Campus Party e os mundos em colisão

Confesso que fiquei morrendo de inveja do pessoal que foi ao Campus Party, para me manter informado montei um live stream no Twitter usando o TwitterFeed. Vi várias coisas, li diversos posts e fiquei por dentro dos acontecimentos, até dei meus palpites via twitter, interferindo em tempo real com o que acontecia.

Imprensa JurrássicaA cobertura do Jornalismo Social foi bem eficiente, permitindo à qualquer um acompanhar ao vivo todo o evento. Posts, twitts, videos e fotos publicados em midias sociais deram o tom, proporcionando-me uma sensação de estar lá, sem ter saido do home office. Isto não quer dizer que eu não tenha acompanhado algo sobre o Campus Party na mídia tradicional, acompanhei sim, pelo G1, IDG Now!, e outros que apareciam no meu live stream. Infelizmente percebi que os mais tradicionais da velha midia estavam mais interessados em retratar o aspecto bizzaro e inusitado do evento, deixando de mostrar o que realmente interessava. Algumas destas reportagens deixaram transparecer um estereótipo Geek completamente desatualizado no imaginário coletivo de seus autores e editores.

Os campuzeiros fizeram muitas brincadeiras com a imprensa, e até foram hostis vaiando os palestrantes no painel “A Imprensa e o meio digital“, quando a blogosfera foi colocada na berlinda. Alias durante todo o evento, os mundos estavam literalmente em colisão, como sabiamente retrata este clássico de Nemo Nox.

E natural que isto aconteça, mas estávamos acostumados com choques culturais à cada geração, à cada dez anos em média, mas agora na era da geração conectada, isto acontece com uma freqüência cada vez maior, e com uma intensidade muito maior, talvez um ano seja um período de tempo muito grande agora.

Eu ja havia decidido que não escreveria sobre o Campus Party, até que vi este post do Michel Lent, no inicio pensei que o Michel havia se tornado um dinossauro, sempre o admirei por sua visão de vanguarda, mas o que estava acontecendo? Foi quando eu percebi que na verdade ele soube narrar com perfeição, o que um leigo enxergaria na blogosfera. É neste dilúvio informacional, que ele chama de ruído, que estamos habituados à nos informar, para isto usamos ferramentas que nos ajudam à enxergar na neblina. Os leitores mais tradicionais, enxergam este ruído e acabam buscando referências do mundo real, que são as mídias tradicionais.

Depois o René de Paula Jr, publicou um podcast falando dos erros e riscos da guerra nova x velha mídia. Na percepção dele, não existe motivação para tal, e mesmo se existisse o embate poderia se dar de outra forma, até porque da maneira que vem sendo conduzido a credibilidade da blogosfera pode ser colocada em xeque. René fala da importância de conhecer o “inimigo” por dentro, para que se possa ter uma visão desprovida de preconceitos acredito eu. Sun Tzu em seu classico a Arte da Guerra fala algo parecido: “Conheça si e seu inimigo e ganhe todas as batalhas”.

Mas não existe guerra, não existe batalha, nem é possível comparar a Imprensa Tradicional com a Imprensa Social, apesar do objetivo de ambas ser a informação, as motivações, aspirações, e estrutura socio-econômica-organizacional das duas são totalmente diferentes, é como querer comparar cebolas com laranjas.

Mas então porque existe esta hostilidade ? Lembra do caso Estadão x Blogs? Foi uma campanha do Estadão que subestimava os blogueiros, onde um macaco “Bruno” fazia um blog de economia e outras peças com a mesma tônica. Segundo a Talent, a agência que bolou as campanhas, uma parcela significativa da blogosfera é fútil, o que é verdade, mas as peças não faziam esta distinção e a coisa pegou muito mal.

A repercussão foi tão negativa que o Estadão organizou um debate, debate este que tinha por objetivo comparar cebolas com laranjas, ou seja o corporativismo da mídia tradicional com o crowdsourcing da blogosfera. Ou seja continuaram errando, e de certa forma hostilizaram ainda mais os blogueiros no debate, e a “lava” continuou fervendo. Nem mesmo o “Limão“, projeto do Estadão amenizou este “ranço”.

