Vivendo uma velha paixão, reflexões de um quarentão

Confesso que ando sem tempo de escrever por aqui, absorver tudo que acontece por ai para uma mente esponja é o caos. Quando penso em escrever, logo aparece algo mais interessante para falar e assim vai num ciclo alucinante. Já coleciono mais de 20 posts incompletos nos meus rascunhos. Ou eu crio um “digg” ou começo a escrever. Como a minha proposta deste blog foi de ter textos originais, baseados ou não em outros blogs, mas mesmo assim originais então um “digg” esta fora de questão. Logo vou voltar a escrever por aqui, eu gosto muito mesmo. Vamos ver se consigo ao menos um post por semana.

Ando sem tempo, minha vida passa por uma transição, alias, nunca li Ricardo Semler, mas já virei minha própria mesa diversas vezes, sou o tipo do cara que tem prazer em fazer isto, minha vida é uma eterna transição, muito mais que uma evolução.

Aos meus 40 anos me permiti resgatar uma velha paixão, da época do DJ, ou melhor, Discotecário: A comunicação no seu mais amplo significado, como Discotecário aprendi a mexer com a emoção das pessoas, na verdade interagir com a emoção delas, no mais clássico estimulo x resposta. Minha forma de comunicação era a música, minha resposta a dança. Como pude não perceber isto antes? Comunicação sempre foi a minha praia, foi meu primeiro vestibular, e eu passei! Passei para a Gama Filho, mas mudei o curso para Engenharia por pura sedução. Cometemos todos os mesmos erros, esta na cabeça do jovem, o hedonismo não é uma característica atual, é uma característica do jovem. A expectativa de um bom salário em curto prazo me seduziu, seduziria qualquer um na minha idade, é como um relacionamento com uma gostosa burra, no inicio é uma maravilha, mas depois é um saco conviver com uma pessoa que não consegue compartilhar nada alem de sexo. O mesmo se dá com um trabalho que não te proporciona nada além de dinheiro. Criativo como sempre fui, consegui conviver 14 anos com isto, sempre inventava um jeito de encontrar o lado bom das coisas, acabei me tornando mais otimista do que antes, e desenvolvi um excelente faro por oportunidades que surgem de ameaças. Fiquei destemido.

Há 12 anos, quando meu filho nasceu, dei meu primeiro passo. Joguei tudo para o alto e fui me envolver com a Internet que chegava ao Brasil. Criei o Flash Brasil, voltei a me relacionar com as massas, passei a dar aula, treinei milhares de profissionais de web. Foi bom, mas passou. Neste período, meu relacionamento com a equipe de Marketing da Macromedia, diga-se de passagem, excelente equipe, me resgatou aquela velha emoção, lembranças daquela paixão que deixei no altar do vestibular agora atordoavam minha mente, já pensava em mais uma virada de mesa, alias nem precisava ser tão radical, pois vivenciei plenamente todo o desenrolar o que chamamos de marketing digital, alias vivenciei intensamente toda história da Internet no Brasil, fui parte dela, fiz a diferença.

Aos 40 não me tornei um “tio” rebelde, não comprei uma super moto, não passei a “perturbar” as ninfetas, fiz melhor, voltei para a faculdade!

Decidi deixar de lado o preconceito, voltei para a Faculdade, escolhi um curso de graduação tecnológica (que é rápido) de Publicidade e Marketing, as ninfetas viraram minhas coleguinhas e minha turma tem um monte de tios e tias que nem eu. What a wonderful world! A emoção é tão boa e intensa que me tornei um daqueles alunos obcecados, do tipo mala que não falta nem aula enforcada por feriado. Minhas coleguinhas e meus coleguinhas devem pensar: “Putz! Que coisa de velho, um tremendo feriadão e este mala vêm à aula.” Nada disto, mas também não adiantaria explicar, eles não entenderiam mesmo. Virei um CDF, até meu filho me chama de CDF, mas ai tinha mais um detalhe, o pai tem de dar o exemplo, mas confesso que fiquei obcecado, ou melhor, fascinado. Leio sobre o assunto em todo tipo de fonte, escrevo sobre o tema, discuto sobre o tema. Respiro publicidade e marketing, é uma transformação intensiva, necessária e urgente, resgatar uma velha paixão pode não ter uma nova chance.

Triangulação, ou efeito decoy

Seth Godin publicou recentemente um post sobre triangulação no blog dele, na verdade o post de Seth era para chamar a atenção de uma interessante matéria do Shankar Vedantam no Washington Post que fala do Efeito Decoy e o marketing politico.

O que vem a ser triangulação ? Seth coloca um exemplo muito simples e o chama de triangulação ou Efeito Decoy, onde ele exemplifica:

“Temos duas variedades de vinho para vender no jantar, um de 9 dolares e outro de 16. Qual você compraria?

Agora, imagine que existe um terceito, e o terceiro custa 34 dolares. Você ficou tentado à comprar a garrafa de 16 dolares agora? A maioria ficaria.”

Shankar explica que os psicólogos chamam a triangulação de Efeito Decoy, e cita o exemplo de Joel Huber, professor de Marketing da Duke Universtity: Imagine que tenhamos dois restaurantes, um de 3 estrelas próximo de você e um de 5 estrelas um pouco mais distante, se o 5 estrelas estivesse próximo não haveria dúvidas, mas por outro lado muita gente escolheria um 4 estrelas, mesmo que este ficasse um pouco mais distante que o 5 estrelas. O mesmo efeito teria para o 3 estrelas se na composição inicial tivesse um 2 estrelas mais próximo. Joel explica que a mente humana sempre busca pelas respostas mais simples e usualmente não trabalha com decisões complexas no dia-a-dia.

Mas afinal o que vem a ser um decoy? Não encontrei uma tradução direta para decoy, mas podemos entender que decoy é alguem ou algo que tem por objetivo distrair o interlocutor. Por exemplo em jogos, é aquele NPC (Non playable character) que muitas vezes só serve para distrair o jogador, ou ainda decoy pode ser aquele que atrai para uma armadilha. Em malas diretas, que em geral são processadas por terceiros, o cliente costuma inserir alguns endereços falsos para verificar se o processamento e a entrega das malas diretas foi feito corretamente, ou se a empresa esta usando o seu banco de dados para terceiros, este endereço falso é um decoy.

Seria o decoy uma isca ??