Seu site por R$ 199,90

Certo dia, após uma breve leitura dos classificado de Informática, um determinado empresário decide que esta na hora de ter sua presença na internet, e liga para um anuncio que lhe chamou a atenção: “Seu site por R$ 199,90

Empresário: – Alô ?
Empresário: – De onde fala?
Anunciante: – Ô tio, é o Marcão, o webdesigner.
Empresário: – Marcão, eu vi seu anuncio que você promove empresas na Internet.
Anunciante: – Ô tiozão é isso mesmo, meu trabalho é bom e barato. Faço um site irado e ainda divulgo ele pela web.
Empresário: – E tudo isto por R$ 199,90?
Anunciante: – Tio, este é o preço justo, mais que isto é um roubo. Estas empresas cobram uma grana porque são mercenárias, meu serviço é irado.
Empresário: – Mas vai ficar bom?
Anunciante: – Tio, vamos usar tudo que é novidade: AJAX, XHTML, Flash, CSS e ainda vamo botá” um AdSensezinho.
Empresário: – E vão divulgar?
Anunciante: – Tio, webmarketing é nois! Tenho 10 milhões de e-mails cadastrados, a gente avisa a todo mudo do seu site. Vai ser show!
Empresário: – Ok, tá fechado.

Empresário pensa: – AJAX para que? Será que precisa limpar o monitor?

Diariamente, empresários mal informados são vitimas destes amadores. Ferramentas de publicação na internet são cada dia mais interativas e fáceis de usar, levando ao mercado uma enxurrada de curiosos despreparados.

Para o mercado profissional isto não é novidade, me lembro dos idos tempos de formação do PROMIT em 96, que este problema já existia. Alias o amadorismo é um problema recorrente em nossa sociedade, já nos habituamos à informalidade, temos amadores em basicamente todas as áreas. Com certeza ninguém se submeteria à uma cirurgia com um médico amador, mas constroem casas com base no know how prático de profissionais de construção, ou consertam seus carros com o quebra galho da esquina que também faz manutenção no aquecedor de gás.

Serviços amadores podem dar certo, o paciente pode sobreviver, a casa pode não cair, o carro e o aquecedor podem não colocar vidas em risco, mas não deixa de ser uma roleta russa. Para alguns um risco calculado, para a maioria pura ignorância.

Por que na hora da presença na internet isto tem de ser diferente? Alguns podem argumentar que muitos clientes simplesmente não necessitam de algo além do “site a R$ 199,90″. Pode até ser, mas estamos vivendo cada vez mais conectados, e os tempos do “web site corporativo estático” já eram. Hoje é preciso participar, interagir e relacionar. Um site estático esta condenado à invisibilidade digital, se não possui valor agregado e não presta nenhum serviço à seus visitantes então é um natimorto.

Ainda é comum as empresas delegarem assuntos de internet para seus departamentos de TI, mas existe uma tendência crescente de empresas que passaram seus assuntos de internet à seus departamentos de marketing. É preciso encarar um projeto de internet como um investimento, que irá proporcionar um retorno (ROI) de 300% em um ano, segundo a Closed Loop Marketing. Obviamente este ROI não é uma afirmativa, e sim uma probabilidade que tem como componentes mais importantes quem contrata e quem é contratado. Internet hoje em dia é assunto do departamento de marketing das corporações, e deve ser tratado com empresas especializadas em marketing digital, desta forma um ROI de 300% torna-se bem plausível.

Segundo a pesquisa “Business to business survey 2007″ da Enquiro, 83% das empresas usam a Internet para localizar potenciais fornecedores. Um site bem construído é “achavel”, “usável” e “acessível”, para isto é necessário uma equipe especializada e não mais um profissional que sozinho produza todo resultado. Gerente de projetos, Arquiteto de informação, Webdesigner com enfase em webstandards, webdeveloper com ênfase em aplicações client e server side, Gerente de Marketing digital com ênfase em SEO, além de outros especialistas formam uma equipe para desenvolver um projeto de internet de resultados, e você ainda acha que dá para fazer isto tudo à R$ 199,90 ?

