Nota de falecimento

Acaba de falecer o CAPITALISMO!

Rituais de magia branca de olhos azuis e amarela de olhos puxados ainda tentarão dar sobrevida ao defunto inutilmente. Seus comparsas, a mídia golpista (PIG) tentarão ocultar o cadáver, mas a sociedade conectada, o quinto poder, irão mostrar a todos onde esta o corpo fétido. O establishment irá negar enfáticamente sua culpa no assassinato:

– Foram os emergentes!

– Foram os emergentes!

Eles dirão na mais manjada estratégia Maquiavélica, afinal o Inferno são os outros ja dizia Sartre.

Seus orfãos, os Bancos e Mega Corporações irão tentar, através do legado da privataria promovida pelo neoliberalismo, instalar o “neocolonialismo“, tentando extrair vorazmente da turma de baixo suas riquezas. Entretanto o povo de baixo já não é mais tão subserviente ao império, e a queda 2.0 da nobreza colocará o mundo de cabeça para baixo.

O capitalismo cognitivo, onde as pessoas são o centro e não o dinheiro, vazara de baixo para cima, trocando o “sistema operacional” da sociedade como prefetizou Rushkoff, e veremos uma profunda e gratificante mudança na sociedade, onde o pensar e agir coletivo é a normalidade como bem diz Shirky.


A nota acima foi inspirada pelo infográfico da divida americana, que mostra a divida total de 114,5 trilhões de dolares. Segundo o infográfico, um cidadão médio levaria 92 anos para acumular U$ 1 milhão, logo seriam necessário que 114.500.000 de americanos trabalhem 92 anos para pagar a dívida. Como a estimativa de vida do Americano esta em 78 anos, uma regra de três simples nos leva ao número de 135.051.282 cidadãos, o que equivale a quase 44% da população daquele país. Some-se a isto a crise que assola a Europa, onde a dívida impagável da Grécia é apenas a ponta do Iceberg e veremos um quadro dantesco.

Thomas Greco em seu livro “The End of Money and the Future of Civilization” ja preconizava isto, afinal o capitalismo vive de endividamento, somos todos endividados e não prosperos como nos fazem crer. Estamos sempre trocando de dívidas, e isto leva a um ponto onde o endividamento se torna uma escala logarítmica, que tende ao infinito, promovendo uma verdadeiro “stall”.

Então prepare-se vamos entrar em uma grande turbulência, a aeronave vai cair, mas muitos sobreviverão…

Nota: Depois de publicar este texto aos sete ventos sem me certificar do valor da dívida americana, fui informado que ela é de U$ 15 trilhões e fui averiguar e vi que na verdade 114,5 trilhões de dolares é o valor emprestado a descoberto pelos bancos americanos, o que na prática acaba dando no mesmo. A figura acima mostra dois “edificios ao lado da estatua da liberdade, o menor é equivalente à pilha de cédulas de U$ 100,00 da dívida americana e o maior que o World Trade Center é o total do empréstimo à descoberto dos bancos americanos.

Guerra ao crime na sociedade do espetáculo

Eu como todo Carioca sou vitima do crime, somos todos prisioneiros numa das mais lindas cidades do Mundo e paradoxalmente uma das mais violentas. Esta violência tem altos e baixos, e por muito anos ela ficou restrita às áreas mais pobres da cidade, mas as áreas pobres não ficaram restritas à periferia da cidade, hoje o Rio de Janeiro tem mais de 1000 favelas, e basicamente não se anda por mais de vinte minutos na cidade sem avistar uma, a não ser que você vá de metrô, ou esteja atravessando a ponte Rio Niterói.

Seguindo esta linha de raciocínio é fácil culpar as favelas por tudo isto, o inferno sempre são os outros já dizia Sartre, Maquiavel no seu estudo “O Principe” também ressalta que é sempre bom termos a mão alguem para colocar a culpa, e desviar a atenção de nos mesmos.  Na linha de Sartre pensa a sociedade hermética, aquela que vive no mundo fantástico da “umbigolândia”, a mesma que no caso recente da guerra ao crime no complexo do Alemão torceu por uma chacina, para muitos seria mais fácil bombardear logo a favela do que perder tempo tentando prender bandido.

Este raciocínio imediatista e raso esta repleto de emoção ou de ignorância, existe dentro de nós uma forte tendência ao revanchismo e à prática da Lei de Talião do Código de Hamurabi: Olho por olho, dente por dente. A emoção subjuga a razão, e uma verdadeira caça às bruxas ganha corpo. Com picos de racionalidade muitos começam a desconstruir o mecanismo da violência e vão encontrando “culpados” por todos os lados, como se neste caso houvesse apenas um culpado. Depois de atacarem os traficantes varejistas e os pobres começam a atacar os consumidores das drogas, estão percorrendo o caminho da descontrução da violência.

