2015 a Internet capturada

A expectativa para a Campus Party 2015 já não era grande, aliás pouco importa agora, fazia pouco tempo que a Internet havia acabado, agora a rede é toda facetada, mil pacotes de serviços, aquele blog que eu gostava de acompanhar demora demais para carregar, e sempre aparece uma mensagem para conhecer um novo blog, que paga mais taxa de visibilidade às empresas de Telecom, as novas donas da antiga Internet. É tudo muito complicado, cada provedor de acesso oferece um pacote de serviço diferente, uns com 100 horas de Skype, outros com vídeos ilimitados, mas só no Youtube, tal como na telefonia celular no fim é tudo a mesma enrolação. A criatividade esta em baixa, cada novo protocolo precisa ser analisado pelos novos donos da Internet, tenho me sentido uma espécie de prisioneiro, as pessoas com quem me relacionava nas redes sociais estão mais distantes, nem todos assinam o mesmo plano agora.  Sinto fortemente que minha liberdade ficou no passado junto com a Internet, aquele negócio de democratização do  conhecimento e inclusão digital agora parece não fazer o menor sentido, Internet é só para quem pode pagar, agora temos a Internet do rico, bem mais cara, a “ilimitada” que é semelhante a que conhecemos hoje, os milhões de opções de pacotes e a Internet de pobre que é uma vergonha. A universalização, ou melhor o PNBL ficou restrito ao email e navegação sem figuras, qualquer outro serviço é tão lento que lembra as velhas conexões discadas de 14,4 kbps, tanto que as pessoas o tem chamado de Plano Nacional de Bandinha Lerda, alias ninguém esta dando importância para isto agora.

Marco Civil

Eu que vivia xingando o Facebook que sempre ordenava minha timeline pelo que eles julgavam mais relevante, estou pagando a língua, o sistema de curadoria das Teles que investiga toda a minha navegação, alias investiga a de todo mundo, decide com base nisto o que eles acham mais relevantes para mim, e em geral acertam, já não consigo mais resistir e furar o bloqueio, me prendi dentro de um jardim murado. A Internet esta cheia de filtros bolha, e cada um tem a sua Internet, com entretenimento sob medida, uma verdadeira droga que acaba viciando seres humanos que são preguiçosos por natureza. A inteligência coletiva foi substituída pelo sistema de curadoria que avaliam nossos relacionamentos e os interesses e provê a informação sob medida.  Hoje eles controlam nosso conteúdo, na verdade estão controlando nossos cérebros, voltamos a ser os bons e velhos hamsters na gaiola, bestas úteis ao sistema.

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Centralizaram o mundo de pontas, o valor da Internet que sempre foi nas pontas, sempre foi resultado das conexões, relacionamentos e compartilhamentos foi substituído por um modelo sedutor, hoje em dia falar em mundo de pontas ou manifesto cluetrain não faz o menor sentido, apenas enche nossos olhos de lágrimas quando lembramos do futuro que deixou de existir. As pessoas não estão mais ficando inteligentes juntas, estão ficando imbecis isoladamente, aos poucos o revolucionário sistema de comunicação e interação social que chegou ao status de ecossistema vai ficando no passado… Sinto um forte aperto no coração  de pensar que lutei anos da minha vida, que me doei literalmente para que a próxima geração tivesse um mundo melhor que o meu, e hoje sofro ao vê-los preso a um sistema ainda mais perverso que o antigo capitalismo. Pelo menos no século XX o capitalismo estava associado à democracia, era nisto que acreditávamos, hoje o vemos lado a lado com o totalitarismo, um pesadelo que juntou o pior de Admirável mundo novo com o pior de 1984.

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Já estamos ficando sem voz, com tanto controle na rede fica difícil qualquer tentativa de mobilização, mesmo que nossa articulação vença o controle de conteúdo, não temos mais uma massa crítica disposta a construir um meme…. ah… memes… que saudades de vocês, que saudades do tempo que nossos devices eram uma janela para o mundo, e que conseguíamos interagir com milhares de pessoas com facilidade. Tinhamos até blogueiros fazendo revolução, hoje em dia ninguém mais acessa seus conteúdos, o sistema de conteúdo cria mil obstáculos para isto.

