Cluetrain 10 anos depois

Este artigo é uma tradução livre do artigo “The Clue Train 10 years on” de Karl long, com a devida autorização do autor.

O manifesto cluetrain, um livro concebido 10 anos atrás, previu e descreveu muitas das forças que foram disruptivas na economia, ativadas através da web 2.0.

Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos-e mais espertos que a maioria das empresas.

O ponto “mercados são conversações” sempre foi verdadeiro, mas o impacto desta afirmação foi realizada bem lentamente pelos negócios através dos últimos 10 anos. Fantásticamente, os conselhos e os insights deste livro ainda continuam válidos, embora o tom seja um pouco polêmico neste ponto, entretanto, ninguém mais precisa ser convencido a cerca das verdades traçadas neste livro.

Houve recentemente um evento em New York para discutir a relevância do manifesto cluetrain 10 anos, que foi blogado ao vivo por Josh Bernoff da Forrester. Nesta conferência Doc Searls usou poucas palavras para falar de publicidade, o que acredito não ser nenhuma novidade, mas pensei em como as empresas e agências ainda estão viciados nos formatos incrementalmente ineficientes e decadentes, e que ainda não acreditam no que Doc falou:

  1. A publicidade como conhecemos ira acabar.
  2. Pessoas arrebanhadas em jardins emparedados e que acham que isto as colocam em uma sociedade, verão como isto é um absurdo. (Facebook, Orkut são exemplos.)
  3. Nos iremos constatar que os mais importantes produtores são aquelas que costumamos chamar de consumidores.
  4. O valor da cadeia será substituído pelo valor da constelação. (muitas conexões).
  5. “Qual o seu modelo de negócios?” não será mais a pergunta para tudo. (Qual o modelo de negócios para suas crianças?)
  6. Nos iremos fazer dinheiro maximizando o “efeito porque”.(”Efeito porque” é o que acontece quando você faz mais dinheiro porque há alguma coisa mais com ele) Ex: Pesquisar e blogar.
  7. Nos teremos a habilidade de gerenciar as empresas da mesma forma como elas nos gerenciam hoje. (Acordos entre empresas e consumidores não serão mais favoráveis às empresas.) Na Escola de Direito de Harvard eles chamam isto de VRM – Vendor Relationship Management, onde Doc Searls esta trabalhando no projeto VRM.
  8. Nos iremos casar a web viva com o valor da constelação. (A web viva não é apenas sobre estrelas. Relacionamentos de todos com todos.)

No caso da publicidade em redes sociais, dê uma lida no artigo da Business Week sobre a eficiência da publicidade em redes sociais.

Profissionais de marketing falam que pelo menos 4 em 10.000 pessoas que visualizam suas campanhas em sites de redes sociais clicam nelas.

Voltando ao tema “mercados são conversações” seguramente na pior das hipótese é uma publicidade falsa, sem autenticidade, monólogo, porque empresas tem pavor de manter uma conversação, é isto que as pessoas percebem? O que elas percebem? Provavelmente o volume de publicidade, será que a melhor destas campanhas pode provocar ao menos uma centelha de conversação?

Então me diga que mecanismos a sua agência de propaganda proporciona para ajudar a “continuar a conversação” ?

Fonte: The Clue Train 10 years on at ExperienceCurve

Educação, ainda precisamos do velho modelo?

Irapuan Martinez, um velho amigo, sempre defendia a tese de que Internet se aprende na Internet, esta afirmativa ja faz quase dez anos. Por muito tempo argumentei que não era bem assim, afinal eu tinha um Centro de Treinamento Macromedia, e precisava defender o argumento de que aprendendo comigo era mais rápido.

