Wikileaks, Payback e o oportunismo do tripé do atraso

Quem imaginaria que o Wikileaks, um site criado há quatro anos provocaria uma revolução nas relações diplomáticas ao tornar público documentos de diversas embaixadas, em especial a dos Estados Unidos. A divulgação dos últimos “cables“, respingaram a diplomacia Brasileira colocando em xeque a idoneidade do Ministro da Defesa Nelson Jobim. As informações divulgadas também deixaram o ex-presidenciavel José Serra em uma situação delicada, uma vez que Patrícia Padral, diretora da americana Chevron no Brasil afirmou que ele mudaria as regras do pre-Sal se fosse eleito.

As revelações seguem cumprindo seu papel social, citando fatos menores envolvendo o Brasil. Por conta das revelações a Pfizer tirou correndo dois medicamentos de circulação. Isto sem contar com a pressão pela criminalização do MST.  Muitas revelações ainda estão por vir, e é importante lembrar que uma única edição de domingo do The New York times possui mais informações do que um homem que viveu durante o Iluminismo conquistou durante toda a vida. O WikiLeaks, sozinho, já publicou mais documentos secretos do que toda a imprensa mundial junta.

Esta transparência que desnuda a diplomacia mundial provocou o pânico e a ira do alto escalão estadunidense, que deu inicio à uma perseguição implacável e desproporcional ao Wikileaks e a Julian Assange seu fundador. Inicialmente tentando sufocar a organização bloquando suas receitas no PayPal e nos cartões de Mastercard e Visa. Posteriormente pressionou o EveryDNS para deixar de responder para o dominio wikileaks.org e ao mesmo tempo fez com que a Amazon deixasse de hospeda-lo em sua nuvem elástica. A ofensiva segue permeando a web e provocando bloqueio, muitas vezes involuntário ao acesso ao Wikileaks e seus mirrors através de denuncias às principais bases de dados que alimentam as feramentas de controle de acesso, como a usada no SERPRO, e em diversas universidades e empresas do mundo todo. Neste meio tempo Assange entregou-se em Londres, procurado pela Interpol sob uma ainda controversa acusão de crime sexual, tornando-se o primeiro preso politico global da Internet.

Toda esta pressão motivou uma forte ofensiva denominada “Payback” (dar o troco) que vem deflagrando ataques de DDoS (Distributed Deniel of Service – Negação de serviço distribuída), aos sites que bloquearam o Wikileaks. É importante deixar claro que o ataque de DDoS não configura uma invasão, fazendo uma analogia é como se uma multidão ficasse parado na porta de uma empresa, de modo a bloquear o acesso à esta.

Como era de se esperar, a operação PayBack deixou o Tripé do Atraso em polvorosa, dado a dimensão e quantidade de fatos que podem ser explorados por aqueles que desejam controlar a Internet. A estratégia usada por eles é a velha conhecida, de confundir e desinformar, colocando Wikileaks, Assange, PayBack e ataques hackers em um só lugar, e intencionalmente colocando hackers e crackers como sinônimo, com o objetivo de criminalizar o movimento social que é o hacktivismo. Este mecanismo pode ser claramente percebido no trecho abaixo, retirado do discurso que o Eduardo Azeredo fez ainda como senador no dia 09/12:

[..]– a proposta de combate aos crimes digitais, que tantas vezes me trouxe a esta tribuna. Trata-se de um texto que construímos democraticamente e que modifica e amplia leis brasileiras, no sentido de modernizá-las e de tipificar treze novos delitos cometidos com o uso das tecnologias da informação.

Esse debate é de suma importância. Os delitos cibernéticos crescem exponencialmente no Brasil e no mundo, e a questão precisa ser tratada com seriedade sem histrionismos, sem redução do debate ao nível do baixar músicas ou de falsa ideia de censura. Já basta. Vamos retomar esse assunto da forma séria como ele merece.

Estamos vendo aí, agora, do ponto de vista internacional, os hackers invadindo os sites da Mastecard e da Visa. No Brasil, hoje, já existe uma utilização em massa de cartões de crédito. Estamos todos vulneráveis aos hackers, que não podem ser punidos porque o Brasil não tem tipificação de crimes cibernéticos.

Nós já fizemos a nossa obrigação aqui no Senado, já aprovamos o projeto, mas ele também permanece pendente de uma decisão da Câmara, com interpretações errôneas e que são, como eu gosto de dizer, de um nível que não compete, que não pode ser aceito, pois se diz que vai se criminalizar a questão de baixar música, quando não existe nada em relação a isso no projeto. E esse assunto já é tratado na Lei de Direitos Autorais.[..]

Como todos podem perceber, o Azeredo esta falando ai do AI5 digital que além de não cumprir  que promete, traz enormes danos à Internet como a conhecemos hoje, uma inédita e potente ferramenta democrática, e refere-se aos ataques de DDoS como invasão, o termo ataque em sí já é um equivoco.

O PIG também aproveitou a situação, alguns veículos se preocuparam em dar mais visibilidade aos ataques do PayBack do que a questão central e os detalhes dos telegramas vazados e a prisão de Assange. Curiosa e divertida foi esta entrevista que a radio CBN fez com o advogado Amaro Morais e Silva Neto, preste atenção na insistência da entrevistadora em querer trazer o tema para uma ótica pró AI5 digital e veja as respostas do Amaro, é de lavar a alma de qualquer ciberativista.

Conectando os fatos

Pablo Ortelado ressaltou que precisamos ficar de olho nos documentos vazados pela Wikileaks: O jornal inglês The Guardian soltou uma lista com as tags de todos os telegramas das embaixadas americanas que foram vazados. Cruzando os dados com duas das tags KIPR (Propriedade Intelectual) e BR (Brasil) chegamos a cerca de cem documentos que certamente delimitam as estratégias dos EUA para promover políticas de propriedade intelectual no Brasil. Até o momento, nenhum desses documentos foi lançado, mas podemos ter notícias nos próximos dias. A lista dos documentos já é indicativa do que virá. O documento mais antigo é de 26 de setembro de 2003 e o mais recente de 21 de dezembro de 2009. A fonte dos documentos são telegramas da embaixada de Brasília e do consulado de São Paulo, mas há também um do consulado do Recife (de 10 de maio de 2007) e um da embaixada de Ottawa (de 7 de maio de 2007). Muitos documentos se concentram no período de maio a agosto de 2006. Pedro Paranaguá lembra que este período antecedeu a licença compulsória do Efavirenz, da Merck.

Começamos a entender a razão de tanta preocupação, certamente alguns destes telegramas devem revelar detalhes relacionada ao AI5 digital, como já é revelado no Relatório 301 do USTR, confirmando o que todos já sabemos, o AI5 digital serve aos interesses da “Máfia autoral” e dos Bancos. Alias segundo Laerte Braga existem diversos projetos de lei similares ao AI5 Digital mundo afora, que foram produzidos em Washington. Mas a questão não para ai, além do risco das próximas revelações desqualificarem definitivamente o AI5 digital, podem colocar o ACTA em cheque . Com isto começa a ficar claro a razão da desproporcionalidade da reação aos vazamentos do Wikileaks. Veja que a minha tese já começou a confirmar-se, uma vez que os vazamentos da Wikileaks livraram a Espanha de uma lei contra o P2P.

As reações e final imprevisível

A reação ao Wikileaks esta numa balança que pode pender para grandes modificações nas relações diplomaticas e nos valores existentes ou deflagrar uma insana caça aos direitos fundamentais na Internet. Alguns especialistas acreditam que as relações diplomáticas não necessitam de transparência, outros como Manuel Castells alertam que o que esta em jogo é o poder, e a comunicação é o poder.

Um excelente e breve artigo na Revista Forum apresenta um final imprevisivel:

[..]Começam a se inverter as posições no conflito entre o governo dos Estados Unidos e a organização WikiLeaks, fundada pelo australiano Julian Assange. Do jornalista americano Jay Rosen, professor da Universidade de Nova York e crítico de mídia, ao presidente do Brasil, Lula da Silva, passando pelo jornal britânico The Guardian, cresce o movimento de apoio ao WikiLeaks, ao mesmo tempo em que surgem as primeiras análises sobre o papel da imprensa na fiscalização do poder.[..]

