Mantras da irracionalidade – direito autoral

Você já parou para pensar sobre o direito autoral e a propriedade intelectual? Bom eu venho pensando muito a respeito há anos, e tenho chegado à conclusões surpreendentes, verdadeiras aberrações que são aceitas e replicadas pela sociedade como verdadeiros mantras da irracionalidade, aqueles mantras que foram imputados em sua mente por muito tempo, pela grande e dominadora mídia, e hoje você os repete sem pensar e com toda convicção. Você não os repete?  Ótimo, então vamos à algumas provocações:

  • Se um acadêmico não é remunerado permanentemente por uma Tese, porque o autor de um livro tem de ser?
  • Se um publicitário não é remunerado permanentemente por uma peça que criou, porque o produtor de cinema tem de ser?
  • Se um engenheiro não é permanentemente remunerado por um projeto que ele fez, porque o musico tem de ser?

Quando um engenheiro faz um projeto, ele assina a responsabilidade por ele, seja este engenheiro independente, funcionário ou responsável por uma Empresa. Este projeto tem um preço que é ditado por um mercado e é pago na forma combinada apenas uma vez. E por toda vida, este engenheiro pode ser responsabilizado por algum dano que seja comprovado como falha de projeto, e isto pode ter custos indetermináveis. Por outro lado, o músico não tem este risco enorme, afinal qual a chance de sua música provocar dano à alguém? Se ele não falar mal de ninguém e nem criar polêmica com a letra e não copiar outro músico, o risco é zero. Quando acaba um projeto o engenheiro já tem de estar fazendo outro, a vida dele é fazer projetos, ele se remunera por um projeto atrás do outro, até que chega ao fim de sua carreira. A partir dai ele vai ter de viver com suas economias, e sua pensão do INSS, e se foi previdente, da sua previdência privada. Com o músico é diferente, ele tem todos estes direitos do engenheiro e ainda tem a chance de criar “projetos” que irão sustenta-lo e a sua familia por muitos anos. Entendemos que cada música é um projeto, ou cada CD, e suas músicas proporcionam renda através de shows e da venda de CDs e faixas avulsas, mas não é só isto, tem mais!

Temos no caso da música o ECAD, que é uma entidade que fiscaliza e taxa qualquer estabelecimento que ouse tocar música! Não sei se existe transparência nesta arrecadação e nem se tem garantia de que todos os músicos serão remunerados de forma justa. Para mim o ECAD é uma aberração socialmente aceita, os estabelecimentos estão divulgando a música e ainda pagam por isto! Mas imaginemos se tivesse um ECAD na engenharia. Ele iria avaliar uma obra e cobraria uma taxa pela provável utilização dos projetos, ou seja, cada vez que um projeto fosse consultado, la estaria o ECAD da engenharia cobrando mais um níquel, acharíamos isto normal?

Acadêmicos investem anos de suas vidas em estudos e pesquisas, produzem teses e mais teses que são largamente utilizadas pela sociedade e industria de modo geral, algumas destas teses se transformam em livros, mas é a excessão e não a regra. Os resultados das pesquisas são utilizados em benefício da sociedade, são de fatos uteis em todas as esferas da humanidade, seja na economia, na saúde, educação, poder público, e etc.. A remuneração do acadêmico em geral vem das universidades, e de bolsas de pesquisa, e quando se aposentam tem o mesmo destino do engenheiro que citei logo acima. Quanto ao ECAD da academia, bom imagine você mesmo…

Mas e os autores de livros, bom assim como os músicos e pintores eles possuem o dom da arte, autores trabalham bem para escrever livros, não posso negar, mas nem todos os autores são realmente autores de seus livros, mas isto é outro papo. Por este livro o autor recebe a remuneração da sua venda, e também de palestras e eventos que participa. E quando se aposenta tem os mesmos direitos do engenheiro e do acadêmico, e ainda recebe os direitos por seus livros por muitos anos. Ainda bem que não tem ECAD dos livros, mas ja tem gente pensando em criar algo parecido e cobrar uma taxa das copiadoras…

Bom não vamos falar de publicitários e cineastas, seria mais um parágrafo comparando laranjas com maças, e daria mais trabalho para a minha conclusão, então vamos falar dos pintores de arte.