Mas o tempo passou e meu filho cresceu digitalmente livre, nunca instalei nenhum software de controle, e ele sempre teve o proprio computador. Ensinei-o a se defender digitalmente, e sobrevivemos. Ele usou esta liberdade para aprender à aprender. Na web ele aprendeu Perl, Ruby, C#, ActionScript 3, Modelagem de jogos, aprendeu a gerenciar e construir servidores de MMORPG, modelagem de mundos virtuais e agora estava no quarto aprendendo modelagem no Maya, e a cada dia me surpreende com uma novidade.  Tudo isto com poucos livros, alias os poucos livros sobre o assunto continuam novinhos, ele não os usa, aprendeu tudo na Internet. O espirito do consumismo hedônico da nova geração nele se deu pelo conhecimento, ele é um devorador de conhecimento, mas não demonstra nenhum apego com ele, joga fora projetos sem a menor cerimonia.

Meu filho costuma chamar a escola dele de Jurássica, apesar de ter lousas digitais, não permite que o aluno use nenhum equipamento eletrônico em sala de aula. Ele não quer um notebook, pois não pode rodar os seus jogos prediletos, nem um mini notebook porque não o deixarão usar na sala de aula.

O que acabei de relatar do meu filho, é um retrato do que vem por ai, ele não é a media, faz parte de uma minoria digitalmente alfabetizada, a grande maioria das pessoas ainda utilizam a tecnologia sob a égide do preconceito midiaticamente construido, desta forma sempre tiveram a internet sob uma visão distorcida, uma internet como um mundo de perversidade e maldade, e repleta da bobagens e com nada para ensinar, azar o deles.

E é no conflito destes dois mundos que foco meu artigo, que não tem objetivo conclusivo, apenas de levantar a discussão. A semente da questão se deu pelo último Descolagem de 2008, foram várias palestras interessantes e a do Luli, apesar dele aplicar uma dinâmica de locutor às suas palestras, pesquei muitos insights interessantes. Um deles foi sobre o que acontece com a tecnologia no ambiente educacional foi mais ou menos assim:

O educador não entende a tecnologia, o desconhecimento apresenta-se como uma ameaça, e esta ameaça é respondida como o entendimento de que a tecnologia é nociva. Dai surge o bordão de que na Internet só tem bobagem, e que ela “come criancinhas”.

Na verdade sugiro que você leia sobre o Descolagem #3 Educação, e vejam os videos disponíveis, todos os palestrantes tiveram insights interessantes, foi um compartilhamento sublime de conhecimento.

Voltando à discussão, em breve mais crianças serão digitalmente alfabetizadas, com a ubiquidade do acesso à Internet, o computador é o único vilão que os papais dinossauros enxergam. Mas onde iremos chegar?

Simples, muito simples, como diz o Luli, as escolas são verdadeiras redes sociais, ninguem vai para a escola para aprender, vai para encontrar com os amigos, aprendem como consequencia. Alias é justamente no aprender e ensinar que esta a questão.

O modelo falido de educação no Brasil pode ficar pior, e corre o risco das crianças surpreenderem seus professores com informações e novidades que eles mesmos não sabiam. Alguns mitos foram e serão quebrados, e isto demanda uma reação rapida por parte dos educadore e escolas, é uma questão de sobrevivência, antes que eles se tornem obsoletos:

  1. Ensinar a aprender – Para muitos não existe outra opção, o professor precisa mastigar a informação e deposita-la na cabeça do aluno, mas isto é uma herança do secular sistema educional, onde um professor fala e os alunos escutam. É um mal tão sedimentado em nossa sociedade, que quando o professor tenta ser diferente, ensinando a aprender por exemplo, é criticado. Mas o certo é isto, é ensinar à aprender, aprendendo à aprender o aluno aprende a filtrar as informações, mas se o aluno aprender sozinho para que serve o professor?
  2. Orientador e motivador – O professor passa a atuar como um orientador e motivador, um instigador da curiosidade, ensina ao aluno a buscar informações relevantes, a confrontar as discordantes e principalmente o ensina à tirar suas próprias conclusões.
  3. Internet só tem bobagem – Acho que não tem bobagem maior do que esta afirmativa, e o pior é que as crianças estão descobrindo que estão sendo enganadas por seus professores, afinal não é bem assim. Tem bobagem sim, mas tem muita coisa relevante.
  4. A informação precisa ser sistematizada – Esta ai um caso curioso, a sistematização da informação para aplicação em sala de aula é uma herança do tempo que o acesso ao conhecimento era elitizado, hoje em dia muita gente compartilha informação relevante na web, e esta informação esta acessível a qualquer um. A essência esta em ensinar ao aluno à sistematizar estas informação, quem sabe um roteiro de pesquisa não ajude?
  5. Tecnologia tira a atenção do aluno – Na verdade o aluno esta acostumado a interagir, e a buscar informações com velocidade, a nova geração esta ficando multitarefa, é aquela geração que usa o computador assiste TV e ainda pode estar ouvindo música, tudo ao mesmo tempo, “zapeando” de um para o outro na hora em que um tiver algo relevante. Imagine este mesmo aluno sentado numa carteira assistindo a um único discurso vindo de uma única fonte, no caso o professor. Esta na hora de virar a tecnologia a favor da educação.
  6. Use as novas tecnologias – Não evite as tecnologias, a proibição de celular em sala de aula é uma grande bobagem, a nova geração é conectada, e diferente do que se preconizava, tem intensa vida social online, e tem boa parte do seu lazer digital em grupo. As escolas deveriam aprender com a industria dos Games, porque não uma aula por semana no Second Life? Porque não adaptar um MMORPG para ensinar história? Porque não pedir um trabalho de Geografia no Google Maps, ou modelo de física no Flash?

A questão é que não faço ideia de como pode ser o novo modelo de educação, não sou educador, sou publicitário e professor eventual, posso estar falando um monte de bobagens, mas ao menos emito minhas opiniões, compartilho minhas ideias, gosto de uma boa e construtiva discussão.

E você acha que o velho modelo educacional ainda sobrevive quantos anos?

O novo geek e Maslow

Há vinte anos, o computador era um totem sagrado, que habitava o hermético e gelado santuário da tecnologia. Mouses ainda caiam em ratoeiras e interface gráfica,…., hein ? Era necessário aprender complexos comandos para fazer alguma coisa com estes computadores, e padronização era um nome feio, quase utopia. Na esfera da computação pessoal, nem mesmo sistema operacional os PCs tinham, ao ligar apenas o cursor do Basic piscava na tela. Jogos e programas vinham em revistas como a Microsistemas, mas não eram em CD e nem em disquete, eram códigos fonte para digitar! Quem entendia de computador eram caras esquisitos, que falavam coisas esquisitas e em geral eram a antintese do playboy, eles eram conhecidos por Nerds, ou Geeks.

Hoje em dia o computador virou suco, pulverizou-se, tornou-se ubíquo. Os novos geeks são sociáveis e conectados, usuários compulsivos de gadgets, e principalmente os que permitem esta conectividade. Como diz Scott McNealy, Chairman da Sun, “Era da informação é coisa do século XX, coisa do passado, ja estamos na Era da participação“. O novo geek esta sempre encontrando um bom motivo para uma boa socialização presencial, os primeiros bons motivos foram os Barcamps, e dai uma infinidade de “camps” surgem a cada dia, “botecamps”, “chopcamp”, “o bar do camp”, e por ai vai. Mas o mais interessante é que boa parte dos novos geeks brasileiros fazem esta interação on e off line, e muitas vezes viajam de um estado para outro para uma boa confraternização. Todas as confraternizações são cobertas em tempo real pelos participantes, e quem esta de longe muitas vezes chega a sentir que esta na mesa, participando dos papos animados, e desgutando um belo chopp, ou participando de alguma desconferência.

Os geeks continuam esquisitos, mas agora são uns esquisitos sociáveis e isto faz a maior diferença, o que aconteceu? Cadê aquele geek anti-social do século passado? Como explicar o que aconteceu? Alias o que aconteceu? Aconteceu alguma coisa? O que aconteceu foram mudanças, evoluções tecnológicas que foram sendo absorvidas e transformadas em ferramentas sociais.

O visionário digital do século passado era indispensávelmente da area tecnologia, hoje as características sociais estão tão intrissicamente ligadas à tecnologia, que os visionários digitais do século XXI certamente são ligados às areas humanas. Assim como a internet deixou de ser fim, para ser meio, a sua utilização se da cada vez mais por pessoas comuns.

