Enquanto isto os hamsters plantavam nas velhas rodas nosso heroi havia criado uma comunidade capaz de suprir-se sem a necessidade de girar a roda indefinidamente, ele percebeu que consumia um monte de bobagem inúteis, que na pratica ele não necessitava. O Imbecilizador foi trocado por um Inteligentador conectado na Internet. Pouco a pouco a idéia maluca de nosso heroi peludo foi sendo disseminada, o tempo vago agora era preenchido com leituras, debates e a produção de conteúdo para seus blogs, sem contar que tinham tempo de fazer o mais importante, de compartilhar amor e afeto e ver os filhotes crescerem e participar disto, sem ter de terceirizar com babas e escola como no passado.

Mas o Bank hamster não estava gostando nada disto, as redes de imbecilização falavam diariamente dos perigos da Internet e do compartilhamento. Precisavam calar os hamsters revolucionários! Os Bank hamsters discutiram várias estratégias e começaram a coloca-las em prática, primeiro junto com a rede de imbecilização tentaram confundir as pessoas.  Diziam que os hamsters revolucionários eram produtores de “ratotóxicos”, e em nome da segurança trabalharam o mito de que as sementes plantadas em casa eram perigosas e poderiam ate mesmo produzir alucinações, por isto quem as consumia eram diferentes, agiam diferente, pensavam! Não colou! Muita gente estava trocando o Imbecilizador pelo Inteligentador e viram que a rede de imbecilizacao estava mentindo. Maldita Internet pensavam os Bank Hamsters, temos de eliminar a concorrência!

Os velhos e gordos Bank hamsters reuniram se em seu covil para discutir formas de  parar estes hamsters revolucionarios. Chegaram a conclusão de que o maior perigo não eram aquelas tribos de hamsters “sem rodas”,  poder estava mesmo é na Internet. Descobriram que os hamsters comuns usavam seus inteligentadores conectados à interner com a mesma eficiência dos imbecilizadores e sua rede decadente.

Perceberam que apenas os velhos hamsters, eram os poucos ainda controlados pelo sistema de imbecilização. Iniciaram a mais implacável campanha contra os Inteligentadores e a Internet, inventaram o “vicio em internet”, e para dar consistência ao factóide mostravam hamsters que haviam abandonado a roda por causa da Internet. Mostravam hamsters esclarecidos como sendo uma terrível consequência do excesso de informação, teve ate mesmo o Hamster Keen que escreveu um livro criticando os “sem roda” conectados, tentando provar que o modelo imbecilizante era melhor.

Vendo que não estavam surtindo efeito, os Bank hamsters se reuniram novamente, desta vez teremos de ser mais efetivos, temos de pensar numa forma de usar dogmas inquestionáveis para ter motivos para controlar a Internet, e dai surgiram os “maleficios” da rede foi um tal de falar em pedofilia e que hamsters velhinhos perdiam suas economias por causa de golpes virtuais.  Isto parece ter colado, mas será o benedito que ninguém parou para pensar que não existe pedofilia na Internet, e que os velhinhos são vitimas do desconhecimento e não da Internet. O que tem na Internet é pornografia infantil, resultado de um crime de pedofillia cometido em algum lugar, combater a pornografia infantil somente não vai resolver o problema. A Universidade de Hamstarvard fez um estudo mostrando que o aliciamento de menores pela Internet era insignificante, e mesmo assim as vitimas em geral já foram vitimas de aliciamento presencial. A culpa não era da Internet e sim dos pais hamsters, que so se preocupavam em rodar a roda, e terceirizavam a criação dos filhotes! Se não fosse isto teriam tempo de conversar com seus filhotes para orienta-los na Internet, mas como se eles mesmo não sabem usa-la?

Os Bank hasmters estavam conseguindo avançar, disseminaram medo, incertezas e dúvidas. Novas leia para “proteger” os filhotes e o hamsters velhos surgiam, e eram combatidas pelos “sem rodas”, que passaram a usar a rede como um canal de contra-informação.

Mais uma vez os Bank hamsters se reuniram no covil, desta vez  decidiram montar um verdadeiro plano de guerra, contrataram os melhores especialistas em Internet para desenvolver suas estratégias, perceberam que tinham de atuar em novas arenas, pois na legislativa era complicado, pois os “sem roda” sempre conseguiam ser ouvidos. Descobriram que regulamentar era mais fácil do que legislar, pois regulamento não precisa ser debatido. Mudaram de foco, na verdade abriram outras frentes, descobriram a governança da Internet, agora precisavam de uma forma de centraliza-la, assim tomariam o controle da Internet antes mesmo que os “Sem roda” pudessem fazer alguma coisa.  E assim decidiram juntar esforços com as empresas de telecomunicações, dando a elas mais lucro em troca de mais controle da rede. Só bastava agora colocar o plano em prática.

Bank hamsters do mundo todo decidiram formar acordos internacionais para controlar a Internet, o controle é importante contra os “sem roda”.  Redes sociais encantadoras foram cooptadas por reunir milhares ou até milhões de hamsters, formando verdadeiros jardins murados….  uma vez posicionados, em todas as arenas, os planos foram postos em pratica de forma simultânea, como se fosse uma verdadeira guerra, uma guerra desproporcional e com o objetivo de controlar o que antes era livre, uma guerra que tem por objetivo perpetuar o modelo da roda, o modelo que já não faz mais sentido. Não tem logica girar a roda continuamente, não queremos mais isto, fala o hamster revolucionario. Os ataques dos Bank hamsters são implacáveis, ao ponto do nosso revolucionário olhar para o lado e pensar: Quero voltar a ser um hamster burro, lobotomizado, não porque eu concorde com isto, mas porque já estou cansado desta guerra insana. Ao mesmo tempo percebe que sua mente não é mais a mesma, que agora ele é dono da própria subjetividade, e uma verdadeira dissonância cognitiva toma conta de seu corpo e sua alma, que o captura de seu momento de vacilo, para retornar a luta, a construção de um ideal, de um novo mundo do mundo dos hamsters sem roda….

Nota: Este texto foi criado num momento em que eu estava com um bloqueio de escrita, e brincando no Twitter produzi este texto, em pequenas pilulas de 140 caracteres em poucas horas.

Nota de falecimento

Acaba de falecer o CAPITALISMO!

Rituais de magia branca de olhos azuis e amarela de olhos puxados ainda tentarão dar sobrevida ao defunto inutilmente. Seus comparsas, a mídia golpista (PIG) tentarão ocultar o cadáver, mas a sociedade conectada, o quinto poder, irão mostrar a todos onde esta o corpo fétido. O establishment irá negar enfáticamente sua culpa no assassinato:

– Foram os emergentes!