Notáveis representantes da blogosfera acham que esta discussão não vai levar a lugar nenhum. Edney fala que este assunto esta ficando chato, opinião compartilhada pelo Inagaki, e Jonny Ken mostra que a discussão é inocua e quem tem telhado de vidro não deve jogar pedra para o alto. Mas toda esta confusão acaba sendo requentada por mais preconceitos, como o fato ocorrido com Fugita, que relata um flagrante de preconceito com a blogosfera na coletiva de imprensa de encerramento do Campus Party.

E quem pensa que os motivos acabaram, então fique atento à nova campanha da Leo Burnet que pode requentar a discussão. Uma coisa importante é que a blogosfera tenha em mente que seus blogs são seus alter EGO, e que levar todo tipo de provação à ponta de faca, acaba deixando a blogosfera igual o “Bobão do play”, aquele cara que todo mundo gosta de implicar. Pense nisso…

20/02/08 – Saiu um post bem interessante por Thiane Loureiro no blog da Edelman

Referências : Linkadas ao longo do texto e fotos: Flickr do Radar Cultura, editadas e disponíveis na mesma licença

E se… 2030… Um ensaio de como viveremos em 2030

Um irritante som invade minha cabeça, é como se ele perfurasse meu crânio e tocasse dentro de meu cérebro, olho em volta para descobrir a origem deste incomodo e percebo uma intensa luz que cintila suavemente, acompanhando o som que agora acaricia meus tímpanos, o ruído irritante cessara. A luz já não cintila mais, é forte e intensa… o que é isso ? Estou tremendo ! Percebo que estou deitado e me dou conta que a minha programação de despertar estava em execução, o tremor era do meu colchão[bb]. Levantei, esfreguei os olhos, olhei pela janela e vislumbrei o mundo do lado de fora, ele ainda esta lá. Nuvens rosadas formavam imagens interessantes, iluminadas pela vermelhidão do sol que estava nascendo, é um verdadeiro caleidoscópio da natureza. O sistema de som da casa anuncia que meu banho[bb] esta pronto, e que dentro de 15 minutos o café[bb] estará servido. Saudades daquele tempo em que saia para comprar pão, e sentia o cheiro do café sendo preparado. Um pouco mais de dez anos foram suficientes para mudar o mundo, afinal se não fosse assim a humanidade estaria encrencada.

O banho estava ótimo, quando acabei de me secar ouvi o bip que vinha do espelho: Hoje eu teria reunião na central de interação pessoal da empresa, afinal hoje era quarta, dia de interação corporativa. Toquei no espelho para sinalizar que havia lido a mensagem. Antes de sair fui dar um beijo no João, meu filho, mas me lembrei que à esta hora ele já estaria na aula. Arrisquei assim mesmo, entrei no quarto e dei um beijo nele, era hora do intervalo e a professora estava corrigindo os exercícios, e ele falou apontando para a tela do computador: – Olha pai, acertei tudo, e a professora do outro lado endossou: – O João é muito bom aluno, esperamos ele aqui na sexta que é dia de interação pessoal e sociabilização. Acenei positivamente com um sorriso e me despedi, já estava de saída.

Ops! Se eu esquecer de dar um beijo na minha esposa ela pode ficar magoada, relações pessoais e demonstração de afeto são muito importantes no nosso micro-ambiente social, no nosso lar. Mas não foi possível, pois ela estava em uma teleconferência no home office[bb], a reunião começou cedo, eram aqueles clientes de Portugal. Apenas joguei um beijo no ar e fui correspondido e sai satisfeito.

Fico em frente de casa esperando o transporte coletivo que irá me levar à central de interação, o transporte individual é praticamente proibitivo. Com as rígidas regras ambientais o preço do combustível fóssil, o mais poluente, foi parar na estratosfera por conta dos ditos tributos verdes. Fica mais barato encher o tanque de Champagne[bb]. Mesmo no meu carro que faz facilmente 50 km por litro, o custo é muito alto, isto sem contar com a cota semanal de quilometragem. Não vejo a hora de comprar um carro à hidrogênio.