[..]Como já se afirmou neste Observatório, o fenômeno WikiLeaks pode estar inaugurando um novo tempo. Contra todos os prognósticos, o exército de Brancaleone pode ganhar essa guerra.[..]

Uma possibilidade preocupante, quase apocaliptica é exposta pelo Ronaldo Lemos, que cogita que o governo estadunidense pode simplesmente tirar qualquer dominio do ar via ICANN. Neste caso, ja temos de pensar já em alternativas para a questão de nomes, e DNS, configurando uma Internet alternativa.

Recomendo a leitura do artigo completissimo: WIkileaks e os conflitos no ciberespaço – parte 1 e parte 2

Crédito das Imagens:

Desculpe, mas eu te enganei este tempo todo…

Quem não perde o chão com uma confissão destas? Dá logo um frio na barriga, a testa começa a transpirar, as mãos ficam geladas, a respiração forte e o coração parece querer sair pela boca. A expressão de incredulidade se mistura com a do ódio, o chão desaparece e você sai juntando os cacos, porque suas convicções acabaram de se despedaçar.

Se você passa dos trinta, só usa a Internet para funções básicas e costuma pautar suas opiniões pela mídia recomendo que pare de ler este post agora ou prepare seu coração para a revelação que vem a seguir.

Antes do advento da Internet quase todas as informações nos chegavam pela mídia, rádio, TV, jornais e revistas, e alguma informação exclusiva do papo de bar ou de algum amigo bem informado. Não existia comunicação em rede, a maioria das informações nos chegavam via veículos de massa. Nossas escolhas se davam entre poucos veículos, e a diversidade era praticamente nenhuma. Em linha gerais elegíamos nossos veículos de confiança e pronto, não existia como confronta-los para saber se determinada informação era plausível e correta ou não, tinhamos de confiar, éramos da geração cultura da confiança.

Para esta geração os assuntos giram em torno dos fatos apresentados pelos veículos da grande mídia, as opiniões sempre dadas por especialistas no tema, e raramente se questionava o grau de conhecimento dos especialistas e a imparcialidade do veículo, a geração da confiança acredita nos seus e pronto. Bastavam que dois veículos de confiança apresentassem a mesma posição à cerca de um tema e pronto, era a verdade absoluta!

Mas o quanto se pode confiar neles de fato? Para isto temos de voltar para o início da década de 60, quando houve o Golpe de 64. Muitos veículos foram úteis para criar um clima favorável ao Golpe, seja por inocência ou por interesse, e muitos veículos e grupos de comunicação cresceram exponencialmente durante a ditadura.

Dentro das estratégias dos golpistas, havia uma necessidade de levar rápida e eficientemente informação e entretenimento à maior parte da população, foi nesta época que foram instaladas o maior número de repetidoras de TV, e enquanto a venda dos aparelhos de TV disparavam o preço do aparelho despencava, a razão manifesta era para a nação torcer na copa da 70. Todos juntos vamos pra frente Brasil…. Brasil Ame-o ou deixe-o… Uma festa! mas a motivação latente, aquela que não se percebe de primeira, era manter o povo entretido e (de)informado enquanto as coisas aconteciam no alto comando lá no Planalto Central, e ninguém ouvisse os gritos vindo dos porões da ditadura ou questionasse suas motivações, tudo não passava de um maniqueismo fantasioso bem planejado para a implantação da Ditadura.

A estética sempre foi um fator aliado à confiança, veja por exemplo o Manifesto porta na cara, quanto melhor a estética maior a confiança, dai a necessidade de estabelecer um padrão de qualidade como nos mostra o documentário Muito Além do Cidadão Kane, a manutenção de um padrão de qualidade esta intimamente relacionado à seriedade e confiabilidade. Não vá me dizer que aquela revista semanal em papel couchê com fotos bem feitas, diagramação impecável e infográficos lindos não parece mais confiável que outra publicação feita em papel reciclado e com tinta a base de soja, e é justamente o contrário! Eu não quero dizer que não se tenha de investir na estética, mas é justamente neste caminho que os veículos se distanciam e o problema não é necessariamente a estética e sim a percepção, a relação latente que se tem com ela, e é ai que o Brasileiro entra bem. Esta relação com a estética, entretenimento e informação atuam na nossa subjetividade, é quase um canal subliminar para manipular-nos.

Estas estratégias aliadas a tantas outras que foram apontadas pelos grandes filósofos da comunicação transformaram a comunicação e uma arma, junte isto à cultura de consumo de Victor Lebow e presto! Conseguimos tudo, o povo vai estar bem ocupado neste ciclo vazio e irracional e nos do poder podemos nos manter seguros onde estamos.  Se estes detentores do quarto poder tivessem um ataque de sinceridade eles falariam para você: Desculpe, mas eu te enganei este tempo todo…

Sinto muito meu amigo, você chamava seu filho, sobrinho ou seja lá quem for de alienado só porque ele ou ela passavam muito tempo frente ao computador, agora vai ter de admitir que alienado era você, afinal acima de tudo também não via nada de errado em passar muito tempo em frente a TV ou lendo jornais coloridos e revistas em papel couchê não é?

Uma nova sociedade esta surgindo com o advento da Internet, esta maldita Internet segundo o tripé do atraso, esta sociedade conectada não assiste muito TV, não gosta nem de jornais e nem de revistas, mas nem por isto é desinformada, é alias muito mais bem informada que você. Eles nasceram e cresceram no meio de uma tsunami de informação, dentro de uma cultura da abundância e entendem o ciberespaço como uma extensão de sua memória. Esta nova geração lê muito, aprende muito, debate muito, mas tudo na tela, no metaverso, no reverso da lógica e na contramão do passado. Não confiam em nada e nem ninguém, suas relações se dão por muitos laços fracos, suas convicções por muita desconfiança e suas amizades por afinidade ideológica. Como bom espécime da pós modernidade este novo individuo se permite mudar de opinião quantas vezes julgar necessário. A construção de seu conhecimento e sua subjetividade se dá através da comparação, faz uso da inteligência coletiva como se fosse sua, e no fim chegam a uma conclusão que pode mudar mais adiante sem culpas nem ressentimento, eles são a geração da cultura da desconfiança.

Por fim, a mídia como conhecemos precisa se reciclar, ela sempre focou na mensagem média para o usuário médio padronizado, mas em tempos de cauda longa o que mais temos é a diversidade, clusters e mais clusters com participantes tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais e igualmente voláteis e nem tão volúveis como se imagina. Se a mídia não se reciclar ela se tornará obsoleta quando a geração da cultura da confiança for maioria, daqui pouco menos de duas décadas…

Recomendo a leitura do meu artigo: A matriz de forças da sustentabilidade na página 37 da edição 17 da Espirito Livre.

A melhor democracia que o dinheiro pode comprar

É um titulo perfeito para o momento onde o PIG se junta com os militares para organizar um ato esquizofrênico intitulado a democracia ameaçada. Como sempre tem um monte de trouxa que cai nesta, afinal o PIG é o propagador dos mantras da irracionalidade, e sabemos muito bem que não existe democracia ameaçada nenhuma, e que na verdade o PIG se sentiu intimidado porque a sociedade se organizou para cobrar mais responsabilidade de seus veículos que agem como se fosse imparciais mas que possuem uma clara preferência partidária.

O título é na verdade o título do livro de Greg Palast,  jornalista investigativo que se especializou em investigar as entranhas do Neoliberalismo, e botar para fora todo tipo de excremência que esta turma produz mundo afora. Não me surpreendi nem um pouco quando li o primeiro capítulo, dedicado ao Brasil!

Sua Excelência Robert Rubin, Presidente do Brasil

O capítulo fala da reeleição de Fernando Henrique Cardoso como presidente marionete do Brasil, marionete esta comandada por Robert Rubin, não esta entendendo? Bom então vamos dar uma ajuda.