– Foram os emergentes!

Eles dirão na mais manjada estratégia Maquiavélica, afinal o Inferno são os outros ja dizia Sartre.

Seus orfãos, os Bancos e Mega Corporações irão tentar, através do legado da privataria promovida pelo neoliberalismo, instalar o “neocolonialismo“, tentando extrair vorazmente da turma de baixo suas riquezas. Entretanto o povo de baixo já não é mais tão subserviente ao império, e a queda 2.0 da nobreza colocará o mundo de cabeça para baixo.

O capitalismo cognitivo, onde as pessoas são o centro e não o dinheiro, vazara de baixo para cima, trocando o “sistema operacional” da sociedade como prefetizou Rushkoff, e veremos uma profunda e gratificante mudança na sociedade, onde o pensar e agir coletivo é a normalidade como bem diz Shirky.


A nota acima foi inspirada pelo infográfico da divida americana, que mostra a divida total de 114,5 trilhões de dolares. Segundo o infográfico, um cidadão médio levaria 92 anos para acumular U$ 1 milhão, logo seriam necessário que 114.500.000 de americanos trabalhem 92 anos para pagar a dívida. Como a estimativa de vida do Americano esta em 78 anos, uma regra de três simples nos leva ao número de 135.051.282 cidadãos, o que equivale a quase 44% da população daquele país. Some-se a isto a crise que assola a Europa, onde a dívida impagável da Grécia é apenas a ponta do Iceberg e veremos um quadro dantesco.

Thomas Greco em seu livro “The End of Money and the Future of Civilization” ja preconizava isto, afinal o capitalismo vive de endividamento, somos todos endividados e não prosperos como nos fazem crer. Estamos sempre trocando de dívidas, e isto leva a um ponto onde o endividamento se torna uma escala logarítmica, que tende ao infinito, promovendo uma verdadeiro “stall”.

Então prepare-se vamos entrar em uma grande turbulência, a aeronave vai cair, mas muitos sobreviverão…

Nota: Depois de publicar este texto aos sete ventos sem me certificar do valor da dívida americana, fui informado que ela é de U$ 15 trilhões e fui averiguar e vi que na verdade 114,5 trilhões de dolares é o valor emprestado a descoberto pelos bancos americanos, o que na prática acaba dando no mesmo. A figura acima mostra dois “edificios ao lado da estatua da liberdade, o menor é equivalente à pilha de cédulas de U$ 100,00 da dívida americana e o maior que o World Trade Center é o total do empréstimo à descoberto dos bancos americanos.

Mantras da Irracionalidade – Carros são poder

Na noite de sexta feira (25/02/11) um motorista atropelou intencionalmente dezenas de ciclistas que faziam uma manifestação pacífica em Porto Alegre. Ele simplesmente arrancou e foi jogando os ciclistas para o alto, um ato criminoso e hediondo. Quem lê não acredita que exista na sociedade dita civilizada tal monstro, mas infelizmente existem, e muitos! Mas se você ainda não acreditou ser possível tamanha loucura então assista aos vídeos abaixo, mas prepare-se, as imagens são fortes:

Não vou entrar no mérito e nem nos detalhes do caso, já tem muita gente falando a respeito, meu objetivo é desconstruir mais  mantras da irracionalidade (conceitos e valores que estão equivocados e que são repetidos como sendo a verdade além da verdade, subvertendo a nossa própria subjetividade).

Helton fez uma ótima reflexão sobre o caso de onde extraio algumas partes que servem de ponto de partida para nossa desconstrução:

[..]Mas eis que então se abate sobre nós o Martelo de Thor, personificado por um irresponsável e infelizmente típico representante

  • de uma classe sócio-econômica
  • de um modelo de comportamento
  • de um modelo de pensamento

que – e é assim… – tem PODER para oprimir e agredir.

E o que mais entristece é que esses modelos de comportamento e pensamento:

  • são conhecidos, mas não são questionados ou combatidos;
  • são, ao contrário, estimulados por uma série de forças sociais e econômicas;
  • têm esse estímulo ratificado cooperativamente pelo Governo, que deveria ser o primeiro órgão regulador a, em benefício da coletividade, combatê-lo.[..]

Helton segue ainda citando trechos do livro “Fé em Deus e Pé na tábua” do renomado sociólogo brasileiro Roberto da Matta, de onde tiro recortes que interessam à minha linha de raciocínio:

[..]No Brasil, o papel de motorista e seus veículos são lidos como emblemas de desigualdade. Há um contraste entre o gozo doato de dirigiu o prazer de estar ao volante, com uma total ignorância da responsabilidade civil deste ato no que diz respeito às suas consequências. Escapa aos motoristas qualquer conotação negativa do veículo, como sua potência e sua capacidade para produzir acidentes, danos e mortes.[..]

[..]Temos, então, por um lado, os motoristas (que enfiam o pé na tábua), que se pensam como tendo somente privilégios e direitos; e, por outro, os pedestres (englobados pela fé em Deus), vistos como subcidadãos cujo atributo é ter um conjunto de deveres ou obrigações. Neste sentido,  fomos tão longe em nosso descaso com qualquer compromisso com a igualdade como um dever (e um direito) de todos, que os motoristas têm o privilégio de ocupar as ruas usando-as como bem entenderem, assim como as calçadas e praças.[..]

As primeiras declarações do Delegado Gilberto Almeida Montenegro sobre o incidente com movimento “Massa Crítica” estavam completamente contaminadas com os “trojan intelectuais” que quero demonstrar.

[..]Faz a tua manifestação, mas não impede o fluxo de automóveis. Se tu impedes, dá confusão, dá baderna, dá acidente. Fica o alerta”, afirmou.[..]

[..]De acordo com o delegado, ainda não é possível afirmar que o motorista teve a intenção de atropelar o grupo de ciclistas. “Eu não sei o que aconteceu, preciso ouvir ele. Daí nós vamos ver se houve intenção”, afirmou Montenegro.[..]

Indignou-se? Muita gente na web ficou indignada, e com toda razão, o @setesete77 respondeu com precisão que bicicleta é veículo, e não atrapalha o trânsito, elas estavam sendo o trânsito. Mas infelizmente muita gente não entende isto, como o Delegado Montenegro, o “trojan intelectual” descrito por Roberto da Matta acima, há muito intronizou nestas mentes.