O pintor de arte ganha dinheiro vendendo suas obras, a atendendo à pedidos especiais, e ganha uma remuneração do “ECAD” dos pintores cada vez que alguém admira suas obras… ué? Não é assim não? Mas pô! Pintor não é artista? Porque este preconceito?

Bom que tem o músico e o autor de livro que o engenheiro, acadêmico e pintores de arte não tem? Vamos dar um tempo para você pensar…. pensou?


Uma indústria intermediadora! Afinal lançar livros e discos tem um alto custo e demanda uma forte estratégia de marketing, por isto que os intermediários ficam com pelo menos 90% da arrecadação. Isto se justificava no século passado, antes do advento da Internet. Nos anos 80 os equipamentos e a produção de um disco eram impossíveis às pequenas bandas e livros tinham altos custos de diagramação e impressão.

Hoje pequenos estúdios que custam menos de R$ 100,00 a hora podem produzir CDs com ótima qualidade e temos a Internet para divulgar o trabalho, então para que precisamos das gravadoras? Nos não precisamos, quem precisa são os dinossauros, os músicos desconectados, os músicos da antiga. É importante lembrar que se você tem mais de 16 anos, então você é um imigrante digital, e para ser entendido precisa falar com os dois mundos.

Gravadoras são poderosas, movimentam verdadeiras fortunas, segundo o relatório mais recente da APBD, no ano passado (2009) o mercado movimentou R$ 358.432 milhões com a venda de música nos formatos físicos (CD, DVD e Blu-ray) e formatos digitais (via Internet e telefonia móvel), e registrou um crescimento de 159,4% das vendas digitais via Internet, e ainda reclamam. E segundo a IFPI, neste mesmo ano o mercado fonográfico girou U$ 140 bilhões, ou quase 5% do PIB Brasileiro no mesmo período, e ainda culpam a pirataria por não arrecadarem mais, pois sim

Com este dinheiro todo eles tem um poder gigantesco e esta é a unica explicação para esta diferença entre o tratamento dos nossos atores aqui citados, mas afinal estamos aqui defendendo o direito autoral pô! Como assim? Olha aquele disco ali em cima, o suposto direito autoral que falamos é na verdade o direito do intermediário sobre os direitos do autor, e este em muitos casos não tem nem o direito de reproduzir suas próprias músicas, o Teatro Mágico que o diga…

Pois é e olha que eu ainda não entrei na questão da propriedade intelectual! E nem vou. Para isto pretendo fazer outro texto educativo como este, por enquanto vamos jogar pedras no meu blog, que venham os comentários!

 

ACTA e o tripé do atraso

Os neoludistas estão lutando pela manutenção dos valores “analógicos”, a industria do copyright briga para ampliar seu poder e a midia tenta a todo custo prorrogar a sua morte já anunciada. Este três grupos atacam compulsivamente seu maior inimigo, que é ao mesmo tempo a maior invenção de todos os tempos: a Internet. Tudo por causa de uma ambição miope que se resume em manter-se na “zona de conforto”.

Os neoludistas não significam uma organização estruturada para manter os “velhos valores” em detrimento da tecnologia, é na verdade um conjunto não organizado de pessoas (políticos, juristas, empresários e até mesmo cidadãos comuns)  que possuem um alinhamento ideológico neoludista, e que exercem sua influência e são influenciados com base na ignorância tecnológica intencional ou não. A indústria do copyright vem compulsivamente atirando no próprio pé desde o momento da popularização da Internet, transformando seus consumidores em vitimas do próprio consumo.  Na tentativa de manter seu super ultra lucrativo modelo de negócios, a indústria do copyright procura posicionar-se acima de qualquer mortal estendendo seus tentáculos além dos direitos fundamentais e civis. Enquanto morre de dentro para fora, a midia vem tentando sobreviver num momento em que o jornalismo atinge sua melhor fase, é a implosão anunciada. Esta para se manter viva alinha-se com a indústria do copyright , fornecendo munição para os neoludistas atacarem os conectados que já são maioria no Brasil (já que em 2009 eram 45%), isto num ciclo interminável a ponto de não se conseguir saber mais onde tudo começou ou até mesmo quem influencia quem.