Em outubro de 1998, o presidente nominal do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito para o cargo por um único motivo: tinha estabilizado o valor da moeda brasileira e, portanto, contido a inflação. Na verdade, não tinha. O real brasileiro estava ridiculamente supervalorizado. Mas, com a aproximação das eleições, sua taxa de câmbio contra o dólar simplesmente desafiava a gravidade. Esse milagre levou Cardoso à linha de chegada com 54% dos votos.

Mas, não existem milagres.

Quinze dias depois da posse de FHC. o real despencou e morreu. Seis meses depois da eleição, ele tinha aproximadamente a metade de seu valor no dia da eleição. A inflação está aumentando e a economia implodindo. A taxa de aprovação de Cardoso, que se revelou um incompetente e uma farsa, caiu para 23% do eleitorado. Tarde demais. Ele já havia colocado a presidência no bolso.

Quer dizer, mais ou menos. Não restava muito da presidência de Cardoso além do título. Todas as políticas importantes do orçamento ao emprego, são ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e seu órgão irmão, o Banco Mundial. E por trás deles, dando as cartas, estava o secretário do tesouro, Rubin que governou de fato como presidente do Brasil sem precisar perder uma única festa em Mahattan. Mas esse é o preço que Cardoso pagou pelos serviços de Rubin na campanha eleitoral. Pois foi o secretário do Tesouro quem, junto com o FMI, manteve a moeda brasileira alta.

Rubin tem bons motivos para manter a dúbia moeda brasileira, além de ajudar FHC. Sabendo muito bem que a moeda seria destroçada logo depois da eleição, o Tesouro dos EUA garantiu que os Bancos Americanos conseguissem tirar seu dinheiro do país em condições favoráveis. Entre julho de 2002 e a posse em janeiro do ano seguinte, as reservas em dólar do Brasil caíram de 70 bilhões de dólares para 26 bilhões de dólares, um sinal de que os banqueiros pegaram seu dinheiro e fugiram. Mas, a moeda permaneceu em alta antes da eleição porque os EUA deixaram clara sua intenção de substituir as reservas perdidas por um pacote de empréstimos do FMI.

E também se deixou muito claro para os eleitores que os fundos seriam entregues a FHC, e jamais ao Partido dos Trabalhadores, da oposição. O apoio da elite internacional a FHC foi selado pela presença em julho, no Rio, de Peter Mandelson, cão-de-caça político do primeiro ministro britânico, Tony Blair. O estranho e inédito apoio de Mandelson a FHC marcou o ingresso oficial de Cardoso no projeto da Terceira Via de Clinton e Blair.

Um mês após a reeleição de Cardoso, o FMI ofereceu devidamente ao Brasil, um crédito no total de 41 bilhões de dólares. O Brasil não ficou com nada disso, é claro. Qualquer parcela que tenha realmente pingado no país embarcou no primeiro avião com os investidores e especuladores que o abandonaram.

Agora, os brasileiros têm que pagar a dívida. Mas essa é a menor de suas preocupações. Como parte da magia negra para manter a taxa de câmbio antes da eleição, Washington pressionou o Banco do Brasil a elevar a taxa de juros básica para 39%. O FMI pressionou por 70%. Nas ruas de São Paulo, isso se traduziu de taxas de juros de até 200% sobre empréstimos privados e créditos a empresas.

A confirmação do esquema de Rubin para salvar tanto FHC quanto os Bancos Americanos vem de uma fonte das mais interessantes: Jeffrey Sachs, da Universidade de Harvard. Sachs é mais lembrado como a Mary Tifóide do neoliberalismo, que disseminou teoremas do mercado livre e a depressão econômica pela extinta URSS. Sachs, que continua entre o falante grupo de atores no circulo das finanças internacionais, disse-me: “Você podia ver a economia [brasileira] caindo do precipício. Foi uma câmera-lenta. Mas, em vez de evitar a queda pela desvalorização controlada Washinton e o FMI incentivaram vigorosamente taxas de juros acima de 50%”, ele disse. “Washington queria a reeleição de FHC” , dando seis meses aos financistas americanos para vender os títulos e moeda do Brasil em condições favoráveis.

Se o Golpe de Estado de Rubin pareceu bem praticado, foi porque ele usou o mesmo método em 1994 para tornar-se presidente de fato do México. Mais uma vez, um partido governante sem credibilidade voltou ao poder pela força de sua moeda e das promessas de apoio dos EUA. Quatro semanas depois da posse do presidente Ernesto Zedillo o peso despencou, enquanto os credores americanos do México foram salvos por um fundo de empréstimo especial dos EUA.

FHC sabe que não adianta culpar as manipulações de Rubin pelos problemas do Brasil. Em vez disso, com ajuda de uma imprensa de direita (marrom), ele e o FMI atribuem o colapso econômico a vilões conhecidos: funcionários públicos, aposentados e sindicatos. São acusados de estourar o orçamento do governo.

Isso é maluquice. Os pagamentos dos juros, comenta Sachs, equivalem a monstruosos 10% dos gastos do país e são totalmente responsáveis pela duplicação do déficit federal. Comparadas a isso, as aposentadorias dos funcionários, principal alvo dos cortadores de orçamento, são uma gota no oceano.

Mas a analise de Sach é incompleta, ele diz que o “FMI falhou” porque os juros altos causaram a crise e a depressão. Está enganado. A crise é um elemento deliberado do plano.

A crise tem suas utilidades. Somente em caso de pânico econômico Rubin e o FMI podem soltar os Quatro Cavaleiros da Reforma: eliminar os gastos sociais, cortar a folha de pagamento do governo, quebrar os sindicatos e, o verdadeiro prêmio, privatizar empresas publicas lucrativas.

Mas, FHC não estava contente no papel de marionete de Rubin. Originalmente um sociólogo especialista em Teoria da Dependência, Cardoso deve ter lamentado pessoalmente a perda da soberania financeira de seu país.

Ele sobreviveu às eleições, mas a oposição varreu seu partido dos principais Estados, os novos governadores não lamentaram. Mostraram os dentes. Em janeiro de 1999, o ex-presidente Itamar Franco, recém-eleito Governador do Estado de Minas Gerais, recusou-se a pagar as dívidas com o Tesouro Nacional. Então outros seis governadores disseram a FHC o que qualquer pessoa sensata diria a um agiota que aumenta as taxas de juros de 10% para 60%: vá para o inferno. A imprensa mostra Franco como um bufão, enciumado de Cardoso. Seu objetivo é desviar a atenção da verdadeira ameaça a FHC e ao FMI: Olívio Dutra, popular governador do Rio Grande do Sul, era a estrela ascendente do Partido dos Trabalhadores. Filho de agricultores sem-terra, um militante jovem e educado da era da televisão, Dutra transformou a capital do estado em vitrine de desenvolvimento para o país.

Eles atacam Franco, mas é a Dutra que temem. FHC. Fez o possível para punir os gaúchos por sua eleição. Dutra não suspendeu os pagamentos ao governo federal, mas pagou os fundos, cerca de 27 milhões de libras, nos tribunais. FHC. reagiu com crueldade, retendo 37 milhões de libras em impostos coletados para o Estado de Dutra. O FMI bloqueou empréstimos para o Rio Grande do Sul. Contatado por telefone em seu escritório em Porto Alegre, Dutra disse-me que aceitava o fato de a crise exigir sacrifícios. Ele demitiu funcionários públicos, mas teve à audácia de sugerir à General Motors e à Ford que participassem do sacrifício e desistissem de isenções fiscais, que agora sangravam os cofres do estado.

O Brasil é um país rico, com um PIB, mesmo em depressão, de meio trilhão de dólares. Mas, como um hamster frenético na rodinha, está perdendo a corrida para captar seu próprio capital em fuga, que deve recomprar com taxas de juros de usura. Foi por isso que Dutra se esforçou tanto contra a privatização do banco de desenvolvimento de seu Estado, um motor da expansão autofinanciada do Rio Grande do Sul.

O Governador, que não é bobo, não desperdiçou balas contra o humilhado FHC. Ao organizar a resistência às exigências de Rubin e às condições de crédito do FMI, Dutra habilmente não visou as marionetes, mas seus manipuladores.