É nesta luta que o Massa Critica tem focado, o de mostrar que bicicleta também é veiculo, que tem tanto direito de uso das vias como os outros veículos. É difícil entender isto com clareza em um sistema de valores onde as pessoas são avaliadas por sua forma de consumo, pelo que ela aparenta ser. É a visão centrada no capital, a lógica do capital e do consumo que aprisiona e absorve o cidadão. Cidadão este que vive o mito de Sísifo, transitando cegamente entre trabalho, consumo e prazer, mas sempre dentro da ótica centrada no capital, onde o prazer está no ato de consumir, e o consumo é quase uma religião do deus Capital como idealizou Victor Lebow.

O @caouivador segue criticando as afirmativas do Delegado equivocado, e “ousou” comparar os direitos dos pedestres com os dos motoristas. Imagine se os motoristas podem esperar dois minutos para dobrarem a esquina e fugir dos “lentos” ciclistas…


Já o @massacriticaPOA foi preciso, foi no cerne da questão, foi exatamente no núcleo do “trojan intelectual”, questiona justamente a prática jurídica envolvendo acidentes de carro, sempre são registrados como acidente, nunca os motoristas são punidos criminalmente como deveriam.

Segundo o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), bicicletas e pedestres devem ter prioridade sobre os carros. Não respeitar esta prioridade é considerado infração gravíssima, mas isto não é fiscalizado pelo poder público e nunca um motorista fora multado por ameaçar um pedestre ou um ciclista. O mesmo poder público que não coíbe a prática da invasão dos espaços dos pedestres pelos “poderosos” motoristas, e o mesmo poder que possui representantes como o Delegado Montenegro e outros com a mesma ótica centrada no capital e no poder, e não no coletivo e no cidadão comum.

Por conta das afirmativas do Delegado Montenegro e pela insistência do PIG em minimizar a culpa do atropelador, rapidamente surgiu a tag #montenegrofacts e o avatar de protesto abaixo. Estas respostas rápidas nos leva a perceber que a Internet esta cada vez mais parecida com uma teia de aranha, onde qualquer movimento em uma de suas bordas, alerta todos os pontos da rede, estamos todos conectados!

Embora muitos neguem, ou até não percebam, praticamente todos temos nossa subjetividade manipulada, seja por dogmas, princípios e valores que foram introjetados em nossa cultura ou por algumas técnicas manipulatórias usadas pela mídia de massa, vulgo PIG. Precisamos questionar nossas convicções, perguntar a elas se elas são mesmo nossas! Para isto é preciso que você desconstrua-as em suas mentes e tente enxergar as coisas por uma outra ótica. Pense por exemplo como seria um mundo onde todos tivessem o mesmo direito de ir e vir, independente do veículo que usam, uma utopia dirá você…

Douglas Rushkoff é meu autor predileto na prática da desconstrução do pensamento. Em seu livro Life Inc, ele começa contando uma história simples mas emblemática que é mais ou menos assim:

Era véspera de Natal e ele estava em frente ao seu apartamento colocando o lixo para fora quando um homem o assaltou. Mais tarde ele postou uma mensagem em um grupo de discussão do seu bairro, para que os vizinhos tomassem cuidado para não serem vitimas de assalto também. As duas primeiras respostas que ele recebeu foram de pessoas furiosas, criticando-o por ter postado aquilo, pois esta notícia poderia afetar o valor de seus imóveis. Rushkoff ficou perplexo com o fato das pessoas darem mais importância ao valor de mercado de suas casas do que ao lado humano de sua vizinhança.

São observações óbvias do cotidiano distorcido como estas, que nos fazem perceber que não somos donos de nossas subjetividades, tomá-las de volta exige que nos afastemos do ciclo Sísifico do consumo e paremos para pensar nos verdadeiros valores da vida. Obviamente não interessa ao “establishment” que façamos esta reflexão, senão poderemos descobrir que os verdadeiros valores da vida não custam dinheiro algum.

Já parou para pensar que o filme Matrix pode não ter sido uma ficção construida em torno da tese da singularidade tecnológica, e sim uma fábula debochando deste sistema? Aliás não precisamos ficar presos só neste exemplo, Aldous Huxley previu em seu livro distópico Admirável Mundo Novo, escrito em 1932, uma sociedade perfeita, com castas, sem vínculos afetivos e familiares, onde seus membros dedicavam-se plenamente ao prazer e ao consumo e onde as sociedades tradicionais eram vistas como “selvagens”.

Para que possamos começar a entender porque nossa sociedade dá tratamento privilegiado aos crimes automotivos e aos automóveis, vamos avaliar a base desta questão.

Observe o tamanho e o poder da Indústria que orbita em torno do automóvel. São petrolíferas, metalúrgicas, montadoras e todo um conjunto de atividades econômicas que circundam estas potências de Capital Intensivo. Esta Indústria emprega milhões de pessoas e possuem uma participação significativa no PIB dos países onde estão instaladas. São vistas pela ótica capitalista como de extrema importância para as nações onde estão instaladas, mesmo que os custos sócio ambientais sejam maiores, estes curiosamente não fazem parte da avaliação.

Por conta desta cadeia industrial já tivemos guerras, e todo tipo de jogo do poder para subjugar tanto o consumidor como os produtores de matéria prima, o primeiro que não deve enxergar o verdadeiro custo do seu automóvel e o segundo que não deve enxergar a verdadeira importância e custo social de suas matérias primas. Transformar os produtores de matéria prima em consumidores do produto acabado é o objetivo  primordial de qualquer indústria. Quanto mais se consome, menos se pensa, e o capital concentra-se no meio, no intermediador das pontas, curiosamente oposto à Internet onde seus valores estão nas pontas.

Neste sistema, a publicidade hoje trabalha na percepção, no fazer sentido, na esfera do parecer, não se vende mais um produto com foco em seus atributos e qualidades e sim nas supostas emoções e fantasias que este produto poderá proporcionar. Indústrias não fazem publicidade para mostrar as vantagens de andar a pé ou de bicicleta da mesma forma, o fazem da forma antiga, focando nas qualidades e não na fantasia e emoções.

Na construção distorcida da realidade por conta de tudo que falei acima, possuir um carro dá ao proprietário a percepção de poder, de status, leva ele para o mundo maravilhoso da fantasia, mesmo que ele seja dono apenas de uma mínima parcela, o Banco que financiou seja o verdadeiro dono do “mimo”.  Este tão almejado símbolo de status faz com que muitos “possuam” carros que muitas vezes custem mais que suas próprias casas! Não podemos esquecer que os bancos fazem parte deste sistema, e que são eles na verdade o maior proprietário de automóveis.