Mainstream x mystream e o cauda longa da comunicação

A dicotomia nova x velha midia esta tomando ares maniqueistas, e o pior, é uma comparação que não devia nem existir, é como comparar agua e óleo. A velha midia com seu estilo tradicional e corporativo acusa a nova mídia de amadorismo, e esta compara a velha midia com os dinossauros, e por ai segue um improdutivo desenrolar de alfinetadas. Enquanto a discussão levanta poeira, um importante exercício que citei no meu último post deixa de ser feito: “Temos de correr o risco de enxergar o que não queremos ver, e com isto ganhar o precioso tempo hábil para nos reconfigurarmos e seguirmos o trem da evolução, para não sermos pegos de surpresa e sermos atropelados por ele.

É preciso levar em consideração que uma grande mudança nas relações pessoais e econômicas foi provocada pela internet. Esta mudança foi sistematizada por Chris Anderson, em seu best seller “A Cauda Longa“. A internet possibilitou uma capilaridade nunca antes vista, atingindo nichos renegados e muitas vezes totalmente desconhecidos. A principio o estudo de Anderson provocou surpresa, mostrando a todos que a cauda longa é maior do que o mainstream, e engorda cada vez mais por conta daqueles que viviam no mainstream e agora podem se juntar às suas tribos. É preciso levar em conta que a imprensa tradicional esta focando no mainstream, e que a imprensa social na cauda longa.

Existe um outro elemento importante, que é a informação, abundante no ciberespaço, é o catalizador da evolução. O crowdsourcing é a personificação desta evolução. O cidadão conectado tem pressa, muita pressa, a instantaneidade é o resultado, ele quer saber agora, o que acontece agora, quer interagir com a noticia. O Jornalismo cidadão é visto como ruído pelo público mainstream, mas é extremamente eficiente para seus apreciadores, e isto a velha mídia precisa entender e estudar.

Existem outros elementos, temos de montar um cenário complexo para entender o que acontece e principalmente montar a estratégia para a reconfiguração da mídia tradicional. Eu não acredito que ela vá morrer, acredito sim, que ela em alguns anos não será nada parecida com que vemos hoje em dia.

SIVA, o mix de marketing 2.0

Uma coisa interessante é que desde que foi implantado por Jerome McCarthy em 1960, o mix de marketing, os 4 Ps, sempre foi o framework mais importante no entendimento do marketing.

SIVA e os 4PsIsto foi assim até que o artigo “In the Mix: A Customer-Focused Approach Can Bring the Current Marketing Mix into the 21st Century” por Chekitan S. Dev e Don E. Schultz saiu na edição de janeiro/fevereiro de 2005 da revista Marketing Management.

Este artigo muda totalmente o paradigma do mix de marketing, que antes era visto da empresa em direção ao mercado alvo, conforme figura ao lado.

No artigo, Schultz e Chekitan, literalmente viram o mix de ponta cabeça, e avaliam a oferta pela ótica do consumidor, e nesta ótica, o que antes eram os 4Ps, viram o SIVA (Solução, Informação, Valor e Acesso).

Para efeito comparativo temos:

4 Ps SIVA
Produto Solução
Preço Valor
Promoção Informação
Praça Acesso

SIVA em detalhes

  • Solução – Como a solução é apropriada para solucionar os problemas e necessidades do consumidor?
  • Informação – O consumidor conhece bem sobre a oferta, se sim, através de quem ? Ele sabe o suficiente para permitir ao consumidor fazer uma boa decisão de compras?
  • Valor – O consumdor percebe o valor da transação, quanto ela custa, qual serão os beneficios, o que ele terá de sacrificar, qual será a sua recompensa?
  • Acesso – Onde o consumidor pode encontrar a solução? O quanto facilmente, local ou remotamente ele pode compra-la ou recebe-la via delivery?

SIVA e Marketing 2.0

Quem esta na internet há pelo menos oito anos deve lembrar que o grande propulsor de tudo que esta acontecendo hoje, que chamamos de web 2.0, comecou com uma grande mudança de paradigma na construção e implementação web. Em torno de 2001 dois assuntos comecaram a dominar este ambiente: Usabilidade e Acessibilidade. O tema bateu de frente com a questão estética, até então dominante e acabou encaminhando para um entendimento de que o usuário é elemento mais importante na internet. Dai para frente, descobrir que os usuários queriam mais do que simplesmente ser um leitor, foi um pulo.

Quem sabe a classica pergunta de um milhão de dolares: “Qual o futuro da comunicação e do marketing” possa comecar a ser respondida? Até então uma incógnita e muitas hipóteses, simplesmente porque existe uma grande possibilidade de estarmos cometendo o erro de avaliar um novo mercado com velhas ferramentas…

Blogsfera S.A.