Dutra foi derrotado, e embora seu Partido dos Trabalhadores esteja na presidência (com Dutra como ministro), Lula está na prisão dos devedores, algemado pelas obrigações com o Citibank e seu braço policial, o FMI. E Rubin foi eleito para o cargo muito mais alto que o de presidente-sombra do Brasil: é presidente do comitê executivo do Citigroup, a corporação que é dona do Citibank, que é dono do Brasil.

Esta vendo ai? Veja como fomos enganados, e manipulados. Não sou eu quem esta falando da imprensa manipuladora e golpista é o reporter investigativo Greg Palast, mas não acabou não, vamos ver como a história se desenrola.

POSTAIS DO CARNAVAL DA DESVALORIZAÇÃO

Eu acabara de me servir mais uma dose da pinga caseira dE Zeb. Era dezembro de 1998. Estava brindando a três conquistas extraordinárias do Brasil que haviam ocorrido naquele dia.

A primeira era a aprovação de uma linha de crédito de 42 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para o Brasil. A segunda, relacionada à primeira, era um salto de 4% no valor das ações na Bolsa do país. A terceira era o anúncio pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de que o Brasil finalmente havia superado o Chile como economia mais desigual do hemisfério.

O BID calcula que 10% das famílias mais ricas do Brasil, hoje, recebam 47% da renda do país. Os 10% mais pobres recebem menos de 1%.

A expectativa de vida no Brasil é hoje a mais alta das Américas. Menos de uma em cada cinco crianças mais pobres do país completam a escola primária, menos ainda que na Bolívia e no Peru.

No entanto, o economista-chefe do Banco Mundial aplaudiu as “boas condições dos fundamentos econômicos do Brasil”. A pergunta é: boas para quem?

O que marca os que visitam São Paulo não é a pobreza, mas sua riqueza organizada: fileiras e fileiras de luxuosos prédios de apartamentos, shopping centers e torres de escritórios – frutos de um BIP quase tão grande quanto o da Grã-Bretanha.

Se eu deixar cair um copo pela janela do meu hotel de luxo, matarei uma galinha na favela lá embaixo, uma das numerosas cidades de barracos que inundam os espaços entre as extravagantes torres urbanas.

A pinga me ajuda a entender essa louca mistura de pobreza e riqueza. Assim como um cartão-postal do Rio de Janeiro completamente preto. Os moradores do Rio, a Cidade Luz, enviaram centenas desses cartões escuros aos políticos locais, num protesto contra a light, a companhia de eletricidade do Rio, hoje apelidada de Dark.

Em 1997, o governo federal privatizou a Rio Light, vendendo-a para a Electricité de France e a Houston Industries, do Texas. Os novos proprietários, que haviam prometido melhorar o serviço, rapidamente eliminaram 40% da força de trabalho da empresa.

Infelizmente, o sistema elétrico do Rio não está totalmente mapeado. Os funcionários d companhia elétrica guardavam na cabeça a localização dos cabos e transformadores. Quando foram demitidos, levaram consigo os mapas mentais.

Quase todos os dias um novo bairro ficava às escuras. Os proprietários estrangeiros culpavam o clima no oceano Pacífico. O Rio fica no Atlântico, é claro.

Mas para os proprietários em Paris e no Texas nem tudo era escuridão. As conseqüências dos cortes de salários e aumento de tarifas ajudaram os donos estrangeiros a obter dividendos de mil por cento. O preço da ação da Rio Light saltou de 194 reais para 259 reais.

Em 1998, o governo brasileiro pôs em leilão a empresa de eletricidade de São Paulo. Apesar de gritos e processos movidos por organizações de consumidores, a companhia foi ganha pelo único licitante, que pagou o preço mínimo pedido: o mesmo consórcio corrupto Houston-Paris. Imediatamente os novos donos anunciaram um excesso de mil funcionários.

O objetivo desta história de privatização é esclarecer os detalhes sórdidos, raramente relatados, do que o Banco Mundial chama de “criar um ambiente amigo do mercado”.

As condições dessa liquidação de ativos brasileiros são ditadas por um volumoso documento da consultoria americana Coopers & Lybrand (hoje chamada Price Waterhouse-Coopers). Enquanto o termo “mercado” é borrifado por todo o texto, o projeto é feudal e não capitalista. A Coopers divide a infra-estrutura vendável do país em monopólios legalmente aceitáveis, destinados a garantir superlucros aos novos donos, na maioria estrangeiros, sem empecilhos do controle do governo ou da concorrência.

Ele tem como modelo o sistema medieval de “arrendamento fiscal”, em que, por um único pagamento, os reis permitiam que coletores de impostos limpassem os camponeses. Os termos da privatização beneficiaram outros clientes da Coopers, as mesmas companhias que faziam ofertas pelos ativos brasileiros.

O Banco Mundial afirma que a liquidação de todas as empresas públicas do Brasil foi lançada pelo governo brasileiro. “sem pressão externa”. Ah, claro!

A venda acelerada dos bens brasileiros – no valor de 40 bilhões de dólares em 2003 – é uma condição inegociável das linhas de crédito de banco e agências internacionais.

Supostamente, a venda de empresas públicas, portos e rodovias reduz as dívidas do país. Não é verdade. Privatizar a infra-estrutura reduz a dívida do governo, mas não a dívida pública. A menos que os cidadãos desistam da eletricidade e da água, o público ainda é responsável pelas dívidas desses serviços. Na verdade, o governo está cobrindo os custos dos seus empréstimos por meio de um terrível imposto regressivo, na forma de aumento dos preços da eletricidade e da água cobrados aos trabalhadores do país (e aos desempregados das favelas)

É claro que a elite brasileira recebe uma parte do saque. O governo exige que qualquer consórcio estrangeiro que compre propriedade estatal inclua um sócio da língua portuguesa. Provavelmente, você não ficará chocado ao saber que amigos do partido governante estão recebendo tratamento especial.

Em 1998, o Ministério das Comunicações e o diretor do programa de privatizações demitiram-se depois que transcrições de conversas em telefones celulares interceptadas revelaram suas tentativas de influenciar as ofertas por companhias telefônicas estatais, para favorecer amigos ligados a operadoras européias.

O processo de “reformas” imposto por credores externos não se limita à tomadas de bens estatais.

O Brazilian Council da Grã-Bretanha promoveu uma reunião em Londres, em novembro de 1998, sobre os serviços públicos do Brasil. Foi apresentado um plano para “melhorar a eficiência no mercado de trabalho”, financiado pelo Banco Mundial. Os brasileiros não deveriam ver o documento. Mas eu obtive uma cópia e decidi contar o que há nele.

O Plano Mestre do Banco Mundial propõe cinco aperfeiçoamentos para esse país que tem o menor compromisso com a educação e outros serviços públicos do hemisfério. Ele diz claramente;

  • Reduzir salários e benefícios
  • Cortar pensões
  • Aumentar as horas de trabalho
  • Reduzir a estabilidade no emprego e o emprego.

Mas a recompensa, a linha de crédito de 42 bilhões de dólares, não vai, em última instância, pingar sobre pessoas nos barracos?

Não, diz Ildo Sauer, professor de energia da Universidade de São Paulo (licenciou-se para exercer o cargo de diretor de Gás e Energia da Petrobrás – N.E.). “Tudo vai para saldar os prejuízos do jogo”. – o esforço frenético do governo para manter a taxa de câmbio do real contra o ataque de especuladores.

O Brasil está pagando juros incríveis de 40% sobre sua dívida interna para convencer sua elite a guardar o dinheiro em São Paulo, em vez de Miami. Os 42 bilhões de dólares não vão cobrir os juros de um ano.

Estive hospedado numa casa maravilhosa na praia, perto de Santos (por motivos de pesquisa, legitimamente cobrada do The Observer). O proprietário diz que a residência vale cerca de 500 mil dólares. É sua terceira casa. Ele paga imposto de propriedade de apenas mil dólares por ela.

Os pobres do município não mandam seus filhos à escola porque a captação de impostos não é suficiente para pagar livros, uniformes ou o transporte dos alunos.

E agora, dois anos depois, vemos que os 42 bilhões de dólares do FMI simplesmente permitiram que o banco americano deixasse o Brasil e os ricos espertos mandassem seu dinheiro para o exterior.