Todo este interesse e poder agora desnudados nos fazem perceber o quanto seria difícil admitir que um carro seja uma arma e que em caso de acidente o motorista seja considerado um criminoso tal qual se tivesse portando-a. Se assim fosse não seria possível vender a fantasia de possuir um carro. Sendo este uma arma, muitos iriam desistir de comprar um carro por conta dos riscos de dirigi-lo. E por fim para dar uma sensação de justiça neste sistema perverso de valores, temos a indústria da multa que terceiriza a responsabilidade do motorista, fazendo-o crer que se não dirigir alcoolizado ou rápido demais não estaria pondo em risco a vida de ninguém…

Mantras da irracionalidade – direito autoral

Você já parou para pensar sobre o direito autoral e a propriedade intelectual? Bom eu venho pensando muito a respeito há anos, e tenho chegado à conclusões surpreendentes, verdadeiras aberrações que são aceitas e replicadas pela sociedade como verdadeiros mantras da irracionalidade, aqueles mantras que foram imputados em sua mente por muito tempo, pela grande e dominadora mídia, e hoje você os repete sem pensar e com toda convicção. Você não os repete?  Ótimo, então vamos à algumas provocações:

  • Se um acadêmico não é remunerado permanentemente por uma Tese, porque o autor de um livro tem de ser?
  • Se um publicitário não é remunerado permanentemente por uma peça que criou, porque o produtor de cinema tem de ser?
  • Se um engenheiro não é permanentemente remunerado por um projeto que ele fez, porque o musico tem de ser?

Quando um engenheiro faz um projeto, ele assina a responsabilidade por ele, seja este engenheiro independente, funcionário ou responsável por uma Empresa. Este projeto tem um preço que é ditado por um mercado e é pago na forma combinada apenas uma vez. E por toda vida, este engenheiro pode ser responsabilizado por algum dano que seja comprovado como falha de projeto, e isto pode ter custos indetermináveis. Por outro lado, o músico não tem este risco enorme, afinal qual a chance de sua música provocar dano à alguém? Se ele não falar mal de ninguém e nem criar polêmica com a letra e não copiar outro músico, o risco é zero. Quando acaba um projeto o engenheiro já tem de estar fazendo outro, a vida dele é fazer projetos, ele se remunera por um projeto atrás do outro, até que chega ao fim de sua carreira. A partir dai ele vai ter de viver com suas economias, e sua pensão do INSS, e se foi previdente, da sua previdência privada. Com o músico é diferente, ele tem todos estes direitos do engenheiro e ainda tem a chance de criar “projetos” que irão sustenta-lo e a sua familia por muitos anos. Entendemos que cada música é um projeto, ou cada CD, e suas músicas proporcionam renda através de shows e da venda de CDs e faixas avulsas, mas não é só isto, tem mais!

Temos no caso da música o ECAD, que é uma entidade que fiscaliza e taxa qualquer estabelecimento que ouse tocar música! Não sei se existe transparência nesta arrecadação e nem se tem garantia de que todos os músicos serão remunerados de forma justa. Para mim o ECAD é uma aberração socialmente aceita, os estabelecimentos estão divulgando a música e ainda pagam por isto! Mas imaginemos se tivesse um ECAD na engenharia. Ele iria avaliar uma obra e cobraria uma taxa pela provável utilização dos projetos, ou seja, cada vez que um projeto fosse consultado, la estaria o ECAD da engenharia cobrando mais um níquel, acharíamos isto normal?

Acadêmicos investem anos de suas vidas em estudos e pesquisas, produzem teses e mais teses que são largamente utilizadas pela sociedade e industria de modo geral, algumas destas teses se transformam em livros, mas é a excessão e não a regra. Os resultados das pesquisas são utilizados em benefício da sociedade, são de fatos uteis em todas as esferas da humanidade, seja na economia, na saúde, educação, poder público, e etc.. A remuneração do acadêmico em geral vem das universidades, e de bolsas de pesquisa, e quando se aposentam tem o mesmo destino do engenheiro que citei logo acima. Quanto ao ECAD da academia, bom imagine você mesmo…

Mas e os autores de livros, bom assim como os músicos e pintores eles possuem o dom da arte, autores trabalham bem para escrever livros, não posso negar, mas nem todos os autores são realmente autores de seus livros, mas isto é outro papo. Por este livro o autor recebe a remuneração da sua venda, e também de palestras e eventos que participa. E quando se aposenta tem os mesmos direitos do engenheiro e do acadêmico, e ainda recebe os direitos por seus livros por muitos anos. Ainda bem que não tem ECAD dos livros, mas ja tem gente pensando em criar algo parecido e cobrar uma taxa das copiadoras…

Bom não vamos falar de publicitários e cineastas, seria mais um parágrafo comparando laranjas com maças, e daria mais trabalho para a minha conclusão, então vamos falar dos pintores de arte.

O pintor de arte ganha dinheiro vendendo suas obras, a atendendo à pedidos especiais, e ganha uma remuneração do “ECAD” dos pintores cada vez que alguém admira suas obras… ué? Não é assim não? Mas pô! Pintor não é artista? Porque este preconceito?

Bom que tem o músico e o autor de livro que o engenheiro, acadêmico e pintores de arte não tem? Vamos dar um tempo para você pensar…. pensou?


Uma indústria intermediadora! Afinal lançar livros e discos tem um alto custo e demanda uma forte estratégia de marketing, por isto que os intermediários ficam com pelo menos 90% da arrecadação. Isto se justificava no século passado, antes do advento da Internet. Nos anos 80 os equipamentos e a produção de um disco eram impossíveis às pequenas bandas e livros tinham altos custos de diagramação e impressão.

Hoje pequenos estúdios que custam menos de R$ 100,00 a hora podem produzir CDs com ótima qualidade e temos a Internet para divulgar o trabalho, então para que precisamos das gravadoras? Nos não precisamos, quem precisa são os dinossauros, os músicos desconectados, os músicos da antiga. É importante lembrar que se você tem mais de 16 anos, então você é um imigrante digital, e para ser entendido precisa falar com os dois mundos.

Gravadoras são poderosas, movimentam verdadeiras fortunas, segundo o relatório mais recente da APBD, no ano passado (2009) o mercado movimentou R$ 358.432 milhões com a venda de música nos formatos físicos (CD, DVD e Blu-ray) e formatos digitais (via Internet e telefonia móvel), e registrou um crescimento de 159,4% das vendas digitais via Internet, e ainda reclamam. E segundo a IFPI, neste mesmo ano o mercado fonográfico girou U$ 140 bilhões, ou quase 5% do PIB Brasileiro no mesmo período, e ainda culpam a pirataria por não arrecadarem mais, pois sim

Com este dinheiro todo eles tem um poder gigantesco e esta é a unica explicação para esta diferença entre o tratamento dos nossos atores aqui citados, mas afinal estamos aqui defendendo o direito autoral pô! Como assim? Olha aquele disco ali em cima, o suposto direito autoral que falamos é na verdade o direito do intermediário sobre os direitos do autor, e este em muitos casos não tem nem o direito de reproduzir suas próprias músicas, o Teatro Mágico que o diga…

Pois é e olha que eu ainda não entrei na questão da propriedade intelectual! E nem vou. Para isto pretendo fazer outro texto educativo como este, por enquanto vamos jogar pedras no meu blog, que venham os comentários!