Os neoludistas, a indústria do copyright e a mídia formam o tripé do atraso, uma estrutura poderosa que sustenta o atraso que assola principalmente o terceiro mundo.

Pela ótica dos conectados é como se o tripé do atraso fosse o nobre decadente, que ainda se sente provido de poder e credibilidade com base em velhos dogmas e valores que aos poucos vão sendo suplantados, o resultado disto é uma exposição caricata de um ícone do passado. O tripé do atraso recusa-se a adaptar-se aos novos valores, acredita ainda ter poder para muda-los ou ignorá-los, propala um discurso patético que começa a fazer sentido somente para mentes conservadoras do próprio tripé, encerrando o discurso dentro do espaço do emissor retro alimentando-o. O tripé do atraso ainda enxerga as estruturas verticalmente, acredita que eles é quem produzem cultura, e não o povo. Não fazem a menor idéia do que seja a inteligência coletiva, que vem constantemente desmascarando as tentativas manipulatórias da mídia. Ainda pensam que existe alguém por trás disto, e não uma multidão como de fato é. O tripé do atraso ainda enxerga as velhas formas de comunicação, um emissor e muitos receptores, ignoram a comunicação em rede, obviamente porque não enxergam estruturas verticais e ainda buscam lideranças em tudo que combatem.

Na prática não podemos subestimar o tripé do atraso, eles são poderosos e não estão tão por fora da cultura digital como imaginamos, a Convenção de Budapeste, o AI5 digital e o ACTA [1],[2],[3] e [4] são indícios de que eles estão sendo assessorados por quem sabe. Em linhas gerais querem criminalizar a Internet como conhecemos, transformando-nos em criminosos do dia para a noite. Legislações deste tipo darão um tremendo aborrecimento e trarão um terrível atraso e um nível insuportável de controle.

O Ciberativismo da sociedade conectada no Brasil conseguiu paralisar a tramitação do AI5 digital, o Itamarati já se posicionou que não assina convenções de que não participa de sua elaboração, apesar disto, a Argentina assinou a convenção de Budapeste, mas ainda falta a decisão tramitar no congresso de lá, torceremos para que os ciberativistas Argentinos saibam se mobilizar para bloquear isto.

O caráter secreto do ACTA, assim como foi com o AI5 digital no inicio, é um dos fatores mais preocupantes. Pelo que foi divulgado e vazado anteriormente, o ACTA pretende justamente mudar os valores citados acima para alegria dos neoludistas, fazendo voltar tudo como era antes, a figura do intermediário, o controle da produção e a volta da economia da escassez, uma vez que as maliciosas cláusulas do ACTA irão literalmente acabar com o remix, com a criação, e principalmente com a liberdade na rede, senão com a própria rede.

Somos uma das nações mais promissoras em termos de cultura digital, temos um povo criativo, e livres seremos imbativeis, imagina unidos com nossos irmãos latinos, alias já deveríamos ter feito esta união há muito tempo. Temos três trunfos em andamento que temos de participar, pois o Marco Civil servirá de barreira contra o ACTA (temos de corrigir o que precisa ser corrigido), juntamente com a Reforma da Lei de Direito Autoral, e por fim o Plano nacional de Banda larga irá proporcionar uma intensa aceleração da inclusão e alfabetização digital, facilitando ainda mais nossa resistência.