Toda vez que os representantes da blogosfera brasileira são convidados à participar de um evento para um público tradicional, acontece a mesma coisa, o discurso descamba para um corporativismo “blogocentrado”, ou seja, a mensagem fica cheia de ruido e incompreensível para o público em questão. No caso estou estou falando do Proxxima 2008, no painel “O Fenômeno dos Blogs – Chegou a hora de virar mídia?” o mesmo aconteceu, como descreveu o Jeff Paiva.

Mas o que esta acontecendo? Falta de maturidade da blogosfera brasileira ? Problema de comunicação ? Choque cultural? Acredito que todas as hipóteses são plausíveis, e ainda acrescentaria que a blogosfera é uma “midia” extremamente heterogêna e entrópica e principalmente descentralizada.

Alias como eu já falei anteriormente, não é possível comparar a velha midia com a nova midia (que alias nem pode ser considerada como midia). Não faz sentido esta comparação, são dois mundos distintos, e se assemelham apenas no objetivo: Cultivar leitores.

Poucos representantes da blogosfera conseguem apresentar um discurso corporativista tradicional de seu blog, quanto mais focado nas expectativas de um público como o da Proxxima 2008. Seus discursos são como eu falei “blogocentrado” e a tônica de negócios se dá dentro desta ótica, e o seu modelo de negócios foi apresentado, mas não era isto que o público esperava. Natural, competia ao moderador direcionar e obter as informações que o público desejava.

Seria necessário alinhar o discurso da blogosfera como uma mídia social, eles o são, mas não tangibilizarm isto, e confesso que acho melhor assim. Uma padronização macro da blogosfera seria um desastre, uma utopia, imagine blogs com missão, visão, planejamento estratégico, pauta, etc. Isto mataria a faceta crowdsourcing do jornalismo social, ordenaria a entropia e a blogosfera perderia sua graça e principalmente a sua força.

Por fim, é importante deixar claro que o UGC (User Generated Content) é muito importante, e disseminar uma mensagem de marketing nestas midias sociais é extremamente eficiente, mesmo levando-se em conta que ela é totalmente caótica.

Campus Party e os mundos em colisão

Confesso que fiquei morrendo de inveja do pessoal que foi ao Campus Party, para me manter informado montei um live stream no Twitter usando o TwitterFeed. Vi várias coisas, li diversos posts e fiquei por dentro dos acontecimentos, até dei meus palpites via twitter, interferindo em tempo real com o que acontecia.

Imprensa JurrássicaA cobertura do Jornalismo Social foi bem eficiente, permitindo à qualquer um acompanhar ao vivo todo o evento. Posts, twitts, videos e fotos publicados em midias sociais deram o tom, proporcionando-me uma sensação de estar lá, sem ter saido do home office. Isto não quer dizer que eu não tenha acompanhado algo sobre o Campus Party na mídia tradicional, acompanhei sim, pelo G1, IDG Now!, e outros que apareciam no meu live stream. Infelizmente percebi que os mais tradicionais da velha midia estavam mais interessados em retratar o aspecto bizzaro e inusitado do evento, deixando de mostrar o que realmente interessava. Algumas destas reportagens deixaram transparecer um estereótipo Geek completamente desatualizado no imaginário coletivo de seus autores e editores.

Os campuzeiros fizeram muitas brincadeiras com a imprensa, e até foram hostis vaiando os palestrantes no painel “A Imprensa e o meio digital“, quando a blogosfera foi colocada na berlinda. Alias durante todo o evento, os mundos estavam literalmente em colisão, como sabiamente retrata este clássico de Nemo Nox.

E natural que isto aconteça, mas estávamos acostumados com choques culturais à cada geração, à cada dez anos em média, mas agora na era da geração conectada, isto acontece com uma freqüência cada vez maior, e com uma intensidade muito maior, talvez um ano seja um período de tempo muito grande agora.

Eu ja havia decidido que não escreveria sobre o Campus Party, até que vi este post do Michel Lent, no inicio pensei que o Michel havia se tornado um dinossauro, sempre o admirei por sua visão de vanguarda, mas o que estava acontecendo? Foi quando eu percebi que na verdade ele soube narrar com perfeição, o que um leigo enxergaria na blogosfera. É neste dilúvio informacional, que ele chama de ruído, que estamos habituados à nos informar, para isto usamos ferramentas que nos ajudam à enxergar na neblina. Os leitores mais tradicionais, enxergam este ruído e acabam buscando referências do mundo real, que são as mídias tradicionais.