Piramide de Maslow das midias sociais

Existem algumas teses que possuem ampla gama de aplicações, como a regra de Pareto, a curva de sino e porque não a pirâmide de Maslow para tentar explicar este fenômeno ?

No conceito original, a pirâmide de Maslow é utilizada de forma estática, ou seja, escala-se degrau por degrau, ou dinâmica, que dependendo da situação, pode-se transitar entre os degraus e até mesmo estacionar entre dois deles. Vamos adotar uma analise estática. Desta forma é simples, os dois primeiros degraus representam os patamares determinantes ao ingresso à midias sociais, e hoje em dia são rapidamente percorridos:

  • Conhecimento tecnológico – Hoje em dia, com interfaces cada vez mais intuitivas, o conhecimento tecnológico é um degrau irrelevante, facilmente transposto por qualquer um que tenha o minimo de conhecimento.
  • Conexão, acesso – Com o advento da inclusão digital e das Lan houses populares, e da queda nos preços do acesso banda larga, conexão e acesso estão faceis para muita gente.
  • Interação, participação – É o momento em que o usuário começa a interagir em midias sociais tais como redes sociais, foruns, listas de discussão, instant mensagers, e até mesmo comentando e/ou criando blogs. É o momento em que alguns usuários partem para a interação física, nos eventos geeks.
  • Estima, reconhecimento – Agora o usuário quer reconhecimento, inicia um blog, uma comunidade, ou até mesmo torna-se um usuário extremamente participativo nos foruns e listas de discussão. O usuário busca reconhecimento e investe pesado nisto.
  • Auto realização – Sua presença no ciberespaço está garantida, ele já é reconhecido, e tornou-se uma celebridade. É prosumer, faz parte de um ou mais nucleos sociais. Torna-se um compulsivo por mashups e redes sociais, tem perfis em quase todas, e por incrível que pareça consegue manter tudo atualizado. Neste momento existe por diversas razões o trânsito entre o degrau abaixo, é natural, pois manter-se no topo é infinitamente mais dificil do que chegar lá.

Esta é uma hipotese, esta aberto a discussão, vamos iniciar um estudo antropológico do ciberespaço ?

Blogsfera S.A.

Toda vez que os representantes da blogosfera brasileira são convidados à participar de um evento para um público tradicional, acontece a mesma coisa, o discurso descamba para um corporativismo “blogocentrado”, ou seja, a mensagem fica cheia de ruido e incompreensível para o público em questão. No caso estou estou falando do Proxxima 2008, no painel “O Fenômeno dos Blogs – Chegou a hora de virar mídia?” o mesmo aconteceu, como descreveu o Jeff Paiva.

Mas o que esta acontecendo? Falta de maturidade da blogosfera brasileira ? Problema de comunicação ? Choque cultural? Acredito que todas as hipóteses são plausíveis, e ainda acrescentaria que a blogosfera é uma “midia” extremamente heterogêna e entrópica e principalmente descentralizada.

Alias como eu já falei anteriormente, não é possível comparar a velha midia com a nova midia (que alias nem pode ser considerada como midia). Não faz sentido esta comparação, são dois mundos distintos, e se assemelham apenas no objetivo: Cultivar leitores.

Poucos representantes da blogosfera conseguem apresentar um discurso corporativista tradicional de seu blog, quanto mais focado nas expectativas de um público como o da Proxxima 2008. Seus discursos são como eu falei “blogocentrado” e a tônica de negócios se dá dentro desta ótica, e o seu modelo de negócios foi apresentado, mas não era isto que o público esperava. Natural, competia ao moderador direcionar e obter as informações que o público desejava.

Seria necessário alinhar o discurso da blogosfera como uma mídia social, eles o são, mas não tangibilizarm isto, e confesso que acho melhor assim. Uma padronização macro da blogosfera seria um desastre, uma utopia, imagine blogs com missão, visão, planejamento estratégico, pauta, etc. Isto mataria a faceta crowdsourcing do jornalismo social, ordenaria a entropia e a blogosfera perderia sua graça e principalmente a sua força.