Penso que ano que vem teremos Olimpíadas aqui no Rio, mas que se dane, sempre tenho a sensação de que foram os Mega Eventos que aceleraram a implantação deste sistema totálitario, o tal plano nacional de defesa cibernética transformou a nós, ativistas da rede, em criminosos da noite para o dia, na prática a visão perversa deste projeto era de calar as vozes dissonantes que impediriam o avanço dos projetos de controle da rede…

O MANIFESTO, A ÚLTIMA CHANCE…

Isto felizmente AINDA é uma história de ficção, mas se não fizermos nada IMEDIATAMENTE será nossa realidade em bem pouco tempo, veja que além do tal plano de defesa cibernética o Brasil assinou o novo tratato na UIT que vem com um padrão de inspeção profunda de pacotes junto, o Y2770.  Além disto a configuração da Câmara é das piores, o novo presidente da casa é lobista conhecido das Teles, assim como o novo lider do PMDB. O Novo presidente, que esta na Câmara desde a época da Ditadura já mandou um recado para a TV Câmara que ela terá de seguir as determinações dele. Com isto ficará ainda mais difícil aprovar o Marco Civil, que nos salvaria de parte dos terrores citados.

Para completar a tragédia, o representante do SindiTeles Brasil, que representa as maiores empresas de Telecom, já expos na Campus Party 2013 o seu modelo de “neutralidade” onde quer oferecer um leque de serviços e vender prioridade de tráfego, e também quer ter acesso aos nossos dados de navegação.

O cenário é o pior possível, se a sociedade não acordar e se mobilizar AGORA iremos certamente perder a Internet e a nossa liberdade!!

Revolução Digital Já! Todos juntos, todos por uma causa, todos os movimentos pela liberdade!

Ocupem tudo!

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Marco Civil na comissão de cultura da ALERJ

No último dia 29 de abril participei de uma audiência pública da Comissão de Cultura da ALERJ, à convite do Deputado Alessandro Molon (Presidente da Comissão de Cultura), sobre o Marco Civil da Internet. A audiência pública durou em torno de quatro horas, e este vídeo apresenta um brevíssimo resumo em pouco mais de três minutos do que foi falado, e um post no blog do deputado dá uma panorâmica mais completa:

No momento em que o Deputado Alessandro Molon me concedeu a palavra eu ainda estava terminando de “organizar as idéias” mas mesmo assim falei dos aspectos práticos, econômicos e sociais da Internet, ou seja, mais ou menos isto já incluindo alguns detalhes que esqueci de falar:

Inicialmente agradeci ao Senador Eduardo Azeredo, pois o projeto de lei 84/99 (cibercrimes – AI5 Digital) de tão nocivo à Internet fez a sociedade civil sair de sua zona de conforto e mobilizar-se para combate-lo. Com isto uma nova e interativa relação do legislativo com a sociedade foi estabelecida, levando ao Marco Civil da Internet, como uma forma de proteger a neutralidade e liberdade da rede.  O Marco Civil vem sendo visto como um modelo de hiperdemocracia, chamando a atenção do mundo inteiro por seu caráter progressista e inovador.

Aqueles que querem controlar a Internet, o tentam através de falácias para justificar projetos como o AI5 digital, a convenção de Budapeste e o ACTA, na verdade propalam que a Internet é uma rede sem controle, sem leis. Eles eu identifico como o tripé do atraso composto pelos neoludistas, a mídia e a indústria do copyright, deixando clara as reais intenções do controle.  Em seu livro Protocol, o professor da Universidade de Nova Iorque Alexander R. Galloway, prova que a Internet é uma rede de controle, que todos deixam rastros claros de suas atividades na rede, ou seja não é necessário criar mais uma camada de controle.

A Internet é sem dúvida um grande agente transformador, estamos frente à revolução informacional, um novo capitulo após a revolução industrial, mas que esta sendo escrito de forma diferente. A Internet com sua comunicação em rede e suas relações horizontais confronta com o velho modelo Fordista de uma relação vertical e comunicação centralizada. Diferente da revolução industrial onde poucos produzem e muitos consomem, na revolução informacional praticamente todos produzem e consomem ao mesmo tempo, são os chamados prosumers. A figura do intermediário vem perdendo espaço, e a abundância vem sufocando a cultura da escassez. A Internet vem permeando cada vez mais o tecido social, estamos partindo para a Internet das coisas, onde a ubiquidade dos dispositivos já a torna invisível, e nos torna cada vez mais conectados.

Apesar de todos os ataques do tripé do atraso, a Internet nada mais é do que uma apropriação da sociedade de uma nova tecnologia, deixando de ser uma rede de computadores para ser uma rede de pessoas, e por isto herda defeitos e qualidades destas. Explicável pela teoria da cauda longa, velhos valores vem sendo resgatados tais como a solidariedade, a colaboratividade, generosidade, debate, inclusão e participação. Só para citar algum destes exemplos posso falar do Projeto Enchentes, Veia Social e Eleitor 2010, mas existem muitos outros.