É março de 2000. Com a aproximação de terça-feira de carnaval, as conversas políticas ao som da batucada são sobre o salário mínimo, que a Constituição do país efetivamente fixa em 100 dólares pro mês. Com a desvalorização da moeda e a inflação maciça dos bens básicos (a eletricidade aumentou 250%), o mínimo deveria subir automaticamente de 130 reais para menos 170 reais

Sobre esse socorro à população de baixa renda, o presidente Fernando Henrique Cardoso, portados da tocha da Terceira Via na América Latina, permanecia inescrutavelmente perplexo. Mas seus ministros, as câmaras de comércio e seus acadêmicos encheram colunas de jornais com argumentos para se eliminar a “inflexibilidade” da Constituição.

Como tudo o mais durante o carnaval, o debate sobre o salário mínimo é uma farsa. A questão já fora decidida e anunciada em novembro de 1998 pelo Banco Mundial e seu primo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, em um relatório ao British Council em Londres (cujo segredo agora violo com alegria).

Em troca dos empréstimos usados para sustentar o valor do real – um completo fracasso -, o Brasil teria de cortar os salários e aposentadorias do governo e, em especial, fazer cortes nos serviços básicos como saúde e educação. Alguns salários e aposentadorias do Estrado são definidos como múltiplos do salário mínimo – por isso tem de ser cortado sem piedade.

Para aplicar sua decisão (ou, como diz o banco, para “ajudar”), o BID transferiu 160 milhões de dólares das verbas de saúde e seguridade social do Brasil para esse projeto “estrutural”. Nem todo o dinheiro foi desperdiçado. Minha própria dispendiosa viagem pelo Brasil foi paga com essas verbas, numa coordenação do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da velha frente da CIA, a USIA. (Não pergunte)

Meu trabalho era instruir os brasileiros em processo democráticos para consumidores e sindicatos dentro dos direitos básicos de uma sociedade civil. Isso é bem americano: primeiro atire em suas pernas, depois dê a eles aulas de samba.

***

A disputa sobre o salário mínimo é um tanto teórica nos estados do Norte do Brasil que cercam a bacia Amazônica, onde qualquer salário é um luxo. Por isso fiquei especialmente tocado pela batalha de um grupo, na maior parte dessa área da Amazônia, conhecido simplesmente como Donas da Casa. As mulheres, cujo trabalho típico consiste em colocar alimentos e roupas para os mais pobres dos pobres do país, deram um susto no complexo bio-industrial internacional com uma ação legal, aberta para elas pelos advogados do IDEC, uma associação de consumidores do Brasil, para impedir a venda pela Monsanto de soja “Round Up Ready”.

A Monsanto modifica o DNA dessas sementes mágicas para sobreviver a uma forte dosagem do herbicida da companhia, Round Up. Andréa Libério, uma líder da Casa, enfurece-se diante da alegação condescendente da indústria de que esse produto vai alimentar os pobres brasileiros, enquanto ela lê que os supermercados britânicos Tesco se recusam vender produtos contaminados por ele. No início, a briga das Donas de Casa parecia a de um peixe de aquário contra Godzilla. Mas os peixinhos estão ganhando.

A Monsanto, em vez de apresentar evidências num tribunal, entregou a defesa da companhia ao juiz em sua casa, à noite. Mas escolheu o juiz errado. Este, aparentemente, lembrava-se de um tempo não muito distante em que o governo militar ia à noite entregar as decisões “certas” aos juízes, ou os levava embora. O juiz Antonio Souza Prudente decidiu que os brasileiros não lutaram pára depor a ditadura militar e vê-a substituída por um comercial. Em seu tribunal, denunciou os visitantes noturnos e proibiu a venda das sementes manipuladas.

A decisão de agosto de 1999 encorajou o diretor da agência ambiental do país a aliar-se aos consumidores e às donas de casa. Não foi uma decisão profissional acertada – o presidente Cardoso o demitiu do cargo. Depois, o governo FHC foi favorável na apelação da Monsanto.

Mas a decisão do juiz parece juridicamente intocável. O Brasil, segundo meus conselheiros da embaixada americana, tem leis ambientais mais rígidas que os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, com multas maiores contra os poluidores. Olhei pela janela do carro para as colunas de fumaça cáustica que dá a partes de São Paulo a aparência do terceiro anel de Hades, “ah… Todo ano o presidente Cardoso decreta uma anistia, assim ninguém paga as multas”.

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Antes de me reunir com o vice-presidente da Justiça do Estado de São Paulo, meu guia do Departamento de Estado sugere que eu use a nova linguagem criada por consultorias de grupos de interesse. Os cidadãos não são mais cidadãos, e sim “clientes”. O poder do mercado substitui os direitos humanos. “Existe toda uma atitude no Brasil em relação ao público”. Passamos por cima de alguns “clientes” que dormiam sobre as saídas de ventilação do hotel.

O secretário ficou contente ao me ver. Isso lhe deu uma desculpa para escapar de duras negociações com líderes dos Sem-Terra e Sem-Teto que haviam ameaçado montar um acampamento permanente em volta da Secretaria. Eu comentei em inglês: “The roofles meet the rubles” [ Os sem-teto encontram os sem-piedade]. Acho que a tradução foi difícil.

Enquanto garçons serviam xícaras de café, o homem do Departamento de Estado estava ansioso para me mostrar o lado progressista de FHC.. Apontou para a maquete de um grande edifício que ocupava a mesa do secretário. “Acho que é o novo projeto habitacional do governo”.

O secretário sorriu. “Na verdade, é nossa nova prisão. O mais moderno projeto americano. Imagino que seja colocar os “clientes” em ALGUM LUGAR.

***

Notas da entrevista.

Por que aquele homem estava cortando árvores? Para obter lenha para cozinha. Ele não pode comprar gás engarrafado. O preço aumentou 150% em um ano.

E por que? Porque o governo FHC. Eliminou os subsídios e controles do gás engarrafado.

Por que aumentou o preço do gás do país? Para que os que podem pagar prefiram o gás encanado ao engarrafado.

Por que o governo não promoveu o gás encanado? Para tornar a privatização da companhia estatal, Comgás, mais interessante aos investidores estrangeiros.

Por que vender a Comgás? Cardoso precisava de dez bilhões de dólares por mês só para pagar os empréstimos para salvar a moeda.

Quem a comprou? A Shell Oil e a British Gás.

Quando? Em 1997, pouco depois que Tony Blair mandou seu principal assessor em visita ao presidente Cardoso.

***

“Relaxe, é carnaval” , me diz a embaixada. Lá está o presidente Cardoso num pequeno fio-dental verde, ajoelhado na frente de Bill Clinton. Ele cantando a balada de Jobim “Eu serei palhaço…”. De certa forma, os humoristas do desfile são mais verossímeis que a coisa real. Bem, chega. Tenho de vestir minhas plumas. Como diz o Departamento de Estado, “se você não consegue enriquecer, pelo menos pode ficar nu”.

Entendeu por que não se deve votar em um neoliberalista ou você gosta de grande emoções? Se você gostou do texto vai adorar o livro A Melhor democracia que o dinheiro pode comprar de Greg Palast.

Greg Palast é um dos mais importantes jornalistas investigativos Americanos, trabalha para o “The Guardian”, “The Observer”, asssim como a BBC, destaca-se entre os jornalistas, com suas obsessões pelas provas documentadas e seus minucioso métodos de pesquisa. Autor do Livro ” “A melhor democracia que o dinheiro pode comprar”

Foto surrupiada do blog do “Prof Hariovaldo

Tirem os olhos da Internet!

Há mais de três anos estamos fazendo um intenso ativismo contra o AI5Digital, ou PL 84/99 e também conhecido por projeto de Cibecrimes. A sociedade organizada gritou, protestou e disse um Mega Não ao AI5Digital, e até mesmo o Presidente Lula chamou o projeto de censura,  e ele ficou paralisado na Câmara dos Deputados desde março do ano passado. Conseguimos vencer mais uma batalha, mas sabíamos que ainda não havíamos vencido a guerra, até porque não é só o AI5digital que é nocivo à Internet, existem dezenas de outros projetos com esta mesma ótica vigilantista e controladora tramitando no Senado e na Câmara. Inclusive um da CPI da Pedofilia que é um rival em monstruosidade e ineficiência ao AI5Digital, e por isto longe de ajudar no combate da monstruosidade que é a Pedofilia.