Depois o René de Paula Jr, publicou um podcast falando dos erros e riscos da guerra nova x velha mídia. Na percepção dele, não existe motivação para tal, e mesmo se existisse o embate poderia se dar de outra forma, até porque da maneira que vem sendo conduzido a credibilidade da blogosfera pode ser colocada em xeque. René fala da importância de conhecer o “inimigo” por dentro, para que se possa ter uma visão desprovida de preconceitos acredito eu. Sun Tzu em seu classico a Arte da Guerra fala algo parecido: “Conheça si e seu inimigo e ganhe todas as batalhas”.

Mas não existe guerra, não existe batalha, nem é possível comparar a Imprensa Tradicional com a Imprensa Social, apesar do objetivo de ambas ser a informação, as motivações, aspirações, e estrutura socio-econômica-organizacional das duas são totalmente diferentes, é como querer comparar cebolas com laranjas.

Mas então porque existe esta hostilidade ? Lembra do caso Estadão x Blogs? Foi uma campanha do Estadão que subestimava os blogueiros, onde um macaco “Bruno” fazia um blog de economia e outras peças com a mesma tônica. Segundo a Talent, a agência que bolou as campanhas, uma parcela significativa da blogosfera é fútil, o que é verdade, mas as peças não faziam esta distinção e a coisa pegou muito mal.

A repercussão foi tão negativa que o Estadão organizou um debate, debate este que tinha por objetivo comparar cebolas com laranjas, ou seja o corporativismo da mídia tradicional com o crowdsourcing da blogosfera. Ou seja continuaram errando, e de certa forma hostilizaram ainda mais os blogueiros no debate, e a “lava” continuou fervendo. Nem mesmo o “Limão“, projeto do Estadão amenizou este “ranço”.

Notáveis representantes da blogosfera acham que esta discussão não vai levar a lugar nenhum. Edney fala que este assunto esta ficando chato, opinião compartilhada pelo Inagaki, e Jonny Ken mostra que a discussão é inocua e quem tem telhado de vidro não deve jogar pedra para o alto. Mas toda esta confusão acaba sendo requentada por mais preconceitos, como o fato ocorrido com Fugita, que relata um flagrante de preconceito com a blogosfera na coletiva de imprensa de encerramento do Campus Party.

E quem pensa que os motivos acabaram, então fique atento à nova campanha da Leo Burnet que pode requentar a discussão. Uma coisa importante é que a blogosfera tenha em mente que seus blogs são seus alter EGO, e que levar todo tipo de provação à ponta de faca, acaba deixando a blogosfera igual o “Bobão do play”, aquele cara que todo mundo gosta de implicar. Pense nisso…

20/02/08 – Saiu um post bem interessante por Thiane Loureiro no blog da Edelman

Referências : Linkadas ao longo do texto e fotos: Flickr do Radar Cultura, editadas e disponíveis na mesma licença

A instantaneidade, o crowdsourcing e o jornalismo social

Há menos de 20 anos, o máximo de instantaneidade, em termos jornalísticos, que a humanidade conhecia eram a TV e o radio. As chamadas de extra na telinha e no “dial” anunciavam um fato relevante, mas poucas eram as fontes de informação, a noticia era pré-digerida pelo emitente. Vinte e quatro horas depois, poderíamos obter mais detalhes nos jornais e posteriormente nas revistas, ai então um pouco de diversidade e controvérsia, mas tudo muito ameno. As informações eram filtradas em escolhidas por diretores e redatores, e nossa liberdade de escolha se restringia à poucas opções. Naquele tempo, em um caso como o do incêndio recente na California, ocorrido em 20 de outubro deste ano, levaríamos pelo menos duas semanas para termos um volume de informação significativo a respeito do caso, coisa que hoje temos a disposição 24 horas depois. A diversidade então, impossível comparar. Imagine um verbete em uma enciclopédia então, só no ano seguinte, e não em poucas horas como ocorre na Wikipedia.

Desde os primeiros segundos, diversas pessoas começaram a cobertura do incêndio através de seus blogs, Twitter, YouTube, e não menos relevante, através da Wikipedia. A cobertura se dá de forma descentralizada com as pessoas “Twittando” através de seus celulares, postando em seus blogs a partir de seus smartphones, ou até mesmo de seus notebooks. A forma de conexão com a Internet hoje em dia, definitivamente não é fator determinante para o crowdsourcing, estamos cada vez mais conectados[bb], e a tendência é nos conectarmos de forma cada vez mais ubiqua, até o ponto onde a excessão será não estar conectado, os desconectados serão os Amishs do século XXI.