Formar uma rede popular de resistência ao ACTA esta sendo um grande desafio, esta rede terá de ser muito grande e terá de atravessar fronteiras, acredito que a partir deste momento esta sendo formada a rede mundial de ciberativismo contra o ACTA, vamos mostrar mais uma vez que a globalização social foi muito mais efetiva do que a globalização econômica, e que precisamos cada vez menos de intermediários.  Você pode não estar percebendo ainda, mas estamos caminhando pelo tabuleiro, onde a jogada final irá colocar em xeque o modelo econômico atual, os sinais já estão por ai, o momento agora é de leitura e debate, vamos entender o que é o ACTA, e agir com Sun Tzu fala em seu livro a arte da guerra: Se você conhecer a si mesmo e a seu inimigo nunca perderá a guerra. A corrida já começou, é a corrida do conhecimento, esta esperando o que?

Este post é uma resposta tardia à convocação para a blogagem coletiva contra o ACTA.

Créditos das fotos

Seu site por R$ 199,90

Certo dia, após uma breve leitura dos classificado de Informática, um determinado empresário decide que esta na hora de ter sua presença na internet, e liga para um anuncio que lhe chamou a atenção: “Seu site por R$ 199,90

Empresário: – Alô ?
Empresário: – De onde fala?
Anunciante: – Ô tio, é o Marcão, o webdesigner.
Empresário: – Marcão, eu vi seu anuncio que você promove empresas na Internet.
Anunciante: – Ô tiozão é isso mesmo, meu trabalho é bom e barato. Faço um site irado e ainda divulgo ele pela web.
Empresário: – E tudo isto por R$ 199,90?
Anunciante: – Tio, este é o preço justo, mais que isto é um roubo. Estas empresas cobram uma grana porque são mercenárias, meu serviço é irado.
Empresário: – Mas vai ficar bom?
Anunciante: – Tio, vamos usar tudo que é novidade: AJAX, XHTML, Flash, CSS e ainda vamo botá” um AdSensezinho.
Empresário: – E vão divulgar?
Anunciante: – Tio, webmarketing é nois! Tenho 10 milhões de e-mails cadastrados, a gente avisa a todo mudo do seu site. Vai ser show!
Empresário: – Ok, tá fechado.

Empresário pensa: – AJAX para que? Será que precisa limpar o monitor?

Diariamente, empresários mal informados são vitimas destes amadores. Ferramentas de publicação na internet são cada dia mais interativas e fáceis de usar, levando ao mercado uma enxurrada de curiosos despreparados.

Para o mercado profissional isto não é novidade, me lembro dos idos tempos de formação do PROMIT em 96, que este problema já existia. Alias o amadorismo é um problema recorrente em nossa sociedade, já nos habituamos à informalidade, temos amadores em basicamente todas as áreas. Com certeza ninguém se submeteria à uma cirurgia com um médico amador, mas constroem casas com base no know how prático de profissionais de construção, ou consertam seus carros com o quebra galho da esquina que também faz manutenção no aquecedor de gás.

Serviços amadores podem dar certo, o paciente pode sobreviver, a casa pode não cair, o carro e o aquecedor podem não colocar vidas em risco, mas não deixa de ser uma roleta russa. Para alguns um risco calculado, para a maioria pura ignorância.

Por que na hora da presença na internet isto tem de ser diferente? Alguns podem argumentar que muitos clientes simplesmente não necessitam de algo além do “site a R$ 199,90″. Pode até ser, mas estamos vivendo cada vez mais conectados, e os tempos do “web site corporativo estático” já eram. Hoje é preciso participar, interagir e relacionar. Um site estático esta condenado à invisibilidade digital, se não possui valor agregado e não presta nenhum serviço à seus visitantes então é um natimorto.

Ainda é comum as empresas delegarem assuntos de internet para seus departamentos de TI, mas existe uma tendência crescente de empresas que passaram seus assuntos de internet à seus departamentos de marketing. É preciso encarar um projeto de internet como um investimento, que irá proporcionar um retorno (ROI) de 300% em um ano, segundo a Closed Loop Marketing. Obviamente este ROI não é uma afirmativa, e sim uma probabilidade que tem como componentes mais importantes quem contrata e quem é contratado. Internet hoje em dia é assunto do departamento de marketing das corporações, e deve ser tratado com empresas especializadas em marketing digital, desta forma um ROI de 300% torna-se bem plausível.