Com a necessidade urgente de reduzir substancialmente a emissão de CO2, os governos priorizaram soluções para minimizar a necessidade de deslocamento. O transporte coletivo foi otimizado ao máximo, você traça seu roteiro e envia para uma central, que automaticamente aloca veículos que passarão na sua rota, você é pego em casa e com vaga garantida. Não existem mais as linhas de ônibus, somente de trem e metrô. A capacidade do veiculo coletivo é proporcional ao fluxo, é otimizado ao máximo, com isto a lucratividade das transportadoras justificou todo investimento em adaptação para seus veículos à hidrogênio. Etanol e biodiesel não eram a solução, reduziam a emissão de gases, mas não na proporção que se fez necessária.

Um comportamento curioso, é que como passamos a maior parte de nosso tempo nos nossos ambientes familiares, quando encontramos estranhos sentimo-nos motivados a conversar, conta-se histórias e piadas e o tempo passa voando. Com menos veículos nas ruas, e as paradas dos coletivos programadas, as vias que antes viviam engarrafadas, agora mais desertas, se tornaram vias de trafego rápido. Há 20 anos isto seria encarado como uma piada de mau gosto, uma utopia.

Estou quase chegando ao centro da cidade, quem conheceu o centro há 20 anos, hoje deve estranhar, esta tão vazio que parece um sábado a tarde. Algumas empresas mudaram suas centrais de interação para o subúrbio, mas a minha preferiu manter o velho escritório[bb] no centro. O bom é que o centro não é mais tão cinzento, hoje temos arvores e alguns prédios ficaram abandonados e foram transformados em florestas verticais, parece uma montanha verde esculpida, só vendo para entender. Aquele ar quente e seco e que entrava rasgando nossas narinas foi substituído por um ar leve e fresco que carrega com sigo o clima da floresta, respira-se com prazer.

Desco do transporte e ando em direção à central de interação da minha empresa, cruzo o saguão, deserto mas imponente, uma forte luz varre minha vista por uma fração de segundos e uma gravação me informa para aguardar alguns minutos, pois outras pessoas estão chegando para o mesmo andar. São as novas normas verdes, até o transporte vertical, vulgo elevador, fora otimizado, o consumo de energia é racionalizado ao extremo. Coletores fotovoltaicos armazenam a energia solar em baterias, a iluminação quando não natural é LED , que possui um consumo muito baixo e uma iluminação eficiente. Curioso mesmo são as soluções de iluminação[bb] decorativa com fibras óticas, coletores na fachada capturam a luz que é transmitida pela fibra ótica e brotam do chão, do teto, de jardineiras, de todos os lugares possíveis e imaginários, formando um show visual que não deixa nenhum ônus com a natureza, simplesmente não gasta energia, captura a luz solar e a utiliza para iluminar[bb] interiores, genial. Pedro esta chegando, vejo que ele, um sexagenário como eu esta em forma, lembro que há 20 anos eu era um gordo e hoje sou um esbelto jovem de 60, pilulas, tecnologias alimentares e os avanços da medicina simplesmente varreram a obesidade do planeta. Cumprimento Pedro com um caloroso abraço, e o sistema de som anuncia que já podemos subir, as portas do elevador se abrem e entramos.

(continua…)

A instantaneidade, o crowdsourcing e o jornalismo social

Há menos de 20 anos, o máximo de instantaneidade, em termos jornalísticos, que a humanidade conhecia eram a TV e o radio. As chamadas de extra na telinha e no “dial” anunciavam um fato relevante, mas poucas eram as fontes de informação, a noticia era pré-digerida pelo emitente. Vinte e quatro horas depois, poderíamos obter mais detalhes nos jornais e posteriormente nas revistas, ai então um pouco de diversidade e controvérsia, mas tudo muito ameno. As informações eram filtradas em escolhidas por diretores e redatores, e nossa liberdade de escolha se restringia à poucas opções. Naquele tempo, em um caso como o do incêndio recente na California, ocorrido em 20 de outubro deste ano, levaríamos pelo menos duas semanas para termos um volume de informação significativo a respeito do caso, coisa que hoje temos a disposição 24 horas depois. A diversidade então, impossível comparar. Imagine um verbete em uma enciclopédia então, só no ano seguinte, e não em poucas horas como ocorre na Wikipedia.