Bill Gates atribui seu sucesso à plataforma livre do IBM PC, a IBM por não acreditar no PC, não patenteou sua tecnologia, deixando um modelo aberto que pavimentou a história de sucesso da Microsoft. A Internet também é uma plataforma livre, e desde que se tornou comercial vem sendo apropriada e utilizada de diversas formas pelas pessoas, que estão produzindo numa velocidade nunca antes vista uma profunda mudança não só social, mas também econômica e cultural. Ninguém ainda sabe ao certo onde esta mudança nos levará, mas para Douglas Rushkoff professor da Universidade de Princeton e autor do Livro Life Inc, o dinheiro é o sistema operacional do capitalismo, e esta prestes a ser trocado graças a um mundo “internetizado”.  O Brasileiro é um povo extremamente criativo e empreendedor, exemplos como o Videolog para comparilhamento de videos que foi criado muito antes do Youtube, Camiseteria com seu modelo de negócios participativo, e o Boo-box que apresenta um modelo totalmente inovador de negócios com braços no exterior, são apenas alguns exemplos do potencial Brasileiro. Então fecho minha participação com uma afirmativa: Se alguem tem de descobrir o novo modelo de negócios da revolução informacional, que este alguem seja Brasileiro, e para isto temos de fazer de tudo para manter a internet o mais livre e neutra possível.

Notas: Foto montagem retirada do blog do Deputado Molon

Update 21/05/10 – Inclusão do video de minha participação

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A Campus Party que todo mundo vê, mas poucos enxergam

Decidi fazer este post como um exercício, venho enfrentando um momento estranho, parece que perdi momentâneamente minha habilidade com a escrita, talvez seja porque tenho convivido com dinossauros mais do que o tolerável, tenho participado de reuniões onde as pessoas possuem pastas com email impresso!

Para tentar resgatar o meu verdadeiro eu, decidi me internar na Campus Party 2010. Fui convidado para uma palestra no Campus Forum na terça (26/01) e aproveitei para ficar até sábado (30/01), foi ótimo, revi gente conectada, gente do meu mundo e pude voltar a sentir o sabor da evolução, o frescor da brisa tecnológica e o calor humano de uma rede de pessoas. Foram momentos de extremo prazer, conversas produtivas, palestras, planos e celebrações, tudo girando em torno de um só tema, a sociedade conectada e o futuro do Brasil.

O que todo mundo vê e poucos enxergam?

Esta foi a terceira edição da Campus Party, e cada edição possui características marcantes, esta por exemplo estava muito focada em cibercultura e aspectos legais e operacionais da Internet. Mas um pequeno detalhes estava o tempo todo pulando na cara de todo mundo, seja nos slogans, nas falas, no material, nos banners e no site oficial: A Internet é uma rede de pessoas.


Bom se esta frase não tem nenhum significado a mais para você, é porque você é um dos que viu e não enxergou, mas não se preocupe, muitos não enxergaram. O fato de afirmar que a Internet é uma rede de pessoas contraria o mantra midiatico de que a Internet é uma rede de computadores, a Internet já deixou de ser uma rede de computadores há quase 10 anos.

A afirmativa de que a Internet é uma rede de pessoas subverte o conceito anterior de que a internet é uma rede de computadores, assim como hoje estamos na era da participação que subverteu o conceito da era da informação, mas curiosamente ambos os conceitos ultrapassados são ainda utilizados pela nossa jurássica mídia.

Em outras palavras, a questão tecnológica da Internet já se naturalizou, de forma que é naturalmente ignorada pelo o usuário de tal forma que este já enxerga diretamente a parte social da rede. Nem mesmo a velha frase que diz que a Internet é uma rede de pessoas mediada por computador é mais uma afirmativa indiscutível, com o crescimento da ubiquidade do acesso fica difícil definir o que é de fato computador, um celular é um computador? Neste caso a rede poderia ser definida como uma rede de pessoas mediada por dispositivos conectáveis, mesmo assim esta afirmativa, apesar de correta, coloca uma barreira no seu entendimento, em um momento que a invisibilidade da tecnologia se faz necessária para dar valor ao aspecto humano da rede.

Há dois anos fiz uma análise da pirâmide da pirâmide de Maslow aplicada as mídias sociais, que orgulhosamente apelido de pirâmide de Caribé ou hierarquia das necessidades em mídias sociais. Nesta analise eu estabeleço que os dois primeiros degraus da pirâmide são o conhecimento tecnológico e o acesso, mas se olharmos pela ótica que venho tecendo acima, podemos dizer que na verdade a pirâmide esta se transformando em um losango, uma vez que estes dois primeiros degraus estão ficando cada dia mais invisíveis, o que de certa forma acelera a tão desejada “alfabetização digital”.