A grande espiral evolutiva continua acelerada e com o raio cada vez menor, a instantaneidade é primordial, queremos saber agora, o que acontece agora, para isto os veiculos tradicionais parecem verdadeiros paquidermes, até mesmo as midias tradicionais no meio digital são lentas. Uma hora, meia hora pode ser muito tempo, queremos saber dos fatos em tempo real, queremos praticamente interagir com eles. Vivemos conectados, notebooks[bb], smartphones[bb], e até mesmo simples celulares via SMS ou MMS, pouco importa, o que importa é interagirmos em tempo real, noticiarmos em tempo real, coisa que os dinossauros da comunicação não entendem. Se entendessem poderiamos pedir ao camera para posicionar-se um pouco mais a direita, ou avisar ao reporter que “aquele cara ali de boné” parece estar sabendo dos fatos. É a vida em tempo real, é a vida conectada, é a informação ubiqua.

Constantemente a credibilidade do jornalismo social é posta em xeque, os veiculos tradicionais defendem que somente eles estão aptos a noticiarem com credibilidade, e que o Jornalismo Social não é confiavel. Trata-se de uma meia verdade, uma vez que os veiculos tradicionais cometem verdadeiras gafes, como o caso do “Homem que diminui o dedo para usar o iPhone” noticiado pelo Estadão. A confiabilidade do Jornalismo social é diretamente proporcional ao número de fontes, ou a credibilidade conquistada por algumas delas. Um grande número de fontes permite ao leitor avaliar por amostragem o que é ou não confiavel, e assim construir a sua percepção de confiabilidade de algumas fontes. Muitos blogs publicam matérias de alta qualidade e confiabilidade, uma vez que para alguns, o blog é uma fonte de status e/ou receita e o leitor é o seu mais valioso ativo.

Em termos de número de fontes, velocidade e interação, o micro-blogging revelou-se um grande aliado do Jornalismo social, e o Twitter é de longe a mais popular ferramenta de micro-blogging. O caso citado acima, do incêndio na California, foi notório mas não o único coberto via Twitter. A grande “sacada” é que em micro-blogging o texto é limitado a 140 caracteres e o celular[bb] é uma potencial ferramenta jornalistica. Textos via SMS para o Twitter, fotos e videos via e-mail para o Flickr e YouTube respectivamente e na outra ponta temos a noticia em qualquer dispositivo, é o verdadeiro crowdsourcing jornalístico.

Um dos “twitteiros” que cobriram o incêndio na California, o Nate Ritter criou uma ferramenta genial, o HashTags, baseado nas populares hash tags utilizadas no Twitter. O HashTags simplesmente captura e grava todos os posts feitos por uma determinada #tag, para isto basta que você tenha uma conta no Twitter adicione o usuário hashtags, que é um bot. A partir deste momento todas as tags que você utilizar serão gravadas no HashTags, e em tempo real. Enquanto escrevia este post, “twittei” usando a tag #entropia, fiz algumas dicas sobre o HashTags nas tags #hint , #dica e #tags. O HashTags mostra ainda um pequeno grafico de atividade de cada tag, possibilitando visualmente identificar qual tag esta quente ou não.

Na minha opinião, HashTags está para o jornalismo crowdsourcing assim como o Twitter está para o micro-blogging, estamos presenciando os contornos da nova economia, da economia Free, de economia crowsourcing. E você o que acha?

Leia mais:

Update 18/12/07 – Existe um novo serviço, o TerraMinds que não funciona como o HashTags mas ele indexa todos os usuarios do Twitter e permite pesquisar por nome de usuário ou palavra chave. Igualmente útil para o Jornalismo Crowdsourcing

VII Gamacom

Há oito aos que a Universidade Gama Filho não realizava o GAMACOM, o tradicional encontro de Comunicação Social da instituição. Tive a honra de ser convidado para participar de um dos painéis do encerramento que tratava do tema “Convergência e Interatividade“. O painel foi mediado pelo profesor Christiano Henrique dos Santos, sub coordenador do curso no Campus Downtown. Junto comigo na mesa estavam Laís Pimentel (Gerente de Conteúdo do Portal G1) e Aydano André Motta (Jornalista e Redator Especializado da Coluna do Ancelmo Gois).