Desde os primeiros segundos, diversas pessoas começaram a cobertura do incêndio através de seus blogs, Twitter, YouTube, e não menos relevante, através da Wikipedia. A cobertura se dá de forma descentralizada com as pessoas “Twittando” através de seus celulares, postando em seus blogs a partir de seus smartphones, ou até mesmo de seus notebooks. A forma de conexão com a Internet hoje em dia, definitivamente não é fator determinante para o crowdsourcing, estamos cada vez mais conectados[bb], e a tendência é nos conectarmos de forma cada vez mais ubiqua, até o ponto onde a excessão será não estar conectado, os desconectados serão os Amishs do século XXI.

A grande espiral evolutiva continua acelerada e com o raio cada vez menor, a instantaneidade é primordial, queremos saber agora, o que acontece agora, para isto os veiculos tradicionais parecem verdadeiros paquidermes, até mesmo as midias tradicionais no meio digital são lentas. Uma hora, meia hora pode ser muito tempo, queremos saber dos fatos em tempo real, queremos praticamente interagir com eles. Vivemos conectados, notebooks[bb], smartphones[bb], e até mesmo simples celulares via SMS ou MMS, pouco importa, o que importa é interagirmos em tempo real, noticiarmos em tempo real, coisa que os dinossauros da comunicação não entendem. Se entendessem poderiamos pedir ao camera para posicionar-se um pouco mais a direita, ou avisar ao reporter que “aquele cara ali de boné” parece estar sabendo dos fatos. É a vida em tempo real, é a vida conectada, é a informação ubiqua.

Constantemente a credibilidade do jornalismo social é posta em xeque, os veiculos tradicionais defendem que somente eles estão aptos a noticiarem com credibilidade, e que o Jornalismo Social não é confiavel. Trata-se de uma meia verdade, uma vez que os veiculos tradicionais cometem verdadeiras gafes, como o caso do “Homem que diminui o dedo para usar o iPhone” noticiado pelo Estadão. A confiabilidade do Jornalismo social é diretamente proporcional ao número de fontes, ou a credibilidade conquistada por algumas delas. Um grande número de fontes permite ao leitor avaliar por amostragem o que é ou não confiavel, e assim construir a sua percepção de confiabilidade de algumas fontes. Muitos blogs publicam matérias de alta qualidade e confiabilidade, uma vez que para alguns, o blog é uma fonte de status e/ou receita e o leitor é o seu mais valioso ativo.

Em termos de número de fontes, velocidade e interação, o micro-blogging revelou-se um grande aliado do Jornalismo social, e o Twitter é de longe a mais popular ferramenta de micro-blogging. O caso citado acima, do incêndio na California, foi notório mas não o único coberto via Twitter. A grande “sacada” é que em micro-blogging o texto é limitado a 140 caracteres e o celular[bb] é uma potencial ferramenta jornalistica. Textos via SMS para o Twitter, fotos e videos via e-mail para o Flickr e YouTube respectivamente e na outra ponta temos a noticia em qualquer dispositivo, é o verdadeiro crowdsourcing jornalístico.

Um dos “twitteiros” que cobriram o incêndio na California, o Nate Ritter criou uma ferramenta genial, o HashTags, baseado nas populares hash tags utilizadas no Twitter. O HashTags simplesmente captura e grava todos os posts feitos por uma determinada #tag, para isto basta que você tenha uma conta no Twitter adicione o usuário hashtags, que é um bot. A partir deste momento todas as tags que você utilizar serão gravadas no HashTags, e em tempo real. Enquanto escrevia este post, “twittei” usando a tag #entropia, fiz algumas dicas sobre o HashTags nas tags #hint , #dica e #tags. O HashTags mostra ainda um pequeno grafico de atividade de cada tag, possibilitando visualmente identificar qual tag esta quente ou não.

Na minha opinião, HashTags está para o jornalismo crowdsourcing assim como o Twitter está para o micro-blogging, estamos presenciando os contornos da nova economia, da economia Free, de economia crowsourcing. E você o que acha?