Por fim, é importante deixar claro que o UGC (User Generated Content) é muito importante, e disseminar uma mensagem de marketing nestas midias sociais é extremamente eficiente, mesmo levando-se em conta que ela é totalmente caótica.

A instantaneidade, o crowdsourcing e o jornalismo social

Há menos de 20 anos, o máximo de instantaneidade, em termos jornalísticos, que a humanidade conhecia eram a TV e o radio. As chamadas de extra na telinha e no “dial” anunciavam um fato relevante, mas poucas eram as fontes de informação, a noticia era pré-digerida pelo emitente. Vinte e quatro horas depois, poderíamos obter mais detalhes nos jornais e posteriormente nas revistas, ai então um pouco de diversidade e controvérsia, mas tudo muito ameno. As informações eram filtradas em escolhidas por diretores e redatores, e nossa liberdade de escolha se restringia à poucas opções. Naquele tempo, em um caso como o do incêndio recente na California, ocorrido em 20 de outubro deste ano, levaríamos pelo menos duas semanas para termos um volume de informação significativo a respeito do caso, coisa que hoje temos a disposição 24 horas depois. A diversidade então, impossível comparar. Imagine um verbete em uma enciclopédia então, só no ano seguinte, e não em poucas horas como ocorre na Wikipedia.

Desde os primeiros segundos, diversas pessoas começaram a cobertura do incêndio através de seus blogs, Twitter, YouTube, e não menos relevante, através da Wikipedia. A cobertura se dá de forma descentralizada com as pessoas “Twittando” através de seus celulares, postando em seus blogs a partir de seus smartphones, ou até mesmo de seus notebooks. A forma de conexão com a Internet hoje em dia, definitivamente não é fator determinante para o crowdsourcing, estamos cada vez mais conectados[bb], e a tendência é nos conectarmos de forma cada vez mais ubiqua, até o ponto onde a excessão será não estar conectado, os desconectados serão os Amishs do século XXI.

A grande espiral evolutiva continua acelerada e com o raio cada vez menor, a instantaneidade é primordial, queremos saber agora, o que acontece agora, para isto os veiculos tradicionais parecem verdadeiros paquidermes, até mesmo as midias tradicionais no meio digital são lentas. Uma hora, meia hora pode ser muito tempo, queremos saber dos fatos em tempo real, queremos praticamente interagir com eles. Vivemos conectados, notebooks[bb], smartphones[bb], e até mesmo simples celulares via SMS ou MMS, pouco importa, o que importa é interagirmos em tempo real, noticiarmos em tempo real, coisa que os dinossauros da comunicação não entendem. Se entendessem poderiamos pedir ao camera para posicionar-se um pouco mais a direita, ou avisar ao reporter que “aquele cara ali de boné” parece estar sabendo dos fatos. É a vida em tempo real, é a vida conectada, é a informação ubiqua.

Constantemente a credibilidade do jornalismo social é posta em xeque, os veiculos tradicionais defendem que somente eles estão aptos a noticiarem com credibilidade, e que o Jornalismo Social não é confiavel. Trata-se de uma meia verdade, uma vez que os veiculos tradicionais cometem verdadeiras gafes, como o caso do “Homem que diminui o dedo para usar o iPhone” noticiado pelo Estadão. A confiabilidade do Jornalismo social é diretamente proporcional ao número de fontes, ou a credibilidade conquistada por algumas delas. Um grande número de fontes permite ao leitor avaliar por amostragem o que é ou não confiavel, e assim construir a sua percepção de confiabilidade de algumas fontes. Muitos blogs publicam matérias de alta qualidade e confiabilidade, uma vez que para alguns, o blog é uma fonte de status e/ou receita e o leitor é o seu mais valioso ativo.

Em termos de número de fontes, velocidade e interação, o micro-blogging revelou-se um grande aliado do Jornalismo social, e o Twitter é de longe a mais popular ferramenta de micro-blogging. O caso citado acima, do incêndio na California, foi notório mas não o único coberto via Twitter. A grande “sacada” é que em micro-blogging o texto é limitado a 140 caracteres e o celular[bb] é uma potencial ferramenta jornalistica. Textos via SMS para o Twitter, fotos e videos via e-mail para o Flickr e YouTube respectivamente e na outra ponta temos a noticia em qualquer dispositivo, é o verdadeiro crowdsourcing jornalístico.