Pobre sociedade hermética, perdida dentro de seu limitado espaço ideológico aguardando o parecer do próximo comentarista e especialista na TV para fazer um “upgrade” na sua subjetividade e então repetirem os mantras da irracionalidade. Seria cretino de minha parte não reconhecer que a sociedade hermética esta dentro do seu processo cognitivo, mas que este está severamente contaminado com preconceitos, egoísmo e muita, mas muita ignorância.

Esta é a sociedade que representa o público médio das TVs, uma média entre a completa estupidez e nivel médio escolar, nada além disto, um grupo social que não conseguem imaginar sistemas mais complexos do que o maniqueismo, a luta do bem contra o mau, do pobre contra o rico, dentro de uma diversidade que não supera um par. É a sociedade do espetáculo, de que a vida é um consumo, um espetáculo, a sociedade dos zoológicos humanos nas TVs, da espetacularização da desgraça alheia, da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

É uma sociedade vazia e que no seu espaço ideológico clama por maniqueismo, aqueles que amam ver a luta do bem contra o mau, e acreditam que o bem é bem porque é bem e o mau porque é mau, desconhecem a complexidade dos fatores que construíram estes atores na sociedade.

É uma sociedade dita civilizada, trabalham, consomem, trabalham, consomem, num ciclo interminável e cada vez mais insano. Não perdem tempo com a aquisição de novos conhecimentos fora do seu escopo profissional e muito menos com relações pessoais fora de seu ciclo de networking. Trabalham não esta vendo? Estão construindo o País! Estão girando a roda da economia como hamsters na gaiola, estão cada vez mais egoístas, o consumo os torna assim, nada que não estiver dentro do seu espaço sócio ideológico tem importância, principalmente aqueles chatos e teóricos fracassados que pregam um novo paradigma ideológico. Idolatram grandes empreendedores e ignoram grandes pensadores, sonham com um futuro farto, onde poderão adquirir todos os seus mimos, e pouca importância dão a construção do seu eu, afinal o importante é ter, ou melhor parecer, ser é apenas um detalhe sem valor.

Em linhas gerais nossa sociedade esta em um acelerado processo de imbecilização, quanto menos pensarem e mais consumirem e se consumirem, melhor para os grandes empreendedores que sabem que estes imbecis nunca chegarão além do fantasioso mundo do ter, mesmo sonhando em ganhar na loteria e por epifania atingir a tão almejada posição, quem sabe não participar do próximo reality show? São escravos dentro do próprio sistema que ajudam a construir e correm atrás de um futuro artificial e egoista como o jumento corre atrás da cenoura presa à sua cabeça.

Não é surpreendente agora entender porque queriam ver um espetáculo na TV, o Tropa de Elite 3 como muitos falaram. Lutas armadas com grandes baixas nos caras maus, mesmo que alguns inocentes fossem mortos, afinal eram pobres e não fariam muita falta à roda da economia, assim devem pensar eles… Sorte que emergiu a Voz da Comunidade, mostrando à esta gente que na favela tem gente de valor, chegaram como uma semente de esperança e foram logo acolhidos pela grande mídia, se tornaram parte do espetáculo, uma parte boa, que trouxe um sopro de esperança.

Membros da sociedade hermética são incapazes de entender uma diversidade maior do que dois e jamais entenderiam a complexa ação que deve ser desenrolada para realmente resolver o problema do crime organizado, uma ação com diversas forças em diversas camadas que devem ser coordenadas para um sucesso provável. Não são apenas as forças que relacionam fornecedores e consumidores, mas também as que facilitam ambos, as que constroem os atores do bem e do mau, os beneficiados em todos os níveis, é um trabalho intenso, mas que não dará muito espetáculo, e principalmente porque poderá mexer no “establishment” de poderes e poderosos que poderão sair prejudicados. Por estas e por outras, optam pelo espetáculo, pela imbecilização da sociedade, para que esta não venham clamar por uma solução efetiva para o crime organizado, que vá além da militarização das favelas pelas chamadas UPPs.

Desculpe, mas eu te enganei este tempo todo…

Quem não perde o chão com uma confissão destas? Dá logo um frio na barriga, a testa começa a transpirar, as mãos ficam geladas, a respiração forte e o coração parece querer sair pela boca. A expressão de incredulidade se mistura com a do ódio, o chão desaparece e você sai juntando os cacos, porque suas convicções acabaram de se despedaçar.

Se você passa dos trinta, só usa a Internet para funções básicas e costuma pautar suas opiniões pela mídia recomendo que pare de ler este post agora ou prepare seu coração para a revelação que vem a seguir.

Antes do advento da Internet quase todas as informações nos chegavam pela mídia, rádio, TV, jornais e revistas, e alguma informação exclusiva do papo de bar ou de algum amigo bem informado. Não existia comunicação em rede, a maioria das informações nos chegavam via veículos de massa. Nossas escolhas se davam entre poucos veículos, e a diversidade era praticamente nenhuma. Em linha gerais elegíamos nossos veículos de confiança e pronto, não existia como confronta-los para saber se determinada informação era plausível e correta ou não, tinhamos de confiar, éramos da geração cultura da confiança.

