Silvio Almeida, Frank Le Rue e a desumanização do outro 

A confirmação do assédio pelo Silvio Almeida foi tão surpreendente quanto a confirmação de Frank Le Rue. Ambos são figuras que construíram um capital simbólico a ponto de nos levar a questionar as acusações contra eles, em um primeiro momento. 

Uma vez confirmado o assédio, inicialmente há a perplexidade, mas logo em seguida ela vai se transformando em receio e medo, pois afinal pessoas “acima de qualquer suspeita” foram capazes de tal ato. Os estereótipos caem por terra, e nos deixam mais cautelosos e menos preconceituosos, afinal assediador não tem cara, pode ser qualquer pessoa.  

Pode-se culpar uma educação machista que eles tiveram, que eu tive, e muitos outros de minha geração. Todos construíram seus conjuntos de valores, a questão aqui esta no senso de humanidade destes valores, a humanização do outro nos torna mais humanos, nos grita que o outro é igual a você, esta é a diferença. E você não se agrediria. 

Temos ai uma questão importante, humanizar o próximo, na contramão do individualismo e competitividade que são os alicerces do modelo neoliberal onde estamos inseridos, que produzem o que Mark Fisher denominou de Realismo Capitalista, que é a percepção de que neste campo as coisas são o que são, e não há nada a fazer.

Mas há sim! Podemos questionar as bases deste modelo, nos rebelar contra ele, impor nossa humanidade como principal linha de pensamento e ação. Ir conta a “gamificação” do trabalho, típico da economia de aplicativo, dar um game over nisso. 

Podemos não perceber, mas a humanidade esta caminhando aceleradamente para sua extinção, acredite.

Noam Chomsky, em Internacionalismo ou extinção, detalha com profundidade a possibilidade de extinção da humanidade por uma catástofre nuclear, risco aumentado pela emergência do extremismo de direita, que se baseia em atribuir aos humanista (esquerda) os problemas do neoliberalismo. 

Ainda sobre individualismo e desumanização temos chamado plano B do neoliberalismo, as igrejas neopentecostais da teologia da prosperidade, hoje teologia do domínio, e sua aproximação gutural com o extremismo de direita e o fascismo.

Entenda que o indivíduo é o resultado de suas decisões e ações ao longo da vida, o ambiente e a conjuntura contribuem ao limitar as possibilidades, mas não moldam o caráter. 

Precisamos de mais humanismo!

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