 

A melhor democracia que o dinheiro pode comprar

É um titulo perfeito para o momento onde o PIG se junta com os militares para organizar um ato esquizofrênico intitulado a democracia ameaçada. Como sempre tem um monte de trouxa que cai nesta, afinal o PIG é o propagador dos mantras da irracionalidade, e sabemos muito bem que não existe democracia ameaçada nenhuma, e que na verdade o PIG se sentiu intimidado porque a sociedade se organizou para cobrar mais responsabilidade de seus veículos que agem como se fosse imparciais mas que possuem uma clara preferência partidária.

O título é na verdade o título do livro de Greg Palast,  jornalista investigativo que se especializou em investigar as entranhas do Neoliberalismo, e botar para fora todo tipo de excremência que esta turma produz mundo afora. Não me surpreendi nem um pouco quando li o primeiro capítulo, dedicado ao Brasil!

Sua Excelência Robert Rubin, Presidente do Brasil

O capítulo fala da reeleição de Fernando Henrique Cardoso como presidente marionete do Brasil, marionete esta comandada por Robert Rubin, não esta entendendo? Bom então vamos dar uma ajuda.

Em outubro de 1998, o presidente nominal do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito para o cargo por um único motivo: tinha estabilizado o valor da moeda brasileira e, portanto, contido a inflação. Na verdade, não tinha. O real brasileiro estava ridiculamente supervalorizado. Mas, com a aproximação das eleições, sua taxa de câmbio contra o dólar simplesmente desafiava a gravidade. Esse milagre levou Cardoso à linha de chegada com 54% dos votos.

Mas, não existem milagres.

Quinze dias depois da posse de FHC. o real despencou e morreu. Seis meses depois da eleição, ele tinha aproximadamente a metade de seu valor no dia da eleição. A inflação está aumentando e a economia implodindo. A taxa de aprovação de Cardoso, que se revelou um incompetente e uma farsa, caiu para 23% do eleitorado. Tarde demais. Ele já havia colocado a presidência no bolso.

Quer dizer, mais ou menos. Não restava muito da presidência de Cardoso além do título. Todas as políticas importantes do orçamento ao emprego, são ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e seu órgão irmão, o Banco Mundial. E por trás deles, dando as cartas, estava o secretário do tesouro, Rubin que governou de fato como presidente do Brasil sem precisar perder uma única festa em Mahattan. Mas esse é o preço que Cardoso pagou pelos serviços de Rubin na campanha eleitoral. Pois foi o secretário do Tesouro quem, junto com o FMI, manteve a moeda brasileira alta.

Rubin tem bons motivos para manter a dúbia moeda brasileira, além de ajudar FHC. Sabendo muito bem que a moeda seria destroçada logo depois da eleição, o Tesouro dos EUA garantiu que os Bancos Americanos conseguissem tirar seu dinheiro do país em condições favoráveis. Entre julho de 2002 e a posse em janeiro do ano seguinte, as reservas em dólar do Brasil caíram de 70 bilhões de dólares para 26 bilhões de dólares, um sinal de que os banqueiros pegaram seu dinheiro e fugiram. Mas, a moeda permaneceu em alta antes da eleição porque os EUA deixaram clara sua intenção de substituir as reservas perdidas por um pacote de empréstimos do FMI.

E também se deixou muito claro para os eleitores que os fundos seriam entregues a FHC, e jamais ao Partido dos Trabalhadores, da oposição. O apoio da elite internacional a FHC foi selado pela presença em julho, no Rio, de Peter Mandelson, cão-de-caça político do primeiro ministro britânico, Tony Blair. O estranho e inédito apoio de Mandelson a FHC marcou o ingresso oficial de Cardoso no projeto da Terceira Via de Clinton e Blair.

Um mês após a reeleição de Cardoso, o FMI ofereceu devidamente ao Brasil, um crédito no total de 41 bilhões de dólares. O Brasil não ficou com nada disso, é claro. Qualquer parcela que tenha realmente pingado no país embarcou no primeiro avião com os investidores e especuladores que o abandonaram.

Agora, os brasileiros têm que pagar a dívida. Mas essa é a menor de suas preocupações. Como parte da magia negra para manter a taxa de câmbio antes da eleição, Washington pressionou o Banco do Brasil a elevar a taxa de juros básica para 39%. O FMI pressionou por 70%. Nas ruas de São Paulo, isso se traduziu de taxas de juros de até 200% sobre empréstimos privados e créditos a empresas.

A confirmação do esquema de Rubin para salvar tanto FHC quanto os Bancos Americanos vem de uma fonte das mais interessantes: Jeffrey Sachs, da Universidade de Harvard. Sachs é mais lembrado como a Mary Tifóide do neoliberalismo, que disseminou teoremas do mercado livre e a depressão econômica pela extinta URSS. Sachs, que continua entre o falante grupo de atores no circulo das finanças internacionais, disse-me: “Você podia ver a economia [brasileira] caindo do precipício. Foi uma câmera-lenta. Mas, em vez de evitar a queda pela desvalorização controlada Washinton e o FMI incentivaram vigorosamente taxas de juros acima de 50%”, ele disse. “Washington queria a reeleição de FHC” , dando seis meses aos financistas americanos para vender os títulos e moeda do Brasil em condições favoráveis.

Se o Golpe de Estado de Rubin pareceu bem praticado, foi porque ele usou o mesmo método em 1994 para tornar-se presidente de fato do México. Mais uma vez, um partido governante sem credibilidade voltou ao poder pela força de sua moeda e das promessas de apoio dos EUA. Quatro semanas depois da posse do presidente Ernesto Zedillo o peso despencou, enquanto os credores americanos do México foram salvos por um fundo de empréstimo especial dos EUA.

FHC sabe que não adianta culpar as manipulações de Rubin pelos problemas do Brasil. Em vez disso, com ajuda de uma imprensa de direita (marrom), ele e o FMI atribuem o colapso econômico a vilões conhecidos: funcionários públicos, aposentados e sindicatos. São acusados de estourar o orçamento do governo.