Laís Pimentel foi a primeira a falar e relatou sua experiência no RJ TV, no portal G1 e na BBC em Londres. Laís com sua eloquência e simpatia falou com bom humor da sua experiência em trabalhar na BBC, e os incríveis protocolos a serem seguidos quanto o assunto é a Realeza Britânica. Segundo Laís, as rádios Inglesas, além da ótima qualidade são bem diversificadas, atendendo a nichos bem específicos. Será o cauda longa das radios ? (grifo meu).

Da sua experiência no G1, que foi criado para “furar” a Globo News, Lais chamou a atenção para a velocidade com que a matéria precisa ser públicada no portal. Muito menos burocratizado e com uma logistica muito mais enxuta que os outros meios, como rádio, Jornal ou TV, os portais medem seu desempenho em minutos. Estar cinco minutos à frente do concorrente faz uma enorme diferença em tempos onde a instantaneidade é uma característica dos veículos de comunicação. Uma outra grande preocupação levantada pela Lais e endosada pelo Aydano foi a checagem da notícia, que acaba tornando-se um grande “calcanhar de aquiles” nesta velocidade. Por fim Laís citou ainda o exemplo do vídeo produzido por celular que já é utilizado pela BBC, bem como o uso da convergência para o envio de fotos, textos e filmagens pela Internet dando mais velocidade à sua publicação.

Aydano Motta falou de sua experiência com o Ancelmo Gois, no Ancelmo.com e sua experiência como jornalista. Segundo Aydano, apesar do discurso apocaliptico de alguns jornais como o The New York Times, o jornal não vai acabar, continuarão a existir. Por outro lado ele ressaltou que os jornalistas é quem precisam se adaptar ao novo meio.

Aydano também levantou a questão da confiabilidade e velocidade da informação. Segundo Aydano, publicar para a Internet é uma tarefa muito mais rápida e simples, basicamente basta um smartphone ou um notebook para isto. Para Aydano, O “clima” da redação é muito mais quente e em geral pelo menos dois profissionais comentam uma matéria antes dela ir para o Jornal, já na Internet esta tarefa é mais solitária, o reporter tem grande autonomia para publicar, e basicamente não precisa submeter sua matéria à criticas, culpa da instantaneidade.

A Internet Brasileira é essencialmente Paulista, ressaltou, assim como o a mundial é Americana. Curiosamente eu ja havia ouvido esta constatação nos meus tempos de Evangelista da Macromedia.

Um case curioso de tendência participativa foi quando ele citou o Blog Reporter do Crime, onde Jorge Barros mapeou a violência e abriu a participação aos leitores que enviaram milhares de e-mails com relatos de crimes e sua localização. O Trabalho ficou tão bom que foi utilizado pela secretaria de segurança do Rio de Janeiro. É o crowdsourcing em prol da cidadânia (grifo meu). Aproveitando a “deixa” Aydano citou ainda um belo exemplo de Jornalismo colaborativo, o OhMy News.

Fiz uma apresentação inicial, falei dos tempos de Macromedia, e tentei resumir em 10 minutos um histórico da Internet no Brasil que gastei uma hora e meia na última vez que falei dele. Fiz um breve histórico evolutivo, falei rapidamente dos primórdios e em seguida do modelo de negócios do Flash Brasil que tornou-se referência da Macromedia, e me levou a dar uma palestra em 2001 em New York para 100 lideres de comunidades virtuais de diversas partes do mundo. Neste mesmo evento assisti à palestras do SteveKrug, outra de Hillman Curtis e diversas outras me levando a constatação de que a Internet deste ponto em diante iria tomar outra dinâmica, afinal estava assistindo ao marco da mudança da Internet “Egocentrada” para o foco no usuário, e que anos depois levou ao que hoje conhecemos por web 2.0, a internet produzida pelo usuário.

Com o tempo ficando curto, passei logo para as novidades, falei um pouco de inteligência coletiva, crowdsourcing, e das comunidades do Orkut com vida inteligente, dentre elas a Cibercultura, Publicidade e Propaganda e Marketing no Brasil. Falei do TechCrunch 40, onde foram apresentados alguns serviços inovadores como o Viewdle que faz reconhecimento facial e esta em testes pela Reuters, do Teach the People que é um site de e-learning colaborativo, do Kaltura que permite a produção crowdsourcing de videos e do Ponoko que permite que os usuários produzam móveis e utensílios e os venda na Internet.