Um dos “twitteiros” que cobriram o incêndio na California, o Nate Ritter criou uma ferramenta genial, o HashTags, baseado nas populares hash tags utilizadas no Twitter. O HashTags simplesmente captura e grava todos os posts feitos por uma determinada #tag, para isto basta que você tenha uma conta no Twitter adicione o usuário hashtags, que é um bot. A partir deste momento todas as tags que você utilizar serão gravadas no HashTags, e em tempo real. Enquanto escrevia este post, “twittei” usando a tag #entropia, fiz algumas dicas sobre o HashTags nas tags #hint , #dica e #tags. O HashTags mostra ainda um pequeno grafico de atividade de cada tag, possibilitando visualmente identificar qual tag esta quente ou não.

Na minha opinião, HashTags está para o jornalismo crowdsourcing assim como o Twitter está para o micro-blogging, estamos presenciando os contornos da nova economia, da economia Free, de economia crowsourcing. E você o que acha?

Leia mais:

Update 18/12/07 – Existe um novo serviço, o TerraMinds que não funciona como o HashTags mas ele indexa todos os usuarios do Twitter e permite pesquisar por nome de usuário ou palavra chave. Igualmente útil para o Jornalismo Crowdsourcing

Apertem os cintos, o consumidor mudou!

Não se trata de uma nova versão da classica comedia pastelão, e sim de mais uma constatação de que o mercado mudou e continua mudando numa velocidade cada vez maior. Os sinais estão por toda parte: Este ano as verbas publicitárias digitais estão superando as mais tradicionais mídias, o mercado da comunicação está mudando, os publicitários não entendem de internet e o consumidor fica cada dia mais sabido e exigente, isto sem falar na quebra da comunicação corporativa por conta das redes sociais que ja são usadas como potentes ferramentas de CRM.

O perfil do novo consumidor vem sendo traçado com frequencia, alias cada dia fica mais dificil traçar algum perfil, o consumidor esta “derretendo” engordando a cauda longa que não para de crescer. Este novo consumidor é a antintese do consumidor de massa do passado. Antes consumia-se para pertencer à uma “tribo”, hoje também! Só que as “tribos” diminuiram e ficaram mais diversificadas.

O agente catalizador da evolução sempre foi a infomação, hoje temos isto de sobra, alias temos em excesso. Com o advento da Internet cada consumidor de informação passa a ser um emissor de uma comunicação em rede, um ambiente liquido, onde a informação pode ser fragmentada, reconstruida, fundida e novamente fragmentada… No meio do ecossistema da nova comunicação, a publicidade é interpretada como ruído e é descartada na primeira fragmentação, ou pior, muitas vezes totalmente descartada antes mesmo de ser exibida.

Quem viveu os primórdios da Internet no Brasil deve lembrar como este mercado se comportava. Era um imenso latifundio a ser explorado, projetos e ideias mirabolantes surgiam a todo instante, o espirito empreendedor ganhava auras de desbravador, e a Internet parecia uma infidável mina de ouro. Vivemos hoje entropia semelhante no mercado da comunicação, a diferença é que encontrar a formula ideal pode ser a chave da sobrevivência em um futuro muito próximo.

Quebrando paradigmas

Tem muito profissional de comunicação que nunca vai entender o novo consumidor, e muito menos o que houve com o mercado de comunicação. Não que ele não tenha capacidade intelectual para isto, ele não conseguirá entender isto com os fundamentos teóricos e ferramentas usuais ele não possui uma vivência que permita este entendimento, não faz parte da sua cultura. Muitos paradigmas precisam ser quebrados:

  • Mídia – Esqueça mídia, para de pensar em mídia, pare de tentar tangibilizar um conceito que não se aplica ao novo consumidor. Mídia simplesmente não faz sentido para um público que tem a liberdade de escolher se quer ou não ser impactado pela propaganda. Lembre-se em tempos de comunicação líquida, o meio é a mensagem.
  • Internet não é midia – Internet não é midia, quem te disse isto? Internet hoje é um complexo ecossistema social que chamamos de ciberespaço. Chamar a internet de mídia é subestimar a sua capacidade, ela não chega a ser o metaverso em si, afinal ela esta muito presente no mundo real, mas possui autonomia suficiente para sê-lo. Temos de “destangibilizar” nosso conceito de mídia, a Internet congrega informações, serviços, lembranças e emoções, tudo em bits, tudo líquido.
  • Internauta é mãe ! – Tratar um usuário de internet por internauta é uma forma de distancia-lo, é trata-lo como um ser diferente. As interpretações podem ser desde uma forte dose latente do emitente em tentar manter seu status quo, como a simples tentativa de rotular um grupo de pessoas. Descontando a face emocional do discursso, sobra a ignorância. A nova cultura é a cibercultura, é a cultura da geração conectada, que a cada dia expande tanto horizontalmente quanto verticalmente atingindo indivíduos cada vez mais novos e mais velhos. Se sou um internauta posso afirmar que em muito breve todos seremos, então os diferentes serão os desconectados.
  • Vivemos cada vez mais conectados – Quem pensa que a internet fica no computador precisa rever seus conceitos. Foi risível a matéria do Fantástico deste fim de semana, onde uma mãe desesperada “desligou a internet” do filho viciado. Enquanto existir esta “guerra” entre o real e o virtual vão existir interpretações tendenciosas como estas. O problema é psicológico, o vício poderia ser em qualquer coisa. Mas voltando ao assunto, há muito a internet “saiu” do computador, hoje ela é acessível por wap (celular), pelo telefone (VXML) e integrando soluções com dispositivos como o RFID, além é claro da TV Digital que corre um sério risco de ser engolida pela IPTV. O certo é que vivemos cada vez mais conectados, nossas casas, carros, eletrodomésticos e o que mais for possivel imaginar estarão conectados.

Este artigo não tem a ambição de ser conclusivo, nem tem uma visão generalista, apenas tem por objetivo apontar fortes tendências. Ele foi motivado por um artigo que retrata a visão de profissional que é muito parecida com a minha, e como me resaltou o Gilberto Pavoni, ele possui a grife “Forrester Research”. Eu na verdade pesquiso para montar a minha pequena agência que vai nascer mês que vem, mas construi um background suficiente para um cargo executivo em uma grande agência. O futuro? Who Knows the future?

Publicitários não entendem de Internet ?

A mudança de paradigma, a quebra do status-quo, o impacto disruptivo eminente tem deixado muitos publicitários completamente perdidos. Eu ja havia preconizado que nos próximos anos veremos a queda da propaganda e a ascensão do marketing, não que eu seja um guru, ou esteja rogando uma praga, mas as evidências estão ai para quem quiser ver.

O antigo modelo de negócios das agência de publicidade esta sendo aos poucos delapidado, anunciantes querem o BV, agencias dividem suas comissões, anunciantes criam suas houses cada vez mais. Mas ainda bem que o bom e velho anuncio de 30″ gera uma boa receita… Mas até quando?

Esta por enquanto é uma pergunta sem resposta, a resposta que posso dar é que as agências precisarão se reconfigurar para sobreviverem, se estão contando com a TV Digital para isto, esquecam, o tempo previsto para implantação no Pais de 10 anos é uma eternidade em termos de “Internet time”. Até la ela ja estará obsoleta pela IPTV que estará acessível a todos. E se você acha que estou enganado, apostando na Internet para a classe C, então é porque você não leu a ultima pesquisa publicada pela Datafolha e encomendada pela F/Nazca que aponta um contigente de 49 milhões de usuários a partir de 12 anos, contigente este que pode chegar á 60 milhões se levarmos em conta usuários abaixo desta idade, e com uma penetração de quase 40% na classe C.