Isso é maluquice. Os pagamentos dos juros, comenta Sachs, equivalem a monstruosos 10% dos gastos do país e são totalmente responsáveis pela duplicação do déficit federal. Comparadas a isso, as aposentadorias dos funcionários, principal alvo dos cortadores de orçamento, são uma gota no oceano.

Mas a analise de Sach é incompleta, ele diz que o “FMI falhou” porque os juros altos causaram a crise e a depressão. Está enganado. A crise é um elemento deliberado do plano.

A crise tem suas utilidades. Somente em caso de pânico econômico Rubin e o FMI podem soltar os Quatro Cavaleiros da Reforma: eliminar os gastos sociais, cortar a folha de pagamento do governo, quebrar os sindicatos e, o verdadeiro prêmio, privatizar empresas publicas lucrativas.

Mas, FHC não estava contente no papel de marionete de Rubin. Originalmente um sociólogo especialista em Teoria da Dependência, Cardoso deve ter lamentado pessoalmente a perda da soberania financeira de seu país.

Ele sobreviveu às eleições, mas a oposição varreu seu partido dos principais Estados, os novos governadores não lamentaram. Mostraram os dentes. Em janeiro de 1999, o ex-presidente Itamar Franco, recém-eleito Governador do Estado de Minas Gerais, recusou-se a pagar as dívidas com o Tesouro Nacional. Então outros seis governadores disseram a FHC o que qualquer pessoa sensata diria a um agiota que aumenta as taxas de juros de 10% para 60%: vá para o inferno. A imprensa mostra Franco como um bufão, enciumado de Cardoso. Seu objetivo é desviar a atenção da verdadeira ameaça a FHC e ao FMI: Olívio Dutra, popular governador do Rio Grande do Sul, era a estrela ascendente do Partido dos Trabalhadores. Filho de agricultores sem-terra, um militante jovem e educado da era da televisão, Dutra transformou a capital do estado em vitrine de desenvolvimento para o país.

Eles atacam Franco, mas é a Dutra que temem. FHC. Fez o possível para punir os gaúchos por sua eleição. Dutra não suspendeu os pagamentos ao governo federal, mas pagou os fundos, cerca de 27 milhões de libras, nos tribunais. FHC. reagiu com crueldade, retendo 37 milhões de libras em impostos coletados para o Estado de Dutra. O FMI bloqueou empréstimos para o Rio Grande do Sul. Contatado por telefone em seu escritório em Porto Alegre, Dutra disse-me que aceitava o fato de a crise exigir sacrifícios. Ele demitiu funcionários públicos, mas teve à audácia de sugerir à General Motors e à Ford que participassem do sacrifício e desistissem de isenções fiscais, que agora sangravam os cofres do estado.

O Brasil é um país rico, com um PIB, mesmo em depressão, de meio trilhão de dólares. Mas, como um hamster frenético na rodinha, está perdendo a corrida para captar seu próprio capital em fuga, que deve recomprar com taxas de juros de usura. Foi por isso que Dutra se esforçou tanto contra a privatização do banco de desenvolvimento de seu Estado, um motor da expansão autofinanciada do Rio Grande do Sul.

O Governador, que não é bobo, não desperdiçou balas contra o humilhado FHC. Ao organizar a resistência às exigências de Rubin e às condições de crédito do FMI, Dutra habilmente não visou as marionetes, mas seus manipuladores.

Dutra foi derrotado, e embora seu Partido dos Trabalhadores esteja na presidência (com Dutra como ministro), Lula está na prisão dos devedores, algemado pelas obrigações com o Citibank e seu braço policial, o FMI. E Rubin foi eleito para o cargo muito mais alto que o de presidente-sombra do Brasil: é presidente do comitê executivo do Citigroup, a corporação que é dona do Citibank, que é dono do Brasil.

Esta vendo ai? Veja como fomos enganados, e manipulados. Não sou eu quem esta falando da imprensa manipuladora e golpista é o reporter investigativo Greg Palast, mas não acabou não, vamos ver como a história se desenrola.

POSTAIS DO CARNAVAL DA DESVALORIZAÇÃO

Eu acabara de me servir mais uma dose da pinga caseira dE Zeb. Era dezembro de 1998. Estava brindando a três conquistas extraordinárias do Brasil que haviam ocorrido naquele dia.

A primeira era a aprovação de uma linha de crédito de 42 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para o Brasil. A segunda, relacionada à primeira, era um salto de 4% no valor das ações na Bolsa do país. A terceira era o anúncio pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de que o Brasil finalmente havia superado o Chile como economia mais desigual do hemisfério.

O BID calcula que 10% das famílias mais ricas do Brasil, hoje, recebam 47% da renda do país. Os 10% mais pobres recebem menos de 1%.

A expectativa de vida no Brasil é hoje a mais alta das Américas. Menos de uma em cada cinco crianças mais pobres do país completam a escola primária, menos ainda que na Bolívia e no Peru.

No entanto, o economista-chefe do Banco Mundial aplaudiu as “boas condições dos fundamentos econômicos do Brasil”. A pergunta é: boas para quem?

O que marca os que visitam São Paulo não é a pobreza, mas sua riqueza organizada: fileiras e fileiras de luxuosos prédios de apartamentos, shopping centers e torres de escritórios – frutos de um BIP quase tão grande quanto o da Grã-Bretanha.

Se eu deixar cair um copo pela janela do meu hotel de luxo, matarei uma galinha na favela lá embaixo, uma das numerosas cidades de barracos que inundam os espaços entre as extravagantes torres urbanas.

A pinga me ajuda a entender essa louca mistura de pobreza e riqueza. Assim como um cartão-postal do Rio de Janeiro completamente preto. Os moradores do Rio, a Cidade Luz, enviaram centenas desses cartões escuros aos políticos locais, num protesto contra a light, a companhia de eletricidade do Rio, hoje apelidada de Dark.

Em 1997, o governo federal privatizou a Rio Light, vendendo-a para a Electricité de France e a Houston Industries, do Texas. Os novos proprietários, que haviam prometido melhorar o serviço, rapidamente eliminaram 40% da força de trabalho da empresa.

Infelizmente, o sistema elétrico do Rio não está totalmente mapeado. Os funcionários d companhia elétrica guardavam na cabeça a localização dos cabos e transformadores. Quando foram demitidos, levaram consigo os mapas mentais.

Quase todos os dias um novo bairro ficava às escuras. Os proprietários estrangeiros culpavam o clima no oceano Pacífico. O Rio fica no Atlântico, é claro.

Mas para os proprietários em Paris e no Texas nem tudo era escuridão. As conseqüências dos cortes de salários e aumento de tarifas ajudaram os donos estrangeiros a obter dividendos de mil por cento. O preço da ação da Rio Light saltou de 194 reais para 259 reais.