Segundo a pesquisa “Business to business survey 2007″ da Enquiro, 83% das empresas usam a Internet para localizar potenciais fornecedores. Um site bem construído é “achavel”, “usável” e “acessível”, para isto é necessário uma equipe especializada e não mais um profissional que sozinho produza todo resultado. Gerente de projetos, Arquiteto de informação, Webdesigner com enfase em webstandards, webdeveloper com ênfase em aplicações client e server side, Gerente de Marketing digital com ênfase em SEO, além de outros especialistas formam uma equipe para desenvolver um projeto de internet de resultados, e você ainda acha que dá para fazer isto tudo à R$ 199,90 ?

A Campus Party que todo mundo vê, mas poucos enxergam

Decidi fazer este post como um exercício, venho enfrentando um momento estranho, parece que perdi momentâneamente minha habilidade com a escrita, talvez seja porque tenho convivido com dinossauros mais do que o tolerável, tenho participado de reuniões onde as pessoas possuem pastas com email impresso!

Para tentar resgatar o meu verdadeiro eu, decidi me internar na Campus Party 2010. Fui convidado para uma palestra no Campus Forum na terça (26/01) e aproveitei para ficar até sábado (30/01), foi ótimo, revi gente conectada, gente do meu mundo e pude voltar a sentir o sabor da evolução, o frescor da brisa tecnológica e o calor humano de uma rede de pessoas. Foram momentos de extremo prazer, conversas produtivas, palestras, planos e celebrações, tudo girando em torno de um só tema, a sociedade conectada e o futuro do Brasil.

O que todo mundo vê e poucos enxergam?

Esta foi a terceira edição da Campus Party, e cada edição possui características marcantes, esta por exemplo estava muito focada em cibercultura e aspectos legais e operacionais da Internet. Mas um pequeno detalhes estava o tempo todo pulando na cara de todo mundo, seja nos slogans, nas falas, no material, nos banners e no site oficial: A Internet é uma rede de pessoas.


Bom se esta frase não tem nenhum significado a mais para você, é porque você é um dos que viu e não enxergou, mas não se preocupe, muitos não enxergaram. O fato de afirmar que a Internet é uma rede de pessoas contraria o mantra midiatico de que a Internet é uma rede de computadores, a Internet já deixou de ser uma rede de computadores há quase 10 anos.

A afirmativa de que a Internet é uma rede de pessoas subverte o conceito anterior de que a internet é uma rede de computadores, assim como hoje estamos na era da participação que subverteu o conceito da era da informação, mas curiosamente ambos os conceitos ultrapassados são ainda utilizados pela nossa jurássica mídia.

Em outras palavras, a questão tecnológica da Internet já se naturalizou, de forma que é naturalmente ignorada pelo o usuário de tal forma que este já enxerga diretamente a parte social da rede. Nem mesmo a velha frase que diz que a Internet é uma rede de pessoas mediada por computador é mais uma afirmativa indiscutível, com o crescimento da ubiquidade do acesso fica difícil definir o que é de fato computador, um celular é um computador? Neste caso a rede poderia ser definida como uma rede de pessoas mediada por dispositivos conectáveis, mesmo assim esta afirmativa, apesar de correta, coloca uma barreira no seu entendimento, em um momento que a invisibilidade da tecnologia se faz necessária para dar valor ao aspecto humano da rede.

Há dois anos fiz uma análise da pirâmide da pirâmide de Maslow aplicada as mídias sociais, que orgulhosamente apelido de pirâmide de Caribé ou hierarquia das necessidades em mídias sociais. Nesta analise eu estabeleço que os dois primeiros degraus da pirâmide são o conhecimento tecnológico e o acesso, mas se olharmos pela ótica que venho tecendo acima, podemos dizer que na verdade a pirâmide esta se transformando em um losango, uma vez que estes dois primeiros degraus estão ficando cada dia mais invisíveis, o que de certa forma acelera a tão desejada “alfabetização digital”.