Leia mais:

Update 18/12/07 – Existe um novo serviço, o TerraMinds que não funciona como o HashTags mas ele indexa todos os usuarios do Twitter e permite pesquisar por nome de usuário ou palavra chave. Igualmente útil para o Jornalismo Crowdsourcing

A imensa distância entre o que você vê e o que você compra

A essência da foto publicitária está em retratar da melhor forma o produto anunciado. Obviamente na fotografia[bb] de alimentos, todos os ingredientes são cuidadosamente escolhidos, e na composição do produto vários artifícios são utilizados para dar ao alimento uma bela aparência, tornando-o ainda mais apetitoso. A prática de vender sonhos, transformar necessidades em desejos é comum na publicidade, e para isto vale maquiar a realidade para transforma-la em algo um pouco fantasioso estimulando o consumidor.

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Geralmente, estes lindos alimentos fotografados são incomíveis. Segundo site Don’t Buy It, cuja missão é tornar os futuros consumidores mais espertos, os estilistas alimentares utilizam práticas nada apetitosas:

  • Quando fotografar sanduiches com sementes, como milho ou ervilhas, cole-as com cola tudo ou fixe-as com alfinetes.
  • Aplique spray a prova d’agua nas superfícies para evitar que elas fiquem úmidas.
  • Cozinhe apenas o lado externo das carnes e deixe o centro crú para deixa-la com uma bela aparência e aspecto de frescor.
  • Pinte as carnes, em especial hamburguers com óleo e pigmento marrom.
  • Para fazer as marcas de grill, use um metal bem quente como um ferro de solda por exemplo.
  • Utilize apenas as fatias centrais dos mais belos tomates e aplique neles uma mistura de glicerina e água para dar uma aparência de frescor.
  • Use toalhas de papel dobradas como fraldas para que a gordura e o sangue das carnes não escorram para o pão.
  • Escolhas folhas bem verdes, saudáveis sem marcas marrons ou falhas.

Quando Chris Locke, Doc Searls, David Weinberger escreveram em 1999 o Manifesto Cluetrain, estavam informando ao mundo que o consumidor estava mudando, e conectados e juntos ficaram muito mais inteligente que a soma de suas inteligências. O novo consumidor esta ficando cada vez mais refratário à publicidade. Veja que o filme sincero da Dove Evolution, que transformou-se em um imenso buzz, acabou por ganhar o Gran Prix de Cannes este ano, sem ter sido veiculado na TV. Este comportamento escancara para quem quer ver, que o consumidor quer sinceridade e transparência, quer interagir com pessoas e não com super-heróis ou ficção., quer realidade e não fantasia.

Para comprovar isto, basta uma simples busca no Google e econtrará centenas de posts e artigos que falam do tema “food advertising x reality”. Uma das respostas que me chamou a atenção foi um link no Digg, cujo post recebeu até o momento 3866 votos e nada menos que 274 comentários.

Voltando ao aspecto dos alimentos, fica pergunta: Será que teremos de colocar fotos reais nas peças publicitárias ou teremos de fazer um bom marketing de serviços aliado a P&D para produzir alimentos cada vez mais parecidos com a suas fotografias?

Fontes: Boing Boing e Jeff Kay’s the West Virginia Surf Report

Apertem os cintos, o consumidor mudou!

Não se trata de uma nova versão da classica comedia pastelão, e sim de mais uma constatação de que o mercado mudou e continua mudando numa velocidade cada vez maior. Os sinais estão por toda parte: Este ano as verbas publicitárias digitais estão superando as mais tradicionais mídias, o mercado da comunicação está mudando, os publicitários não entendem de internet e o consumidor fica cada dia mais sabido e exigente, isto sem falar na quebra da comunicação corporativa por conta das redes sociais que ja são usadas como potentes ferramentas de CRM.

O perfil do novo consumidor vem sendo traçado com frequencia, alias cada dia fica mais dificil traçar algum perfil, o consumidor esta “derretendo” engordando a cauda longa que não para de crescer. Este novo consumidor é a antintese do consumidor de massa do passado. Antes consumia-se para pertencer à uma “tribo”, hoje também! Só que as “tribos” diminuiram e ficaram mais diversificadas.