Em 1998, o governo brasileiro pôs em leilão a empresa de eletricidade de São Paulo. Apesar de gritos e processos movidos por organizações de consumidores, a companhia foi ganha pelo único licitante, que pagou o preço mínimo pedido: o mesmo consórcio corrupto Houston-Paris. Imediatamente os novos donos anunciaram um excesso de mil funcionários.

O objetivo desta história de privatização é esclarecer os detalhes sórdidos, raramente relatados, do que o Banco Mundial chama de “criar um ambiente amigo do mercado”.

As condições dessa liquidação de ativos brasileiros são ditadas por um volumoso documento da consultoria americana Coopers & Lybrand (hoje chamada Price Waterhouse-Coopers). Enquanto o termo “mercado” é borrifado por todo o texto, o projeto é feudal e não capitalista. A Coopers divide a infra-estrutura vendável do país em monopólios legalmente aceitáveis, destinados a garantir superlucros aos novos donos, na maioria estrangeiros, sem empecilhos do controle do governo ou da concorrência.

Ele tem como modelo o sistema medieval de “arrendamento fiscal”, em que, por um único pagamento, os reis permitiam que coletores de impostos limpassem os camponeses. Os termos da privatização beneficiaram outros clientes da Coopers, as mesmas companhias que faziam ofertas pelos ativos brasileiros.

O Banco Mundial afirma que a liquidação de todas as empresas públicas do Brasil foi lançada pelo governo brasileiro. “sem pressão externa”. Ah, claro!

A venda acelerada dos bens brasileiros – no valor de 40 bilhões de dólares em 2003 – é uma condição inegociável das linhas de crédito de banco e agências internacionais.

Supostamente, a venda de empresas públicas, portos e rodovias reduz as dívidas do país. Não é verdade. Privatizar a infra-estrutura reduz a dívida do governo, mas não a dívida pública. A menos que os cidadãos desistam da eletricidade e da água, o público ainda é responsável pelas dívidas desses serviços. Na verdade, o governo está cobrindo os custos dos seus empréstimos por meio de um terrível imposto regressivo, na forma de aumento dos preços da eletricidade e da água cobrados aos trabalhadores do país (e aos desempregados das favelas)

É claro que a elite brasileira recebe uma parte do saque. O governo exige que qualquer consórcio estrangeiro que compre propriedade estatal inclua um sócio da língua portuguesa. Provavelmente, você não ficará chocado ao saber que amigos do partido governante estão recebendo tratamento especial.

Em 1998, o Ministério das Comunicações e o diretor do programa de privatizações demitiram-se depois que transcrições de conversas em telefones celulares interceptadas revelaram suas tentativas de influenciar as ofertas por companhias telefônicas estatais, para favorecer amigos ligados a operadoras européias.

O processo de “reformas” imposto por credores externos não se limita à tomadas de bens estatais.

O Brazilian Council da Grã-Bretanha promoveu uma reunião em Londres, em novembro de 1998, sobre os serviços públicos do Brasil. Foi apresentado um plano para “melhorar a eficiência no mercado de trabalho”, financiado pelo Banco Mundial. Os brasileiros não deveriam ver o documento. Mas eu obtive uma cópia e decidi contar o que há nele.

O Plano Mestre do Banco Mundial propõe cinco aperfeiçoamentos para esse país que tem o menor compromisso com a educação e outros serviços públicos do hemisfério. Ele diz claramente;

  • Reduzir salários e benefícios
  • Cortar pensões
  • Aumentar as horas de trabalho
  • Reduzir a estabilidade no emprego e o emprego.

Mas a recompensa, a linha de crédito de 42 bilhões de dólares, não vai, em última instância, pingar sobre pessoas nos barracos?

Não, diz Ildo Sauer, professor de energia da Universidade de São Paulo (licenciou-se para exercer o cargo de diretor de Gás e Energia da Petrobrás – N.E.). “Tudo vai para saldar os prejuízos do jogo”. – o esforço frenético do governo para manter a taxa de câmbio do real contra o ataque de especuladores.

O Brasil está pagando juros incríveis de 40% sobre sua dívida interna para convencer sua elite a guardar o dinheiro em São Paulo, em vez de Miami. Os 42 bilhões de dólares não vão cobrir os juros de um ano.

Estive hospedado numa casa maravilhosa na praia, perto de Santos (por motivos de pesquisa, legitimamente cobrada do The Observer). O proprietário diz que a residência vale cerca de 500 mil dólares. É sua terceira casa. Ele paga imposto de propriedade de apenas mil dólares por ela.

Os pobres do município não mandam seus filhos à escola porque a captação de impostos não é suficiente para pagar livros, uniformes ou o transporte dos alunos.

E agora, dois anos depois, vemos que os 42 bilhões de dólares do FMI simplesmente permitiram que o banco americano deixasse o Brasil e os ricos espertos mandassem seu dinheiro para o exterior.

É março de 2000. Com a aproximação de terça-feira de carnaval, as conversas políticas ao som da batucada são sobre o salário mínimo, que a Constituição do país efetivamente fixa em 100 dólares pro mês. Com a desvalorização da moeda e a inflação maciça dos bens básicos (a eletricidade aumentou 250%), o mínimo deveria subir automaticamente de 130 reais para menos 170 reais

Sobre esse socorro à população de baixa renda, o presidente Fernando Henrique Cardoso, portados da tocha da Terceira Via na América Latina, permanecia inescrutavelmente perplexo. Mas seus ministros, as câmaras de comércio e seus acadêmicos encheram colunas de jornais com argumentos para se eliminar a “inflexibilidade” da Constituição.

Como tudo o mais durante o carnaval, o debate sobre o salário mínimo é uma farsa. A questão já fora decidida e anunciada em novembro de 1998 pelo Banco Mundial e seu primo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, em um relatório ao British Council em Londres (cujo segredo agora violo com alegria).

Em troca dos empréstimos usados para sustentar o valor do real – um completo fracasso -, o Brasil teria de cortar os salários e aposentadorias do governo e, em especial, fazer cortes nos serviços básicos como saúde e educação. Alguns salários e aposentadorias do Estrado são definidos como múltiplos do salário mínimo – por isso tem de ser cortado sem piedade.