Não tirando a questão tecnológica da Campus Party, afinal é sim de certa forma a tecnologia em seus diferentes niveis de visibilidade que as pessoas buscam encontrar no evento, mas principalmente as pessoas buscam encontrar pessoas, a Campus Party é na verdade uma grande rede social ao vivo de pessoas conectadas, uma tangibilização da cauda longa, um encontro de muitas tribos que habitam o ciberespaço e este planeta chamado terra, pense nisto.

A miopia universitária

Pouco antes da Campus Party, conversando com um amigo, o Ronald Stresser, ele comentou que estava pensando em fazer um curso mais específico de mídias sociais, e respondi quase de imediato que a Campus Party era o melhor curso de mídias sociais que ele poderia fazer, foi uma resposta daquelas “bate pronto” e depois comecei a pensar no que falei e vi que havia acertado na mosca.

Na Campus Party vivencia-se a cultura digital o tempo todo, é um paraiso para etnografos, profissionais e pesquisadores de comunicação e alias qualquer área profissional que de alguma forma envolva a Internet. Neste ano tivemos dezenas de palestras, com temas diversos e riquissimos, encontro dos cerebros da cibercultura brasileira, dos ativistas, legisladores e parlamentares da liberdade na rede, visita de presidenciaveis, debates de software livre, jogos, midias sociais, musica, video, multimidia, robotica, casemod e um monte de outras coisas. Na Campus Party você faz parte do contexto e não apenas lê sobre ele, o aspecto informal do evento reflete a informalidade e a liberdade da rede, onde você vai alem do livro, pode interagir com os autores, e isto não tem preço.

Mas onde estão as caravanas organizadas pelas universidades? Imagine o valor para uma faculdade de Direito em participar dos debates a cerca do Marco Civil, assistir à uma palestra do Lessig e de quebra ainda conversar com varios juristas, parlamentares, e representantes da sociedade civil que se fizeram presentes? Imagine o valor para uma faculdade de Comunicação participar de debates sobre cibercultura com os maiores estudiosos da área no Brasil? Ou quem sabe as faculdades de Pedagogia participarem da discussão a cerca do novo modelo de Universidade levantado pela pesquisadora Ivana Bentes?

Poderia enumerar dezenas de outros casos, eu nem falei da área técnica, mas foi de propósito, mas pergunto: Afinal porque as universidades ainda sofrem do mal de Sísifo, e continuam seguindo o mesmo caminho secular ao invés de apresentar novas propostas e desafios?

VII Gamacom

Há oito aos que a Universidade Gama Filho não realizava o GAMACOM, o tradicional encontro de Comunicação Social da instituição. Tive a honra de ser convidado para participar de um dos painéis do encerramento que tratava do tema “Convergência e Interatividade“. O painel foi mediado pelo profesor Christiano Henrique dos Santos, sub coordenador do curso no Campus Downtown. Junto comigo na mesa estavam Laís Pimentel (Gerente de Conteúdo do Portal G1) e Aydano André Motta (Jornalista e Redator Especializado da Coluna do Ancelmo Gois).

Laís Pimentel foi a primeira a falar e relatou sua experiência no RJ TV, no portal G1 e na BBC em Londres. Laís com sua eloquência e simpatia falou com bom humor da sua experiência em trabalhar na BBC, e os incríveis protocolos a serem seguidos quanto o assunto é a Realeza Britânica. Segundo Laís, as rádios Inglesas, além da ótima qualidade são bem diversificadas, atendendo a nichos bem específicos. Será o cauda longa das radios ? (grifo meu).

Da sua experiência no G1, que foi criado para “furar” a Globo News, Lais chamou a atenção para a velocidade com que a matéria precisa ser públicada no portal. Muito menos burocratizado e com uma logistica muito mais enxuta que os outros meios, como rádio, Jornal ou TV, os portais medem seu desempenho em minutos. Estar cinco minutos à frente do concorrente faz uma enorme diferença em tempos onde a instantaneidade é uma característica dos veículos de comunicação. Uma outra grande preocupação levantada pela Lais e endosada pelo Aydano foi a checagem da notícia, que acaba tornando-se um grande “calcanhar de aquiles” nesta velocidade. Por fim Laís citou ainda o exemplo do vídeo produzido por celular que já é utilizado pela BBC, bem como o uso da convergência para o envio de fotos, textos e filmagens pela Internet dando mais velocidade à sua publicação.