No lançamento do Marco Civil perguntei ao Deputado Julio Semeghini (PSDB) qual seria o futuro do PL84/99 e ele falou que se retirassem os artigos críticos, pouca coisa sobraria para ser votada, e completou dizendo que ele e outros projetos ligados à Internet só seriam apreciados após a tramitação do Marco Civil. Entretanto o Marco Civil ainda nem entrou em tramitação e o “ilustre” Deputado Pinto Itamaraty (PSDB) deu parecer favorável colocando o AI5digital em tramitação depois de quase um ano e meio paralisado. Não me surpreendi quando seis dias depois uma matéria publicada no site da Câmara dos Deputados dizia que Deputados buscarão acordo para votar lei de crimes na Internet. Na minha opinião o único acordo plausivel é enterrar de vez o AI5Digital.

O problema não para ai, a motivação da blogagem coletiva foi a de retornar a militância contra o AI5Digital que já esta claro que será usado como moeda de troca para a votação do Marco Civil, e este tem de ser aprovado tal qual foi consolidado no final da consulta pública, para isto um grupo de ativistas criou o Twitter Vigias do Marco, que tem por objetivo fiscalizar a tramitação do Marco Civil. Mas tem cenário pior, depois das eleições uns Deputados continuarão, outros não, e nada mais perigoso para o processo democrático do que um Deputado desiludido com os seus eleitores, e neste clima ainda tem um risco do Ai5Digital entrar em pauta, não gosto nem de pensar…

Já conhecemos o tripé do atraso, que é o responsável pelo atravancamento no progresso do país, a começar pela Internet. Os grande grupos de intermediação e controle como o PIG, os Bancos, a Mafia Autoral, e outros não querem de jeito nenhum uma Internet livre estão se esforçando ao máximo para que a sociedade repita os seus mantras da irracionalidade e através da técnica do FUD (Fear, Uncertainty and Doubt) querem nos fazer crer que o preço da segurança é a intensa vigilância. Trata-se de um enorme cinismo, primeiro porque não existe tamanha insegurança na rede, os números relativos dos cibercrimes são insignificantes, assim como a Pedofilia na Internet praticamente não existe, o que existe é um grande mito criado. A cultura da vigilância é falha em todos os aspectos, primeiro por não sabermos quem esta nos vigiando, e nem o que se passa na cabeça destas pessoas. Crime se resolve com prevenção e não com vigilância e punição. A politica da bisbilhotice não para por ai, querem implantar RFID nos carros e até mesmo nas nossas identidades com o RIC. A tecnologia é ambigua, ao mesmo tempo que serve para a liberdade serve para a vigilancia, temos de gritar sempre e repetir o novo mantra: O preço da liberdade é nenhuma vigilância!!!

ACTA e o tripé do atraso

Os neoludistas estão lutando pela manutenção dos valores “analógicos”, a industria do copyright briga para ampliar seu poder e a midia tenta a todo custo prorrogar a sua morte já anunciada. Este três grupos atacam compulsivamente seu maior inimigo, que é ao mesmo tempo a maior invenção de todos os tempos: a Internet. Tudo por causa de uma ambição miope que se resume em manter-se na “zona de conforto”.

Os neoludistas não significam uma organização estruturada para manter os “velhos valores” em detrimento da tecnologia, é na verdade um conjunto não organizado de pessoas (políticos, juristas, empresários e até mesmo cidadãos comuns)  que possuem um alinhamento ideológico neoludista, e que exercem sua influência e são influenciados com base na ignorância tecnológica intencional ou não. A indústria do copyright vem compulsivamente atirando no próprio pé desde o momento da popularização da Internet, transformando seus consumidores em vitimas do próprio consumo.  Na tentativa de manter seu super ultra lucrativo modelo de negócios, a indústria do copyright procura posicionar-se acima de qualquer mortal estendendo seus tentáculos além dos direitos fundamentais e civis. Enquanto morre de dentro para fora, a midia vem tentando sobreviver num momento em que o jornalismo atinge sua melhor fase, é a implosão anunciada. Esta para se manter viva alinha-se com a indústria do copyright , fornecendo munição para os neoludistas atacarem os conectados que já são maioria no Brasil (já que em 2009 eram 45%), isto num ciclo interminável a ponto de não se conseguir saber mais onde tudo começou ou até mesmo quem influencia quem.

Os neoludistas, a indústria do copyright e a mídia formam o tripé do atraso, uma estrutura poderosa que sustenta o atraso que assola principalmente o terceiro mundo.

Pela ótica dos conectados é como se o tripé do atraso fosse o nobre decadente, que ainda se sente provido de poder e credibilidade com base em velhos dogmas e valores que aos poucos vão sendo suplantados, o resultado disto é uma exposição caricata de um ícone do passado. O tripé do atraso recusa-se a adaptar-se aos novos valores, acredita ainda ter poder para muda-los ou ignorá-los, propala um discurso patético que começa a fazer sentido somente para mentes conservadoras do próprio tripé, encerrando o discurso dentro do espaço do emissor retro alimentando-o. O tripé do atraso ainda enxerga as estruturas verticalmente, acredita que eles é quem produzem cultura, e não o povo. Não fazem a menor idéia do que seja a inteligência coletiva, que vem constantemente desmascarando as tentativas manipulatórias da mídia. Ainda pensam que existe alguém por trás disto, e não uma multidão como de fato é. O tripé do atraso ainda enxerga as velhas formas de comunicação, um emissor e muitos receptores, ignoram a comunicação em rede, obviamente porque não enxergam estruturas verticais e ainda buscam lideranças em tudo que combatem.

Na prática não podemos subestimar o tripé do atraso, eles são poderosos e não estão tão por fora da cultura digital como imaginamos, a Convenção de Budapeste, o AI5 digital e o ACTA [1],[2],[3] e [4] são indícios de que eles estão sendo assessorados por quem sabe. Em linhas gerais querem criminalizar a Internet como conhecemos, transformando-nos em criminosos do dia para a noite. Legislações deste tipo darão um tremendo aborrecimento e trarão um terrível atraso e um nível insuportável de controle.

O Ciberativismo da sociedade conectada no Brasil conseguiu paralisar a tramitação do AI5 digital, o Itamarati já se posicionou que não assina convenções de que não participa de sua elaboração, apesar disto, a Argentina assinou a convenção de Budapeste, mas ainda falta a decisão tramitar no congresso de lá, torceremos para que os ciberativistas Argentinos saibam se mobilizar para bloquear isto.

O caráter secreto do ACTA, assim como foi com o AI5 digital no inicio, é um dos fatores mais preocupantes. Pelo que foi divulgado e vazado anteriormente, o ACTA pretende justamente mudar os valores citados acima para alegria dos neoludistas, fazendo voltar tudo como era antes, a figura do intermediário, o controle da produção e a volta da economia da escassez, uma vez que as maliciosas cláusulas do ACTA irão literalmente acabar com o remix, com a criação, e principalmente com a liberdade na rede, senão com a própria rede.

Somos uma das nações mais promissoras em termos de cultura digital, temos um povo criativo, e livres seremos imbativeis, imagina unidos com nossos irmãos latinos, alias já deveríamos ter feito esta união há muito tempo. Temos três trunfos em andamento que temos de participar, pois o Marco Civil servirá de barreira contra o ACTA (temos de corrigir o que precisa ser corrigido), juntamente com a Reforma da Lei de Direito Autoral, e por fim o Plano nacional de Banda larga irá proporcionar uma intensa aceleração da inclusão e alfabetização digital, facilitando ainda mais nossa resistência.