Com o tempo curto, não tive tempo de explicar o que tanta tecnologia tem em relação ao marketing. Agências Digitais devem estar antenadas a todas as tendências tecnológicas e sociais das midias interativas, pois em linhas gerais o marketing digital não segue à regras e metodologia pré-estabelecidas, o sucesso de uma ação digital depende muito do conhecimento e feeling. As oportunidades de ações interessantes e de sucesso dependem de uma equipe antenada, ligada tambem nos últimos hypes, no que já virou meme e enxergar uma forma de disseminar a mensagem sem interferir no equilibrio do ciberespaço e com grande chance de propagar-se.

Após minha apresentação um grupo me interpelou, e uma menina, cujo nome não lembro, me perguntou exatamente porque o boom da internet se deu em 2000/2001 coincidindo com o que falei sobre a acessibilidade e usabilidade como percursor da web 2.0. Na hora respondi basicamente que além da constatação do usuário, a Internet começou a ser anunciada com mais frequencia a TV. Me enganei viu! Na verdade os anuncios de serviços de Internet na TV comecaram em 1999. Em 2000 tivemos a febre do acesso grátis e nos dois anos seguinte a consolidação dos blogs. Em 2004 o início do Orkut. Estes eventos sim, podem ser considerados como responsáveis pelo boom da internet. Esta tudo nos slides que usei na minha palestra “A Dinastia do Flash no Brasil“.

Rentabilização no site dos outros é refresco ?

Eu acabei descobrindo esta polêmica no Techbits, que desenvolveu uma matéria interessante sobre um post publicado no OutroLado, criticando o próprio modelo de negócios do site. Dentre as observações do autor do post, destacamos:

Trocando em miúdos, o texto que nós escrevemos e lá publicamos não gera tráfego para os nossos sites e, por consequência, não gera os dividendos advindos dessas visitas.

A princípio, a única vantagem que o autor tem é de divulgar-se um pouco em um site que tende a ser bastante visitado – por estar vinculado a uma grife como o Webinsider -, além de um link que pode ajudar um pouco no PageRank, caso o Outrolado venha a galgar bons degraus no Google.

Interessante a abordagem, mas acho que em linhas gerais é muita discussão para pouca coisa, você não acha?

Vejamos os fatos, o autor do artigo citado coloca algo como: “Nós publicamos e vocês ganham“, a primeira pergunta é ganham quanto ?

O Flash Brasil, o maior site que idealizei e mantenho é muito bem visitado, e a rentabilização me permite comprar três livros por ano na Amazon, pagar as contas do site e um ou dois almoços no ano. Muito dinheiro ? Poucos são os sites/blogs que faturam mais de R$ 1000,00 por ano em rentabilização!

Então vamos à algumas perguntas:

Você acha justo que o cara que cria um site de conteúdo possa ao menos zerar o investimento?
O usuário que publica conteúdo no site de terceiros quer receber uma participação, ele tem ideia do valor que esta reinvidicando?

Mundando de posição, agora como o cara que esta gerando conteudo para o site. A sensação de que esta “pondo azeitona na empada dos outros” é evidente. O imaginário coletivo, em especial no Brasil, é de que o empreendedor sempre lucra muito nas costas daquele que para ele trabalha. O certo é o empreendedor ficar com todos os riscos do empreendimento sozinho e dividir o lucro em partes iguais?

Então vamos à mais uma pergunta:

A unica vantagem de publicar nestes sites é o resultado financeiro direto?

Obviamente que não, o ganho financeiro direto é o menor dos rendimentos, qualquer outro ganho é muito maior. O incremento de visitas ao seu blog, uma ascensão nas ferramentas de busca, são muito mais lucrativos. Uma exposição maior, e principalmente estar ao lado de nomes consagrados de sua área, são valores muito maiores.

Então mais uma pergunta:

Então o grande negócio é que vou ganhar mais exposição ?

Se você chegar a esta pergunta, então ainda não sacou a real oportunidade que é a de receitas indiretas e de médio prazo. Uma vez que seu conteúdo tenha qualidade, ele vai atrair interesse dos leitores, vai te alavancar na blogosfera, vai te jogar na midia de massa ou não, mas novas oportunidades realmente aparecerão, aqueles R$ 2,99 por mês pelos quais você tanto brigou não terão a menor representatividade.

O maior valor de postar em sites assim, é fazer um bom networking !