Para aplicar sua decisão (ou, como diz o banco, para “ajudar”), o BID transferiu 160 milhões de dólares das verbas de saúde e seguridade social do Brasil para esse projeto “estrutural”. Nem todo o dinheiro foi desperdiçado. Minha própria dispendiosa viagem pelo Brasil foi paga com essas verbas, numa coordenação do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da velha frente da CIA, a USIA. (Não pergunte)

Meu trabalho era instruir os brasileiros em processo democráticos para consumidores e sindicatos dentro dos direitos básicos de uma sociedade civil. Isso é bem americano: primeiro atire em suas pernas, depois dê a eles aulas de samba.

***

A disputa sobre o salário mínimo é um tanto teórica nos estados do Norte do Brasil que cercam a bacia Amazônica, onde qualquer salário é um luxo. Por isso fiquei especialmente tocado pela batalha de um grupo, na maior parte dessa área da Amazônia, conhecido simplesmente como Donas da Casa. As mulheres, cujo trabalho típico consiste em colocar alimentos e roupas para os mais pobres dos pobres do país, deram um susto no complexo bio-industrial internacional com uma ação legal, aberta para elas pelos advogados do IDEC, uma associação de consumidores do Brasil, para impedir a venda pela Monsanto de soja “Round Up Ready”.

A Monsanto modifica o DNA dessas sementes mágicas para sobreviver a uma forte dosagem do herbicida da companhia, Round Up. Andréa Libério, uma líder da Casa, enfurece-se diante da alegação condescendente da indústria de que esse produto vai alimentar os pobres brasileiros, enquanto ela lê que os supermercados britânicos Tesco se recusam vender produtos contaminados por ele. No início, a briga das Donas de Casa parecia a de um peixe de aquário contra Godzilla. Mas os peixinhos estão ganhando.

A Monsanto, em vez de apresentar evidências num tribunal, entregou a defesa da companhia ao juiz em sua casa, à noite. Mas escolheu o juiz errado. Este, aparentemente, lembrava-se de um tempo não muito distante em que o governo militar ia à noite entregar as decisões “certas” aos juízes, ou os levava embora. O juiz Antonio Souza Prudente decidiu que os brasileiros não lutaram pára depor a ditadura militar e vê-a substituída por um comercial. Em seu tribunal, denunciou os visitantes noturnos e proibiu a venda das sementes manipuladas.

A decisão de agosto de 1999 encorajou o diretor da agência ambiental do país a aliar-se aos consumidores e às donas de casa. Não foi uma decisão profissional acertada – o presidente Cardoso o demitiu do cargo. Depois, o governo FHC foi favorável na apelação da Monsanto.

Mas a decisão do juiz parece juridicamente intocável. O Brasil, segundo meus conselheiros da embaixada americana, tem leis ambientais mais rígidas que os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, com multas maiores contra os poluidores. Olhei pela janela do carro para as colunas de fumaça cáustica que dá a partes de São Paulo a aparência do terceiro anel de Hades, “ah… Todo ano o presidente Cardoso decreta uma anistia, assim ninguém paga as multas”.

***

Antes de me reunir com o vice-presidente da Justiça do Estado de São Paulo, meu guia do Departamento de Estado sugere que eu use a nova linguagem criada por consultorias de grupos de interesse. Os cidadãos não são mais cidadãos, e sim “clientes”. O poder do mercado substitui os direitos humanos. “Existe toda uma atitude no Brasil em relação ao público”. Passamos por cima de alguns “clientes” que dormiam sobre as saídas de ventilação do hotel.

O secretário ficou contente ao me ver. Isso lhe deu uma desculpa para escapar de duras negociações com líderes dos Sem-Terra e Sem-Teto que haviam ameaçado montar um acampamento permanente em volta da Secretaria. Eu comentei em inglês: “The roofles meet the rubles” [ Os sem-teto encontram os sem-piedade]. Acho que a tradução foi difícil.

Enquanto garçons serviam xícaras de café, o homem do Departamento de Estado estava ansioso para me mostrar o lado progressista de FHC.. Apontou para a maquete de um grande edifício que ocupava a mesa do secretário. “Acho que é o novo projeto habitacional do governo”.

O secretário sorriu. “Na verdade, é nossa nova prisão. O mais moderno projeto americano. Imagino que seja colocar os “clientes” em ALGUM LUGAR.

***

Notas da entrevista.

Por que aquele homem estava cortando árvores? Para obter lenha para cozinha. Ele não pode comprar gás engarrafado. O preço aumentou 150% em um ano.

E por que? Porque o governo FHC. Eliminou os subsídios e controles do gás engarrafado.

Por que aumentou o preço do gás do país? Para que os que podem pagar prefiram o gás encanado ao engarrafado.

Por que o governo não promoveu o gás encanado? Para tornar a privatização da companhia estatal, Comgás, mais interessante aos investidores estrangeiros.

Por que vender a Comgás? Cardoso precisava de dez bilhões de dólares por mês só para pagar os empréstimos para salvar a moeda.

Quem a comprou? A Shell Oil e a British Gás.

Quando? Em 1997, pouco depois que Tony Blair mandou seu principal assessor em visita ao presidente Cardoso.

***

“Relaxe, é carnaval” , me diz a embaixada. Lá está o presidente Cardoso num pequeno fio-dental verde, ajoelhado na frente de Bill Clinton. Ele cantando a balada de Jobim “Eu serei palhaço…”. De certa forma, os humoristas do desfile são mais verossímeis que a coisa real. Bem, chega. Tenho de vestir minhas plumas. Como diz o Departamento de Estado, “se você não consegue enriquecer, pelo menos pode ficar nu”.

Entendeu por que não se deve votar em um neoliberalista ou você gosta de grande emoções? Se você gostou do texto vai adorar o livro A Melhor democracia que o dinheiro pode comprar de Greg Palast.

Greg Palast é um dos mais importantes jornalistas investigativos Americanos, trabalha para o “The Guardian”, “The Observer”, asssim como a BBC, destaca-se entre os jornalistas, com suas obsessões pelas provas documentadas e seus minucioso métodos de pesquisa. Autor do Livro ” “A melhor democracia que o dinheiro pode comprar”

Foto surrupiada do blog do “Prof Hariovaldo

Conheça o meu universo

Hoje de manhã tive a grata satisfação de poder participar do abaixo assinado em favor do projeto de lei para reduzir a impunidade, iniciativa do pai de Gabriela. Recebi um Jornal interessante e lá tinha um link para o Bala Perdida. Quando entrei no site vi que estava de volta ao meu universo, voltei a me sentir parte do mundo que habito. A verdade estava lá nua e crua, sem demagogia e sem meias palavras.

Chega de mentiras, vamos mostrar a verdade nua e crua vamos fazer a nossa parte.

Diga não aos políticos demagogos, diga não ao Casalzinho, diga não a toda esta “cambada” que esta ai detonando o nosso dinheiro.