Para esta geração os assuntos giram em torno dos fatos apresentados pelos veículos da grande mídia, as opiniões sempre dadas por especialistas no tema, e raramente se questionava o grau de conhecimento dos especialistas e a imparcialidade do veículo, a geração da confiança acredita nos seus e pronto. Bastavam que dois veículos de confiança apresentassem a mesma posição à cerca de um tema e pronto, era a verdade absoluta!

Mas o quanto se pode confiar neles de fato? Para isto temos de voltar para o início da década de 60, quando houve o Golpe de 64. Muitos veículos foram úteis para criar um clima favorável ao Golpe, seja por inocência ou por interesse, e muitos veículos e grupos de comunicação cresceram exponencialmente durante a ditadura.

Dentro das estratégias dos golpistas, havia uma necessidade de levar rápida e eficientemente informação e entretenimento à maior parte da população, foi nesta época que foram instaladas o maior número de repetidoras de TV, e enquanto a venda dos aparelhos de TV disparavam o preço do aparelho despencava, a razão manifesta era para a nação torcer na copa da 70. Todos juntos vamos pra frente Brasil…. Brasil Ame-o ou deixe-o… Uma festa! mas a motivação latente, aquela que não se percebe de primeira, era manter o povo entretido e (de)informado enquanto as coisas aconteciam no alto comando lá no Planalto Central, e ninguém ouvisse os gritos vindo dos porões da ditadura ou questionasse suas motivações, tudo não passava de um maniqueismo fantasioso bem planejado para a implantação da Ditadura.

A estética sempre foi um fator aliado à confiança, veja por exemplo o Manifesto porta na cara, quanto melhor a estética maior a confiança, dai a necessidade de estabelecer um padrão de qualidade como nos mostra o documentário Muito Além do Cidadão Kane, a manutenção de um padrão de qualidade esta intimamente relacionado à seriedade e confiabilidade. Não vá me dizer que aquela revista semanal em papel couchê com fotos bem feitas, diagramação impecável e infográficos lindos não parece mais confiável que outra publicação feita em papel reciclado e com tinta a base de soja, e é justamente o contrário! Eu não quero dizer que não se tenha de investir na estética, mas é justamente neste caminho que os veículos se distanciam e o problema não é necessariamente a estética e sim a percepção, a relação latente que se tem com ela, e é ai que o Brasileiro entra bem. Esta relação com a estética, entretenimento e informação atuam na nossa subjetividade, é quase um canal subliminar para manipular-nos.

Estas estratégias aliadas a tantas outras que foram apontadas pelos grandes filósofos da comunicação transformaram a comunicação e uma arma, junte isto à cultura de consumo de Victor Lebow e presto! Conseguimos tudo, o povo vai estar bem ocupado neste ciclo vazio e irracional e nos do poder podemos nos manter seguros onde estamos.  Se estes detentores do quarto poder tivessem um ataque de sinceridade eles falariam para você: Desculpe, mas eu te enganei este tempo todo…

Sinto muito meu amigo, você chamava seu filho, sobrinho ou seja lá quem for de alienado só porque ele ou ela passavam muito tempo frente ao computador, agora vai ter de admitir que alienado era você, afinal acima de tudo também não via nada de errado em passar muito tempo em frente a TV ou lendo jornais coloridos e revistas em papel couchê não é?

Uma nova sociedade esta surgindo com o advento da Internet, esta maldita Internet segundo o tripé do atraso, esta sociedade conectada não assiste muito TV, não gosta nem de jornais e nem de revistas, mas nem por isto é desinformada, é alias muito mais bem informada que você. Eles nasceram e cresceram no meio de uma tsunami de informação, dentro de uma cultura da abundância e entendem o ciberespaço como uma extensão de sua memória. Esta nova geração lê muito, aprende muito, debate muito, mas tudo na tela, no metaverso, no reverso da lógica e na contramão do passado. Não confiam em nada e nem ninguém, suas relações se dão por muitos laços fracos, suas convicções por muita desconfiança e suas amizades por afinidade ideológica. Como bom espécime da pós modernidade este novo individuo se permite mudar de opinião quantas vezes julgar necessário. A construção de seu conhecimento e sua subjetividade se dá através da comparação, faz uso da inteligência coletiva como se fosse sua, e no fim chegam a uma conclusão que pode mudar mais adiante sem culpas nem ressentimento, eles são a geração da cultura da desconfiança.

Por fim, a mídia como conhecemos precisa se reciclar, ela sempre focou na mensagem média para o usuário médio padronizado, mas em tempos de cauda longa o que mais temos é a diversidade, clusters e mais clusters com participantes tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais e igualmente voláteis e nem tão volúveis como se imagina. Se a mídia não se reciclar ela se tornará obsoleta quando a geração da cultura da confiança for maioria, daqui pouco menos de duas décadas…

Recomendo a leitura do meu artigo: A matriz de forças da sustentabilidade na página 37 da edição 17 da Espirito Livre.