O agente catalizador da evolução sempre foi a infomação, hoje temos isto de sobra, alias temos em excesso. Com o advento da Internet cada consumidor de informação passa a ser um emissor de uma comunicação em rede, um ambiente liquido, onde a informação pode ser fragmentada, reconstruida, fundida e novamente fragmentada… No meio do ecossistema da nova comunicação, a publicidade é interpretada como ruído e é descartada na primeira fragmentação, ou pior, muitas vezes totalmente descartada antes mesmo de ser exibida.

Quem viveu os primórdios da Internet no Brasil deve lembrar como este mercado se comportava. Era um imenso latifundio a ser explorado, projetos e ideias mirabolantes surgiam a todo instante, o espirito empreendedor ganhava auras de desbravador, e a Internet parecia uma infidável mina de ouro. Vivemos hoje entropia semelhante no mercado da comunicação, a diferença é que encontrar a formula ideal pode ser a chave da sobrevivência em um futuro muito próximo.

Quebrando paradigmas

Tem muito profissional de comunicação que nunca vai entender o novo consumidor, e muito menos o que houve com o mercado de comunicação. Não que ele não tenha capacidade intelectual para isto, ele não conseguirá entender isto com os fundamentos teóricos e ferramentas usuais ele não possui uma vivência que permita este entendimento, não faz parte da sua cultura. Muitos paradigmas precisam ser quebrados:

  • Mídia – Esqueça mídia, para de pensar em mídia, pare de tentar tangibilizar um conceito que não se aplica ao novo consumidor. Mídia simplesmente não faz sentido para um público que tem a liberdade de escolher se quer ou não ser impactado pela propaganda. Lembre-se em tempos de comunicação líquida, o meio é a mensagem.
  • Internet não é midia – Internet não é midia, quem te disse isto? Internet hoje é um complexo ecossistema social que chamamos de ciberespaço. Chamar a internet de mídia é subestimar a sua capacidade, ela não chega a ser o metaverso em si, afinal ela esta muito presente no mundo real, mas possui autonomia suficiente para sê-lo. Temos de “destangibilizar” nosso conceito de mídia, a Internet congrega informações, serviços, lembranças e emoções, tudo em bits, tudo líquido.
  • Internauta é mãe ! – Tratar um usuário de internet por internauta é uma forma de distancia-lo, é trata-lo como um ser diferente. As interpretações podem ser desde uma forte dose latente do emitente em tentar manter seu status quo, como a simples tentativa de rotular um grupo de pessoas. Descontando a face emocional do discursso, sobra a ignorância. A nova cultura é a cibercultura, é a cultura da geração conectada, que a cada dia expande tanto horizontalmente quanto verticalmente atingindo indivíduos cada vez mais novos e mais velhos. Se sou um internauta posso afirmar que em muito breve todos seremos, então os diferentes serão os desconectados.
  • Vivemos cada vez mais conectados – Quem pensa que a internet fica no computador precisa rever seus conceitos. Foi risível a matéria do Fantástico deste fim de semana, onde uma mãe desesperada “desligou a internet” do filho viciado. Enquanto existir esta “guerra” entre o real e o virtual vão existir interpretações tendenciosas como estas. O problema é psicológico, o vício poderia ser em qualquer coisa. Mas voltando ao assunto, há muito a internet “saiu” do computador, hoje ela é acessível por wap (celular), pelo telefone (VXML) e integrando soluções com dispositivos como o RFID, além é claro da TV Digital que corre um sério risco de ser engolida pela IPTV. O certo é que vivemos cada vez mais conectados, nossas casas, carros, eletrodomésticos e o que mais for possivel imaginar estarão conectados.

Este artigo não tem a ambição de ser conclusivo, nem tem uma visão generalista, apenas tem por objetivo apontar fortes tendências. Ele foi motivado por um artigo que retrata a visão de profissional que é muito parecida com a minha, e como me resaltou o Gilberto Pavoni, ele possui a grife “Forrester Research”. Eu na verdade pesquiso para montar a minha pequena agência que vai nascer mês que vem, mas construi um background suficiente para um cargo executivo em uma grande agência. O futuro? Who Knows the future?

Publicitários não entendem de Internet ?

A mudança de paradigma, a quebra do status-quo, o impacto disruptivo eminente tem deixado muitos publicitários completamente perdidos. Eu ja havia preconizado que nos próximos anos veremos a queda da propaganda e a ascensão do marketing, não que eu seja um guru, ou esteja rogando uma praga, mas as evidências estão ai para quem quiser ver.