Quem foi ao Digital Age 2.0 (e eu infelizmente não fui) pôde assistir ao “debate” entre o Luis Grottera – CEO da TBWA\BR com a Suzanna Apelbaum sócia da Hello!. O debate levantou polêmicas como pode ver:

No Techbits:

É possível perceber claramente que Grottera é conservador, estilo antigo e a Suzana mais antenada nas novas tecnologias. Em uma discussão que perguntava se o comercial de 30 segundos da TV estaria com os dias contados, Groterra defendeu que uma campanha na TV gera recall (lembrança por parte dos consumidores) ao redor de 20 a 30%. Então se você investir 10 milhões de reais, 8 milhões foram jogados fora, mas 2 milhões aproveitados. E, segundo ele, essa é uma boa média. Ainda segundo o Grottera, vale mais investir na TV do que na internet, mídia que ficará cara tanto quanto a TV daqui alguns anos.

Peraí… acho que ele não leu a Cauda Longa. Peraí… 8 milhões jogados fora e somente 2 aproveitados? Peraí… Claro, já entendi. Ele está defendendo o seu peixe.

Já a Suzana Apelbaum defendeu a internet. Não sei como não saiu uma briga mais feia, hehe! Na internet é possível direcionar totalmente os esforços publicitários. Cem mil reais investidos no Google dão retorno de porcentagem muito maior. Não há desperdício com o ruído como o fato dos consumidores zapearem entre os canais.

No Tecnocracia:

Hypes à parte, a Internet está revolucionando a forma de fazer propaganda. Aliás, a Internet está finalmente sendo feita por pessoas, sobre pessoas e para pessoas e com isso está revolucionando a forma com que as pessoas fazem e absorvem propaganda, TV, conteúdo, notícias, entretenimento, etc. O consumidor não quer mais assistir comerciais na TV – o próprio Martin Lindstrom em sua palestra afirmou que a criança de hoje é capaz de acompanhar 5.4 canais de TV simultaneamente, contra 1.7 canais de um adulto médio. Nós mudamos de canal durante as propagandas; Nós compramos canais por assinatura para fugir da propaganda da TV aberta; Nós assistimos ao Joost, baixamos episódios pela Internet, vemos vídeos no YouTube. Nós selecionamos a propaganda que queremos ver.

No Techbits, Fugita lembra que o Grand Prix de Cannes este ano foi um filme que nunca foi à TV.

Se você não concorda comigo então una-se ao Elton John, que esta liderando uma campanha para fechar a Internet.

Os dinossauros são miopes !

Já tem algum tempo que venho ensaiando um post, ou uma série de posts, sobre o que chamo de a nova extinção dos dinossauros. A cada ação desesperada do RIAA, Viacom e outros dinossauros do Copyright, esta motivação volta a tona e se reforça.

Uma noticia no Info Online, sobre uma produtora que processou o YouTube, usando o mesmo advogado do namorado da Cicarelli, teve seu pedido acatado pela 10ª Câmara de Direito Privado do TJSP e condenou o YouTube a pagar uma multa diária enquanto os “pedaços” do video Pelé Eterno não forem retirados do ar.

Quando os dinossauros vão entender que eles serão responsáveis pela sua propria extinção ?

Não adianta lutar contra a corrente, é que nem nadar em mar aberto, se você nadar contra a corrente você morre afogado, se segui-la, com um pouco de esforço se salva. O consumidor e sua relação com o consumo mudaram!

Os dinossauros do Copyright vivem querendo “matar” todos que “ousam” infrigir seus “direitos”. Por conta desta visão miope e imediatista, a produtora Anima Produções deixou de faturar muitos caraminguás por conta da venda e/ou locação do video.

Na minha opinião, estes “pedaços” são a maior propaganda do video, quem gosta de futebol e Pelé vai procurar o video inteiro para comprar e/ou alugar, deixaram de fazer uso de um excelente Buzz  que tinham a disposição, tudo por conta de uma visão imediatista e miope do mercado.

So para fechar, a Microsoft é a Microsoft de hoje graças à Pirataria, pois se não fosse a pirataria eles não teriam a imensa base instalada e nem a cultura de seus produtos tão cristalizada.

Acordem dinossauros, voces serão extintos, os sinais estão por todos os lados….