Formar uma rede popular de resistência ao ACTA esta sendo um grande desafio, esta rede terá de ser muito grande e terá de atravessar fronteiras, acredito que a partir deste momento esta sendo formada a rede mundial de ciberativismo contra o ACTA, vamos mostrar mais uma vez que a globalização social foi muito mais efetiva do que a globalização econômica, e que precisamos cada vez menos de intermediários.  Você pode não estar percebendo ainda, mas estamos caminhando pelo tabuleiro, onde a jogada final irá colocar em xeque o modelo econômico atual, os sinais já estão por ai, o momento agora é de leitura e debate, vamos entender o que é o ACTA, e agir com Sun Tzu fala em seu livro a arte da guerra: Se você conhecer a si mesmo e a seu inimigo nunca perderá a guerra. A corrida já começou, é a corrida do conhecimento, esta esperando o que?

Este post é uma resposta tardia à convocação para a blogagem coletiva contra o ACTA.

Créditos das fotos

A Campus Party que todo mundo vê, mas poucos enxergam

Decidi fazer este post como um exercício, venho enfrentando um momento estranho, parece que perdi momentâneamente minha habilidade com a escrita, talvez seja porque tenho convivido com dinossauros mais do que o tolerável, tenho participado de reuniões onde as pessoas possuem pastas com email impresso!

Para tentar resgatar o meu verdadeiro eu, decidi me internar na Campus Party 2010. Fui convidado para uma palestra no Campus Forum na terça (26/01) e aproveitei para ficar até sábado (30/01), foi ótimo, revi gente conectada, gente do meu mundo e pude voltar a sentir o sabor da evolução, o frescor da brisa tecnológica e o calor humano de uma rede de pessoas. Foram momentos de extremo prazer, conversas produtivas, palestras, planos e celebrações, tudo girando em torno de um só tema, a sociedade conectada e o futuro do Brasil.

O que todo mundo vê e poucos enxergam?

Esta foi a terceira edição da Campus Party, e cada edição possui características marcantes, esta por exemplo estava muito focada em cibercultura e aspectos legais e operacionais da Internet. Mas um pequeno detalhes estava o tempo todo pulando na cara de todo mundo, seja nos slogans, nas falas, no material, nos banners e no site oficial: A Internet é uma rede de pessoas.


Bom se esta frase não tem nenhum significado a mais para você, é porque você é um dos que viu e não enxergou, mas não se preocupe, muitos não enxergaram. O fato de afirmar que a Internet é uma rede de pessoas contraria o mantra midiatico de que a Internet é uma rede de computadores, a Internet já deixou de ser uma rede de computadores há quase 10 anos.

A afirmativa de que a Internet é uma rede de pessoas subverte o conceito anterior de que a internet é uma rede de computadores, assim como hoje estamos na era da participação que subverteu o conceito da era da informação, mas curiosamente ambos os conceitos ultrapassados são ainda utilizados pela nossa jurássica mídia.

Em outras palavras, a questão tecnológica da Internet já se naturalizou, de forma que é naturalmente ignorada pelo o usuário de tal forma que este já enxerga diretamente a parte social da rede. Nem mesmo a velha frase que diz que a Internet é uma rede de pessoas mediada por computador é mais uma afirmativa indiscutível, com o crescimento da ubiquidade do acesso fica difícil definir o que é de fato computador, um celular é um computador? Neste caso a rede poderia ser definida como uma rede de pessoas mediada por dispositivos conectáveis, mesmo assim esta afirmativa, apesar de correta, coloca uma barreira no seu entendimento, em um momento que a invisibilidade da tecnologia se faz necessária para dar valor ao aspecto humano da rede.

Há dois anos fiz uma análise da pirâmide da pirâmide de Maslow aplicada as mídias sociais, que orgulhosamente apelido de pirâmide de Caribé ou hierarquia das necessidades em mídias sociais. Nesta analise eu estabeleço que os dois primeiros degraus da pirâmide são o conhecimento tecnológico e o acesso, mas se olharmos pela ótica que venho tecendo acima, podemos dizer que na verdade a pirâmide esta se transformando em um losango, uma vez que estes dois primeiros degraus estão ficando cada dia mais invisíveis, o que de certa forma acelera a tão desejada “alfabetização digital”.

Não tirando a questão tecnológica da Campus Party, afinal é sim de certa forma a tecnologia em seus diferentes niveis de visibilidade que as pessoas buscam encontrar no evento, mas principalmente as pessoas buscam encontrar pessoas, a Campus Party é na verdade uma grande rede social ao vivo de pessoas conectadas, uma tangibilização da cauda longa, um encontro de muitas tribos que habitam o ciberespaço e este planeta chamado terra, pense nisto.

A miopia universitária

Pouco antes da Campus Party, conversando com um amigo, o Ronald Stresser, ele comentou que estava pensando em fazer um curso mais específico de mídias sociais, e respondi quase de imediato que a Campus Party era o melhor curso de mídias sociais que ele poderia fazer, foi uma resposta daquelas “bate pronto” e depois comecei a pensar no que falei e vi que havia acertado na mosca.

Na Campus Party vivencia-se a cultura digital o tempo todo, é um paraiso para etnografos, profissionais e pesquisadores de comunicação e alias qualquer área profissional que de alguma forma envolva a Internet. Neste ano tivemos dezenas de palestras, com temas diversos e riquissimos, encontro dos cerebros da cibercultura brasileira, dos ativistas, legisladores e parlamentares da liberdade na rede, visita de presidenciaveis, debates de software livre, jogos, midias sociais, musica, video, multimidia, robotica, casemod e um monte de outras coisas. Na Campus Party você faz parte do contexto e não apenas lê sobre ele, o aspecto informal do evento reflete a informalidade e a liberdade da rede, onde você vai alem do livro, pode interagir com os autores, e isto não tem preço.

Mas onde estão as caravanas organizadas pelas universidades? Imagine o valor para uma faculdade de Direito em participar dos debates a cerca do Marco Civil, assistir à uma palestra do Lessig e de quebra ainda conversar com varios juristas, parlamentares, e representantes da sociedade civil que se fizeram presentes? Imagine o valor para uma faculdade de Comunicação participar de debates sobre cibercultura com os maiores estudiosos da área no Brasil? Ou quem sabe as faculdades de Pedagogia participarem da discussão a cerca do novo modelo de Universidade levantado pela pesquisadora Ivana Bentes?

Poderia enumerar dezenas de outros casos, eu nem falei da área técnica, mas foi de propósito, mas pergunto: Afinal porque as universidades ainda sofrem do mal de Sísifo, e continuam seguindo o mesmo caminho secular ao invés de apresentar novas propostas e desafios?

Uma panorâmica do BlogcampES

Em primeiro lugar foi uma gratificante oportunidade poder participar do Blogcamp ES, agradeço ao convite do Thalles, que acreditem, somente no meio da noite de quinta, já com todo mundo na “lama” é que eu saquei que era o mesmo Thalles que participou da organização do Mega Não em Vitória. Também agradeço ao gente finissima Fabio Malini e a elétrica Emily. Tive o prazer de conhecer pessoas bastante interessantes, conversar com muita gente inteligente e bonita. Fiquei fascinado com a história de vida da Carla Coutinho, virei fã da menina. Me tornei o sétimo leitor do blog da Gabi Dornelas, me contagiei com o bom humor irradiante do Raphael Mendes, mais um bem sucedido pró blogger que conheci. Também conheci o Marcos Eduardo, que espero não ter acho o meu style fat 80’s demodê :). Na “lama” conheci ainda mais gente bacana, é que sou péssimo para guardar nomes, mas ela se lembra que na “lama” ficou na segunda cadeira do meu lado, e confirmou a minha identidade secreta: Sim eu sou o Caribé. Teve ainda a jovem menina do lado da Gabi.

No sábado tive a satisfação de acordar e olhar o mar pela janela, com os raios de sol perfurando as poucas nuvens, uma visão estimulante. Me supreendi ao fazer o checkout no Best Western Pier Vitória Hotel, o primeiro de dezenas de hoteis onde me hospedei que não existe a presunção da culpa, ou seja, ninguém fica te enrolando na recepção enquanto um funcionário vai no apartamento ver se você não roubou nada, até mesmo para o frigobar a atendente pergunta: O que o senhor consumiu? Uau! Ninguém foi la olhar se eu estava mentindo!

