Folks Marketing e o jeitinho Brasileiro

Folks Marketing, ou Marketing Popular são estratégias de Marketing utilizadas pelos comerciantes populares. Um dos mais notáveis é o David, da Banca do David no centro do Rio de Janeiro, que se tornou um requisitado consultor de marketing.

Meu interesse pelo assunto, foi despertado quando percebei que a abordagem do vendedor de sinal de transito estava mudando do “Moço compra um pra me ajudar” para táticas mais especializadas:

Outro dia eu a a minha esposa paramos no sinal e fomos abordados com um simpatico sorriso do vendedor que falava algo. Abrimos a janela e ele logo mandou: Mas que lindo casal, parece a Julia Roberts com o Mel Gibson, longe disto, mas com isto conquistou nossa atenção e ofereceu sem muita dificuldade um produto que acabamos comprando. Pensamos, puxa vida, que cara criativo.

Dias depois, em outro sinal, muito distante do primeiro, uma vendedora nos abordou com a mesma tática, e a minha esposa perguntou: Onde voces estão aprendendo isto? A moça desconversou e se despidiu falando: A competição é grande, temos que melhorar sempre.

Lancei a discussão na comunidade Marketing no Brasil e a discussão foi produtiva, outros cases apareceram, como flores no retrovisor em Recife, ou do vendedor de protetor solar de Fortaleza que sabia todas as informações dos seus produtos, o engraxate de terno, celular e tapete vermelho que dobrou seu faturamento, e agora o barraqueiro em ipanema que mantem uma trilha refrescante até a sua barraca (foto abaixo).

Praia VIP

Ainda na discussão na comunidade Marketing no Brasil, Solon consegue provar que os empreendedores populares fazem uso do Mix de Marketing (4 Ps) completo. Vendo toda esta iniciativa, me animei em criar um grupo de voluntários de Folks Marketing dentro do projeto Perspectiva, com o intuito de criar metodologias para ensinar Folks Marketing para estes fantásticos empreendedores. Uma proposta bem interessante para estudantes e profissionais de marketing.

Este artigo eu publiquei originalmente no Blog Propaganda & Marketing

Campus Party e os mundos em colisão

Confesso que fiquei morrendo de inveja do pessoal que foi ao Campus Party, para me manter informado montei um live stream no Twitter usando o TwitterFeed. Vi várias coisas, li diversos posts e fiquei por dentro dos acontecimentos, até dei meus palpites via twitter, interferindo em tempo real com o que acontecia.

Imprensa JurrássicaA cobertura do Jornalismo Social foi bem eficiente, permitindo à qualquer um acompanhar ao vivo todo o evento. Posts, twitts, videos e fotos publicados em midias sociais deram o tom, proporcionando-me uma sensação de estar lá, sem ter saido do home office. Isto não quer dizer que eu não tenha acompanhado algo sobre o Campus Party na mídia tradicional, acompanhei sim, pelo G1, IDG Now!, e outros que apareciam no meu live stream. Infelizmente percebi que os mais tradicionais da velha midia estavam mais interessados em retratar o aspecto bizzaro e inusitado do evento, deixando de mostrar o que realmente interessava. Algumas destas reportagens deixaram transparecer um estereótipo Geek completamente desatualizado no imaginário coletivo de seus autores e editores.

Os campuzeiros fizeram muitas brincadeiras com a imprensa, e até foram hostis vaiando os palestrantes no painel “A Imprensa e o meio digital“, quando a blogosfera foi colocada na berlinda. Alias durante todo o evento, os mundos estavam literalmente em colisão, como sabiamente retrata este clássico de Nemo Nox.

E natural que isto aconteça, mas estávamos acostumados com choques culturais à cada geração, à cada dez anos em média, mas agora na era da geração conectada, isto acontece com uma freqüência cada vez maior, e com uma intensidade muito maior, talvez um ano seja um período de tempo muito grande agora.

Eu ja havia decidido que não escreveria sobre o Campus Party, até que vi este post do Michel Lent, no inicio pensei que o Michel havia se tornado um dinossauro, sempre o admirei por sua visão de vanguarda, mas o que estava acontecendo? Foi quando eu percebi que na verdade ele soube narrar com perfeição, o que um leigo enxergaria na blogosfera. É neste dilúvio informacional, que ele chama de ruído, que estamos habituados à nos informar, para isto usamos ferramentas que nos ajudam à enxergar na neblina. Os leitores mais tradicionais, enxergam este ruído e acabam buscando referências do mundo real, que são as mídias tradicionais.

Depois o René de Paula Jr, publicou um podcast falando dos erros e riscos da guerra nova x velha mídia. Na percepção dele, não existe motivação para tal, e mesmo se existisse o embate poderia se dar de outra forma, até porque da maneira que vem sendo conduzido a credibilidade da blogosfera pode ser colocada em xeque. René fala da importância de conhecer o “inimigo” por dentro, para que se possa ter uma visão desprovida de preconceitos acredito eu. Sun Tzu em seu classico a Arte da Guerra fala algo parecido: “Conheça si e seu inimigo e ganhe todas as batalhas”.

Mas não existe guerra, não existe batalha, nem é possível comparar a Imprensa Tradicional com a Imprensa Social, apesar do objetivo de ambas ser a informação, as motivações, aspirações, e estrutura socio-econômica-organizacional das duas são totalmente diferentes, é como querer comparar cebolas com laranjas.

Mas então porque existe esta hostilidade ? Lembra do caso Estadão x Blogs? Foi uma campanha do Estadão que subestimava os blogueiros, onde um macaco “Bruno” fazia um blog de economia e outras peças com a mesma tônica. Segundo a Talent, a agência que bolou as campanhas, uma parcela significativa da blogosfera é fútil, o que é verdade, mas as peças não faziam esta distinção e a coisa pegou muito mal.

A repercussão foi tão negativa que o Estadão organizou um debate, debate este que tinha por objetivo comparar cebolas com laranjas, ou seja o corporativismo da mídia tradicional com o crowdsourcing da blogosfera. Ou seja continuaram errando, e de certa forma hostilizaram ainda mais os blogueiros no debate, e a “lava” continuou fervendo. Nem mesmo o “Limão“, projeto do Estadão amenizou este “ranço”.

Notáveis representantes da blogosfera acham que esta discussão não vai levar a lugar nenhum. Edney fala que este assunto esta ficando chato, opinião compartilhada pelo Inagaki, e Jonny Ken mostra que a discussão é inocua e quem tem telhado de vidro não deve jogar pedra para o alto. Mas toda esta confusão acaba sendo requentada por mais preconceitos, como o fato ocorrido com Fugita, que relata um flagrante de preconceito com a blogosfera na coletiva de imprensa de encerramento do Campus Party.

E quem pensa que os motivos acabaram, então fique atento à nova campanha da Leo Burnet que pode requentar a discussão. Uma coisa importante é que a blogosfera tenha em mente que seus blogs são seus alter EGO, e que levar todo tipo de provação à ponta de faca, acaba deixando a blogosfera igual o “Bobão do play”, aquele cara que todo mundo gosta de implicar. Pense nisso…

20/02/08 – Saiu um post bem interessante por Thiane Loureiro no blog da Edelman

Referências : Linkadas ao longo do texto e fotos: Flickr do Radar Cultura, editadas e disponíveis na mesma licença

Estamos arrumando a casa

O Entropia.blog.br será a nova casa do Blog Entropia, estamos mudando todos os posts de lá para cá, e isto pode demorar um pouco, pois como o blog original não exporta os posts, temos de copia-los um a um. Ainda bem que são poucos!

Acredito que até segunda feira tudo esteja normalizado