Aydano Motta falou de sua experiência com o Ancelmo Gois, no Ancelmo.com e sua experiência como jornalista. Segundo Aydano, apesar do discurso apocaliptico de alguns jornais como o The New York Times, o jornal não vai acabar, continuarão a existir. Por outro lado ele ressaltou que os jornalistas é quem precisam se adaptar ao novo meio.

Aydano também levantou a questão da confiabilidade e velocidade da informação. Segundo Aydano, publicar para a Internet é uma tarefa muito mais rápida e simples, basicamente basta um smartphone ou um notebook para isto. Para Aydano, O “clima” da redação é muito mais quente e em geral pelo menos dois profissionais comentam uma matéria antes dela ir para o Jornal, já na Internet esta tarefa é mais solitária, o reporter tem grande autonomia para publicar, e basicamente não precisa submeter sua matéria à criticas, culpa da instantaneidade.

A Internet Brasileira é essencialmente Paulista, ressaltou, assim como o a mundial é Americana. Curiosamente eu ja havia ouvido esta constatação nos meus tempos de Evangelista da Macromedia.

Um case curioso de tendência participativa foi quando ele citou o Blog Reporter do Crime, onde Jorge Barros mapeou a violência e abriu a participação aos leitores que enviaram milhares de e-mails com relatos de crimes e sua localização. O Trabalho ficou tão bom que foi utilizado pela secretaria de segurança do Rio de Janeiro. É o crowdsourcing em prol da cidadânia (grifo meu). Aproveitando a “deixa” Aydano citou ainda um belo exemplo de Jornalismo colaborativo, o OhMy News.

Fiz uma apresentação inicial, falei dos tempos de Macromedia, e tentei resumir em 10 minutos um histórico da Internet no Brasil que gastei uma hora e meia na última vez que falei dele. Fiz um breve histórico evolutivo, falei rapidamente dos primórdios e em seguida do modelo de negócios do Flash Brasil que tornou-se referência da Macromedia, e me levou a dar uma palestra em 2001 em New York para 100 lideres de comunidades virtuais de diversas partes do mundo. Neste mesmo evento assisti à palestras do SteveKrug, outra de Hillman Curtis e diversas outras me levando a constatação de que a Internet deste ponto em diante iria tomar outra dinâmica, afinal estava assistindo ao marco da mudança da Internet “Egocentrada” para o foco no usuário, e que anos depois levou ao que hoje conhecemos por web 2.0, a internet produzida pelo usuário.

Com o tempo ficando curto, passei logo para as novidades, falei um pouco de inteligência coletiva, crowdsourcing, e das comunidades do Orkut com vida inteligente, dentre elas a Cibercultura, Publicidade e Propaganda e Marketing no Brasil. Falei do TechCrunch 40, onde foram apresentados alguns serviços inovadores como o Viewdle que faz reconhecimento facial e esta em testes pela Reuters, do Teach the People que é um site de e-learning colaborativo, do Kaltura que permite a produção crowdsourcing de videos e do Ponoko que permite que os usuários produzam móveis e utensílios e os venda na Internet.

Com o tempo curto, não tive tempo de explicar o que tanta tecnologia tem em relação ao marketing. Agências Digitais devem estar antenadas a todas as tendências tecnológicas e sociais das midias interativas, pois em linhas gerais o marketing digital não segue à regras e metodologia pré-estabelecidas, o sucesso de uma ação digital depende muito do conhecimento e feeling. As oportunidades de ações interessantes e de sucesso dependem de uma equipe antenada, ligada tambem nos últimos hypes, no que já virou meme e enxergar uma forma de disseminar a mensagem sem interferir no equilibrio do ciberespaço e com grande chance de propagar-se.

Após minha apresentação um grupo me interpelou, e uma menina, cujo nome não lembro, me perguntou exatamente porque o boom da internet se deu em 2000/2001 coincidindo com o que falei sobre a acessibilidade e usabilidade como percursor da web 2.0. Na hora respondi basicamente que além da constatação do usuário, a Internet começou a ser anunciada com mais frequencia a TV. Me enganei viu! Na verdade os anuncios de serviços de Internet na TV comecaram em 1999. Em 2000 tivemos a febre do acesso grátis e nos dois anos seguinte a consolidação dos blogs. Em 2004 o início do Orkut. Estes eventos sim, podem ser considerados como responsáveis pelo boom da internet. Esta tudo nos slides que usei na minha palestra “A Dinastia do Flash no Brasil“.