O antigo modelo de negócios das agência de publicidade esta sendo aos poucos delapidado, anunciantes querem o BV, agencias dividem suas comissões, anunciantes criam suas houses cada vez mais. Mas ainda bem que o bom e velho anuncio de 30″ gera uma boa receita… Mas até quando?

Esta por enquanto é uma pergunta sem resposta, a resposta que posso dar é que as agências precisarão se reconfigurar para sobreviverem, se estão contando com a TV Digital para isto, esquecam, o tempo previsto para implantação no Pais de 10 anos é uma eternidade em termos de “Internet time”. Até la ela ja estará obsoleta pela IPTV que estará acessível a todos. E se você acha que estou enganado, apostando na Internet para a classe C, então é porque você não leu a ultima pesquisa publicada pela Datafolha e encomendada pela F/Nazca que aponta um contigente de 49 milhões de usuários a partir de 12 anos, contigente este que pode chegar á 60 milhões se levarmos em conta usuários abaixo desta idade, e com uma penetração de quase 40% na classe C.

Quem foi ao Digital Age 2.0 (e eu infelizmente não fui) pôde assistir ao “debate” entre o Luis Grottera – CEO da TBWA\BR com a Suzanna Apelbaum sócia da Hello!. O debate levantou polêmicas como pode ver:

No Techbits:

É possível perceber claramente que Grottera é conservador, estilo antigo e a Suzana mais antenada nas novas tecnologias. Em uma discussão que perguntava se o comercial de 30 segundos da TV estaria com os dias contados, Groterra defendeu que uma campanha na TV gera recall (lembrança por parte dos consumidores) ao redor de 20 a 30%. Então se você investir 10 milhões de reais, 8 milhões foram jogados fora, mas 2 milhões aproveitados. E, segundo ele, essa é uma boa média. Ainda segundo o Grottera, vale mais investir na TV do que na internet, mídia que ficará cara tanto quanto a TV daqui alguns anos.

Peraí… acho que ele não leu a Cauda Longa. Peraí… 8 milhões jogados fora e somente 2 aproveitados? Peraí… Claro, já entendi. Ele está defendendo o seu peixe.

Já a Suzana Apelbaum defendeu a internet. Não sei como não saiu uma briga mais feia, hehe! Na internet é possível direcionar totalmente os esforços publicitários. Cem mil reais investidos no Google dão retorno de porcentagem muito maior. Não há desperdício com o ruído como o fato dos consumidores zapearem entre os canais.

No Tecnocracia:

Hypes à parte, a Internet está revolucionando a forma de fazer propaganda. Aliás, a Internet está finalmente sendo feita por pessoas, sobre pessoas e para pessoas e com isso está revolucionando a forma com que as pessoas fazem e absorvem propaganda, TV, conteúdo, notícias, entretenimento, etc. O consumidor não quer mais assistir comerciais na TV – o próprio Martin Lindstrom em sua palestra afirmou que a criança de hoje é capaz de acompanhar 5.4 canais de TV simultaneamente, contra 1.7 canais de um adulto médio. Nós mudamos de canal durante as propagandas; Nós compramos canais por assinatura para fugir da propaganda da TV aberta; Nós assistimos ao Joost, baixamos episódios pela Internet, vemos vídeos no YouTube. Nós selecionamos a propaganda que queremos ver.

No Techbits, Fugita lembra que o Grand Prix de Cannes este ano foi um filme que nunca foi à TV.

Se você não concorda comigo então una-se ao Elton John, que esta liderando uma campanha para fechar a Internet.

Os dinossauros são miopes !

Já tem algum tempo que venho ensaiando um post, ou uma série de posts, sobre o que chamo de a nova extinção dos dinossauros. A cada ação desesperada do RIAA, Viacom e outros dinossauros do Copyright, esta motivação volta a tona e se reforça.

Uma noticia no Info Online, sobre uma produtora que processou o YouTube, usando o mesmo advogado do namorado da Cicarelli, teve seu pedido acatado pela 10ª Câmara de Direito Privado do TJSP e condenou o YouTube a pagar uma multa diária enquanto os “pedaços” do video Pelé Eterno não forem retirados do ar.

