Os neoludistas estão lutando pela manutenção dos valores “analógicos”, a industria do copyright briga para ampliar seu poder e a midia tenta a todo custo prorrogar a sua morte já anunciada. Este três grupos atacam compulsivamente seu maior inimigo, que é ao mesmo tempo a maior invenção de todos os tempos: a Internet. Tudo por causa de uma ambição miope que se resume em manter-se na “zona de conforto”.
Os neoludistas não significam uma organização estruturada para manter os “velhos valores” em detrimento da tecnologia, é na verdade um conjunto não organizado de pessoas (políticos, juristas, empresários e até mesmo cidadãos comuns) que possuem um alinhamento ideológico neoludista, e que exercem sua influência e são influenciados com base na ignorância tecnológica intencional ou não. A indústria do copyright vem compulsivamente atirando no próprio pé desde o momento da popularização da Internet, transformando seus consumidores em vitimas do próprio consumo. Na tentativa de manter seu super ultra lucrativo modelo de negócios, a indústria do copyright procura posicionar-se acima de qualquer mortal estendendo seus tentáculos além dos direitos fundamentais e civis. Enquanto morre de dentro para fora, a midia vem tentando sobreviver num momento em que o jornalismo atinge sua melhor fase, é a implosão anunciada. Esta para se manter viva alinha-se com a indústria do copyright , fornecendo munição para os neoludistas atacarem os conectados que já são maioria no Brasil (já que em 2009 eram 45%), isto num ciclo interminável a ponto de não se conseguir saber mais onde tudo começou ou até mesmo quem influencia quem.
Os neoludistas, a indústria do copyright e a mídia formam o tripé do atraso, uma estrutura poderosa que sustenta o atraso que assola principalmente o terceiro mundo.
Pela ótica dos conectados é como se o tripé do atraso fosse o nobre decadente, que ainda se sente provido de poder e credibilidade com base em velhos dogmas e valores que aos poucos vão sendo suplantados, o resultado disto é uma exposição caricata de um ícone do passado. O tripé do atraso recusa-se a adaptar-se aos novos valores, acredita ainda ter poder para muda-los ou ignorá-los, propala um discurso patético que começa a fazer sentido somente para mentes conservadoras do próprio tripé, encerrando o discurso dentro do espaço do emissor retro alimentando-o. O tripé do atraso ainda enxerga as estruturas verticalmente, acredita que eles é quem produzem cultura, e não o povo. Não fazem a menor idéia do que seja a inteligência coletiva, que vem constantemente desmascarando as tentativas manipulatórias da mídia. Ainda pensam que existe alguém por trás disto, e não uma multidão como de fato é. O tripé do atraso ainda enxerga as velhas formas de comunicação, um emissor e muitos receptores, ignoram a comunicação em rede, obviamente porque não enxergam estruturas verticais e ainda buscam lideranças em tudo que combatem.
Na prática não podemos subestimar o tripé do atraso, eles são poderosos e não estão tão por fora da cultura digital como imaginamos, a Convenção de Budapeste, o AI5 digital e o ACTA [1],[2],[3] e [4] são indícios de que eles estão sendo assessorados por quem sabe. Em linhas gerais querem criminalizar a Internet como conhecemos, transformando-nos em criminosos do dia para a noite. Legislações deste tipo darão um tremendo aborrecimento e trarão um terrível atraso e um nível insuportável de controle.
O Ciberativismo da sociedade conectada no Brasil conseguiu paralisar a tramitação do AI5 digital, o Itamarati já se posicionou que não assina convenções de que não participa de sua elaboração, apesar disto, a Argentina assinou a convenção de Budapeste, mas ainda falta a decisão tramitar no congresso de lá, torceremos para que os ciberativistas Argentinos saibam se mobilizar para bloquear isto.
O caráter secreto do ACTA, assim como foi com o AI5 digital no inicio, é um dos fatores mais preocupantes. Pelo que foi divulgado e vazado anteriormente, o ACTA pretende justamente mudar os valores citados acima para alegria dos neoludistas, fazendo voltar tudo como era antes, a figura do intermediário, o controle da produção e a volta da economia da escassez, uma vez que as maliciosas cláusulas do ACTA irão literalmente acabar com o remix, com a criação, e principalmente com a liberdade na rede, senão com a própria rede.
Somos uma das nações mais promissoras em termos de cultura digital, temos um povo criativo, e livres seremos imbativeis, imagina unidos com nossos irmãos latinos, alias já deveríamos ter feito esta união há muito tempo. Temos três trunfos em andamento que temos de participar, pois o Marco Civil servirá de barreira contra o ACTA (temos de corrigir o que precisa ser corrigido), juntamente com a Reforma da Lei de Direito Autoral, e por fim o Plano nacional de Banda larga irá proporcionar uma intensa aceleração da inclusão e alfabetização digital, facilitando ainda mais nossa resistência.
Formar uma rede popular de resistência ao ACTA esta sendo um grande desafio, esta rede terá de ser muito grande e terá de atravessar fronteiras, acredito que a partir deste momento esta sendo formada a rede mundial de ciberativismo contra o ACTA, vamos mostrar mais uma vez que a globalização social foi muito mais efetiva do que a globalização econômica, e que precisamos cada vez menos de intermediários. Você pode não estar percebendo ainda, mas estamos caminhando pelo tabuleiro, onde a jogada final irá colocar em xeque o modelo econômico atual, os sinais já estão por ai, o momento agora é de leitura e debate, vamos entender o que é o ACTA, e agir com Sun Tzu fala em seu livro a arte da guerra: Se você conhecer a si mesmo e a seu inimigo nunca perderá a guerra. A corrida já começou, é a corrida do conhecimento, esta esperando o que?
Este post é uma resposta tardia à convocação para a blogagem coletiva contra o ACTA.
Créditos das fotos