No BlogCamp

Na minha participação com o imprescindível Henrique Antoun, no painel Blogs e Ciberativismo, comecei com uma breve história na Internet, e entramos a fundo no assunto. A quantidade de participantes e a qualidade dos comentários transformou um painel Blogs e Ciberativismo numa irresistivel desconferência que só terminou as 13h porque o Antoun tinha de ir e eu acabei indo junto para o Rio. No painel diversas frases foram twittadas e falamos de um monte de coisas que tinham um monte de links, bom então seguem os links:

Mantras da Irracionalidade:

Mito midiático da gripe suína

Teses, teorias e manifestos

Blogs, redes, coletivos e bookmarks

Videos e livros citados

  • Video – Fahrenheit 11 de setembro (Indispensável)
  • Video – Fahrenheit 451 (distopia)
  • Video – Obrigado por fumar (Nao lembro quem citou)
  • Video – Muito Alem do cidadão Kane
  • Video – A Revolução não será televisionada
  • Video – A Corporação (The Corporation)
  • Livro – 1984 – George Orwell
  • Livro – Admiravel mundo novo – Aldous Huxley
  • Periódico – Feed-se Democracia

Por enquanto é isto, recomendo a leitura dos links para quem deseja se aprofundar mais no tema, e para aqueles que pretendem fazer seus TCCs e Teses baseado no tema, se precisar de ajuda é só falar.

O dinossauro e o Barcamp

Figueiredo é o presidente de uma grande gravadora, a Anta Records. Figueiredo dedicou a sua vida à Anta Records, entrou lá como office boy e fez carreira até chegar à presidência, se orgulha de cada passo, cada degrau que escalou para chegar onde chegou. Seu Figueiredo fez uma carreira vertical, antigamente era assim. Com uma forte dose de romantismo, a carreira vertical, é um sinônimo corporativo do “aprender com os próprios erros”. Mas o tempo passou, ainda bem! Hoje as carreiras são horizontais, muitos empregos, muitas culturas, tornam as empresas e os executivos mais competitivos.

A Anta Records é tudo na vida do seu Figueiredo, ele se orgulha de ter lançado diversos sucessos, orgulha-se de sua relação com as radios e sua eficiente rede de distribuição, orgulha-se de possuir os melhores estudios do mercado, afinal tem realmente do que se orgulhar. Seu Figueiredo chegou lá, esta tranquilo, realizado, mas seu novo assistente, o Junior Silva vem tirado seu sono.

Junior Silva é um garoto antenado, filho de Apolônio Silva, o Junior sempre gostou de música e tecnologia. Conseguiu o emprego na Anta Records como assistente do seu Figueiredo. Seu Figueiredo pode ser um “dinossauro”,  mas percebe que alguma coisa esta acontecendo e que o filho do seu vizinho moderninho, poderia lhe mostrar o caminho. Apesar disto, seu Figueiredo é um cara “osso duro de roer”, ao mesmo tempo que quer inovação tem pavor de perder seu “status quo”.

Um belo dia Junior percebeu que a oportunidade para “digitalizar” o analógico seu Figueiredo havia surgido, e então correu para a sala do seu Figueiredo, abriu a porta esbaforido e falou:

– Seu Figueiredo, tenho otimas ideias para o senhor, vai acontecer um Barcamp no próximo sábado e imagino que podemos encontrar grandes oportunidades para Anta Records.

Figueiredo fitou o Junior pensativamente, levantou suas fartas sobrancelhas alternadamente, colocou a mão no queixo, parecia pensativo. Depois de alguns segundos soltou um sorriso e exclamou:

– Junior, em que um acampamento de manguaceiros pode nos ajudar?

Ai meu Deus! Pensou Junior,  ja vi que vou ter de explicar detalhadamente ao Seu Figueiredo, haja paciência, mas vamos lá:

– Seu Figueiredo, de onde você tirou a ideia de que vamos à um acampamento de manguaceiros?

– O que mais poderia ser “Bar Camping”, que não um acampamento em um bar, deve ser nojento isto. Que tipo de gente frequenta um negócio destes?

– Seu Figueiredo, estes eventos são frequentados por profissionais de diversas áreas, blogueiros, formadores de opinião, hubs de mídias sociais, e gente de todo tipo. E não é um acampamento num bar.

– Junior, este pessoal pode ficar acampado, mas eu estou muito velho para acampamentos, prefiro que você peça a dona Terezinha para reservar um Hotel para mim, ao menos eu vou ao “Bar do hotel”. Alias para que eles vão levar hubs para o acampamento? E o que é este tal de “Bar Camping” afinal?

– Seu Figueiredo, hub é o nome dado à formador de opinião, são elos chaves no Buzz Marketing. Barcamp é uma desconferência.

Seu Figueiredo solta uma sonora gargalhada, e fala:

– Junior, desconferência seria uma conferência ao contrário? Seria o público no palco e o palco no público? Vamos ter de chegar la falando nossos nomes de trás para frente?

– Boa Seu Figueiredo ! É quase isso, na verdade é uma espécie de conferência onde não existe pauta, e qualquer um pode debater, não existe uma linha clara entre público e palestrante,  o evento é bem informal, mas é bem interessante.

– Tudo bem Junior, acho que estou entendendo; mas me diga, este negócio de midia social é coisa daquele presidente barbudo?

– Não seu Figueiredo, não é não, depois eu explico ao senhor. Agora preciso me inscrever no Barcamp.

– Também quero ir Junior, me inscreve também no Bar Camping, quero ver de perto como é que são estes hubs e o que é esta tal de mídia social.

– Tudo bem seu Figueiredo, vou inscrever o senhor também.

Duas semanas se passaram e amanhã é dia de BarCamp, as sugestões de temas estão quentissimas, mas Junior esta preocupado, tem certeza que o seu Figueiredo vai meter o pé na jaca, principalmente porque um dos temas é o caso do Radiohead, a gravadora RCRD LBL e outros inovadores…

(continua…)

Nota: Isto é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Transem mais e postem menos!

Foi com esta frase que Alê Felix fechou sua apresentação na arena principal do Blogcamp Rio 2008, com chave de ouro, uma frase muito bem colocada, despojada, descontraida e despida de preconceitos, e que sintetizou com clareza o espirito do evento, permitindo diversas e interessantes leituras.

O NAVE é o palco ideal para eventos geeks, perfeito, é praticamente um playground da blogosfera, lá sinto-me em casa, quem não se sente assim?  É um ambiente super hightech, uma escola de ensino médio que nem parece escola, e é uma escola pública estadual. A proposta do NAVE é que os alunos além do ensino fundamental tenham atividades profissionalizantes na àrea de construção de games. Mas isto é apenas um detalhe, a idéia é muito mais complexa e interessante.

Voltanto ao BlogCamp, primeiro quero elogiar o esforço do Dulcetti “modafoca” e a discreta mas eficaz atuação do Beto Largman que possibilitou que o BlogCamp fosse realizado no NAVE.

Cheguei em torno de 13h, e pelo que soube, perdi ótimos painéis, mas não tive como chegar antes. Ainda tinha pouca gente, a maioria estava almoçando. Conversei com um pessoal do Espirito Santo que estava proximo a fabulosa mesa de lanches, que incrivelmente estava sempre renovada. Alias o pessoal com quem conversei, coincidentemente é o mesmo que esta na foto na ponta próximo aos refrigerantes.

Não demorou muito para o pessoal chegar em massa do almoço, o primeiro que vi foi o Beto Largman, em seguida o Dulcetti, Nickellis, MissMoura, Leanderson e ai foi uma “invasão generalizada”. Conversei rapidamente com o Dulcetti a cerca de uma ideia que eu e o Bressane tivemos, a do Jurrasicamp, Dulcetti já comprou a ideia.

Na arena principal, aquele clássico auditório lotado de puffs enormes encontrei o NIck, o Beto e o Dulcetti, este na posição em que o napoleão perdeu a guerra largado no puff. O Nickellis tirou uma foto da bizarra situação, mas deve ter decidido manter sigilo a cerca do fato, afinal temos de preservar a dignidade do amigo.

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Posts

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  5. Jacaré Banguela – Bloco de notas Blogcamp
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