Quando os dinossauros vão entender que eles serão responsáveis pela sua propria extinção ?

Não adianta lutar contra a corrente, é que nem nadar em mar aberto, se você nadar contra a corrente você morre afogado, se segui-la, com um pouco de esforço se salva. O consumidor e sua relação com o consumo mudaram!

Os dinossauros do Copyright vivem querendo “matar” todos que “ousam” infrigir seus “direitos”. Por conta desta visão miope e imediatista, a produtora Anima Produções deixou de faturar muitos caraminguás por conta da venda e/ou locação do video.

Na minha opinião, estes “pedaços” são a maior propaganda do video, quem gosta de futebol e Pelé vai procurar o video inteiro para comprar e/ou alugar, deixaram de fazer uso de um excelente Buzz  que tinham a disposição, tudo por conta de uma visão imediatista e miope do mercado.

So para fechar, a Microsoft é a Microsoft de hoje graças à Pirataria, pois se não fosse a pirataria eles não teriam a imensa base instalada e nem a cultura de seus produtos tão cristalizada.

Acordem dinossauros, voces serão extintos, os sinais estão por todos os lados….

Rentabilização no site dos outros é refresco ?

Eu acabei descobrindo esta polêmica no Techbits, que desenvolveu uma matéria interessante sobre um post publicado no OutroLado, criticando o próprio modelo de negócios do site. Dentre as observações do autor do post, destacamos:

Trocando em miúdos, o texto que nós escrevemos e lá publicamos não gera tráfego para os nossos sites e, por consequência, não gera os dividendos advindos dessas visitas.

A princípio, a única vantagem que o autor tem é de divulgar-se um pouco em um site que tende a ser bastante visitado – por estar vinculado a uma grife como o Webinsider -, além de um link que pode ajudar um pouco no PageRank, caso o Outrolado venha a galgar bons degraus no Google.

Interessante a abordagem, mas acho que em linhas gerais é muita discussão para pouca coisa, você não acha?

Vejamos os fatos, o autor do artigo citado coloca algo como: “Nós publicamos e vocês ganham“, a primeira pergunta é ganham quanto ?

O Flash Brasil, o maior site que idealizei e mantenho é muito bem visitado, e a rentabilização me permite comprar três livros por ano na Amazon, pagar as contas do site e um ou dois almoços no ano. Muito dinheiro ? Poucos são os sites/blogs que faturam mais de R$ 1000,00 por ano em rentabilização!

Então vamos à algumas perguntas:

Você acha justo que o cara que cria um site de conteúdo possa ao menos zerar o investimento?
O usuário que publica conteúdo no site de terceiros quer receber uma participação, ele tem ideia do valor que esta reinvidicando?

Mundando de posição, agora como o cara que esta gerando conteudo para o site. A sensação de que esta “pondo azeitona na empada dos outros” é evidente. O imaginário coletivo, em especial no Brasil, é de que o empreendedor sempre lucra muito nas costas daquele que para ele trabalha. O certo é o empreendedor ficar com todos os riscos do empreendimento sozinho e dividir o lucro em partes iguais?

Então vamos à mais uma pergunta:

A unica vantagem de publicar nestes sites é o resultado financeiro direto?

Obviamente que não, o ganho financeiro direto é o menor dos rendimentos, qualquer outro ganho é muito maior. O incremento de visitas ao seu blog, uma ascensão nas ferramentas de busca, são muito mais lucrativos. Uma exposição maior, e principalmente estar ao lado de nomes consagrados de sua área, são valores muito maiores.

Então mais uma pergunta:

Então o grande negócio é que vou ganhar mais exposição ?

Se você chegar a esta pergunta, então ainda não sacou a real oportunidade que é a de receitas indiretas e de médio prazo. Uma vez que seu conteúdo tenha qualidade, ele vai atrair interesse dos leitores, vai te alavancar na blogosfera, vai te jogar na midia de massa ou não, mas novas oportunidades realmente aparecerão, aqueles R$ 2,99 por mês pelos quais você tanto brigou não terão a menor representatividade.

O maior valor de postar em sites assim, é fazer um bom networking !