Não tirando a questão tecnológica da Campus Party, afinal é sim de certa forma a tecnologia em seus diferentes niveis de visibilidade que as pessoas buscam encontrar no evento, mas principalmente as pessoas buscam encontrar pessoas, a Campus Party é na verdade uma grande rede social ao vivo de pessoas conectadas, uma tangibilização da cauda longa, um encontro de muitas tribos que habitam o ciberespaço e este planeta chamado terra, pense nisto.

A miopia universitária

Pouco antes da Campus Party, conversando com um amigo, o Ronald Stresser, ele comentou que estava pensando em fazer um curso mais específico de mídias sociais, e respondi quase de imediato que a Campus Party era o melhor curso de mídias sociais que ele poderia fazer, foi uma resposta daquelas “bate pronto” e depois comecei a pensar no que falei e vi que havia acertado na mosca.

Na Campus Party vivencia-se a cultura digital o tempo todo, é um paraiso para etnografos, profissionais e pesquisadores de comunicação e alias qualquer área profissional que de alguma forma envolva a Internet. Neste ano tivemos dezenas de palestras, com temas diversos e riquissimos, encontro dos cerebros da cibercultura brasileira, dos ativistas, legisladores e parlamentares da liberdade na rede, visita de presidenciaveis, debates de software livre, jogos, midias sociais, musica, video, multimidia, robotica, casemod e um monte de outras coisas. Na Campus Party você faz parte do contexto e não apenas lê sobre ele, o aspecto informal do evento reflete a informalidade e a liberdade da rede, onde você vai alem do livro, pode interagir com os autores, e isto não tem preço.

Mas onde estão as caravanas organizadas pelas universidades? Imagine o valor para uma faculdade de Direito em participar dos debates a cerca do Marco Civil, assistir à uma palestra do Lessig e de quebra ainda conversar com varios juristas, parlamentares, e representantes da sociedade civil que se fizeram presentes? Imagine o valor para uma faculdade de Comunicação participar de debates sobre cibercultura com os maiores estudiosos da área no Brasil? Ou quem sabe as faculdades de Pedagogia participarem da discussão a cerca do novo modelo de Universidade levantado pela pesquisadora Ivana Bentes?

Poderia enumerar dezenas de outros casos, eu nem falei da área técnica, mas foi de propósito, mas pergunto: Afinal porque as universidades ainda sofrem do mal de Sísifo, e continuam seguindo o mesmo caminho secular ao invés de apresentar novas propostas e desafios?

Cluetrain 10 anos depois

Este artigo é uma tradução livre do artigo “The Clue Train 10 years on” de Karl long, com a devida autorização do autor.

O manifesto cluetrain, um livro concebido 10 anos atrás, previu e descreveu muitas das forças que foram disruptivas na economia, ativadas através da web 2.0.

Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos-e mais espertos que a maioria das empresas.

O ponto “mercados são conversações” sempre foi verdadeiro, mas o impacto desta afirmação foi realizada bem lentamente pelos negócios através dos últimos 10 anos. Fantásticamente, os conselhos e os insights deste livro ainda continuam válidos, embora o tom seja um pouco polêmico neste ponto, entretanto, ninguém mais precisa ser convencido a cerca das verdades traçadas neste livro.

Houve recentemente um evento em New York para discutir a relevância do manifesto cluetrain 10 anos, que foi blogado ao vivo por Josh Bernoff da Forrester. Nesta conferência Doc Searls usou poucas palavras para falar de publicidade, o que acredito não ser nenhuma novidade, mas pensei em como as empresas e agências ainda estão viciados nos formatos incrementalmente ineficientes e decadentes, e que ainda não acreditam no que Doc falou:

  1. A publicidade como conhecemos ira acabar.
  2. Pessoas arrebanhadas em jardins emparedados e que acham que isto as colocam em uma sociedade, verão como isto é um absurdo. (Facebook, Orkut são exemplos.)
  3. Nos iremos constatar que os mais importantes produtores são aquelas que costumamos chamar de consumidores.
  4. O valor da cadeia será substituído pelo valor da constelação. (muitas conexões).
  5. “Qual o seu modelo de negócios?” não será mais a pergunta para tudo. (Qual o modelo de negócios para suas crianças?)
  6. Nos iremos fazer dinheiro maximizando o “efeito porque”.(”Efeito porque” é o que acontece quando você faz mais dinheiro porque há alguma coisa mais com ele) Ex: Pesquisar e blogar.
  7. Nos teremos a habilidade de gerenciar as empresas da mesma forma como elas nos gerenciam hoje. (Acordos entre empresas e consumidores não serão mais favoráveis às empresas.) Na Escola de Direito de Harvard eles chamam isto de VRM – Vendor Relationship Management, onde Doc Searls esta trabalhando no projeto VRM.
  8. Nos iremos casar a web viva com o valor da constelação. (A web viva não é apenas sobre estrelas. Relacionamentos de todos com todos.)

No caso da publicidade em redes sociais, dê uma lida no artigo da Business Week sobre a eficiência da publicidade em redes sociais.

Profissionais de marketing falam que pelo menos 4 em 10.000 pessoas que visualizam suas campanhas em sites de redes sociais clicam nelas.

Voltando ao tema “mercados são conversações” seguramente na pior das hipótese é uma publicidade falsa, sem autenticidade, monólogo, porque empresas tem pavor de manter uma conversação, é isto que as pessoas percebem? O que elas percebem? Provavelmente o volume de publicidade, será que a melhor destas campanhas pode provocar ao menos uma centelha de conversação?

Então me diga que mecanismos a sua agência de propaganda proporciona para ajudar a “continuar a conversação” ?

Fonte: The Clue Train 10 years on at ExperienceCurve

Manifesto da Cultura Livre

Tomei a liberdade de fazer uma tradução à “toque de caixa” do Manifesto da Cultura Livre, publicado originalmente pelo coletivo Free Culture, como segue:

A missão do movimento da Cultura Livre é construir uma estrutura participativa para a sociedade e para a cultura, de baixo para cima, ao contrário da estrutura proprietária, fechada, de cima para baixo. Através da forma democratica da tecnologia digital e da internet, podemos disponibilizar ferramentaas para criação, distribuição, comunicação e colaboração, ensinando e aprendendo através da mão da pessoa comum – e através da verdadeiramente ativa , informada e conectada cidadania: injustiça e opressão serão lentamente eliminadas do planeta.

Nos acreditamos que a Cultura deve ser uma construção participativa de duas mãos, e não meramente  de consumo. Não nos contentaremos em sentar passivamente na frente de um tubo de imagem de midia de mão única. Com a Internet e outros avanços, a tecnologia existe para a criação de novos paradigmas, um deles é que qualquer um pode ser um artista, e qualquer um pode ser bem sucedido baseado em seus méritos e não nas conexões da industria.

Nos negamos a aceitar o futuro do feudalismo digital, onde nos não somos donos dos produtos que compramos, mas nos são meramente garantidos uso limitado enquanto nos pagamos pelo seu uso. Nos devemos parar e inverter a recente e radical expansão dos direitos da propriedade intelectual que ameaçam chegar a um ponto onde se sobreporão a todos os outros direitos do indivíduo e da sociedade.

A liberdade de construir sobre o passado é necessária para a prosperidade da criatividade e da inovação. Nós iremos usar e promover o nosso patrimônio cultural, no domínio público. Faremos, compartilharemos, adaptaremos e promoveremos conteúdo aberto. Iremos ouvir a música livre, apreciar a arte livre, assistir filmes livres, e ler livros livres. Todo o tempo, iremos contribuir, discutir, comentar, criticar, melhorar, improvisar, remixar, modificar, e acrescentar ainda mais ingredientes para a “sopa” da cultura livre.

Ajudaremos todo mundo à entender o valor da nossa abundância cultural, promovendo o software livre a o modelo open source. Vamos resistir à legislação repressiva que ameaça as liberdades civis e impede a inovação. Iremos nos opor aos dispositivos de monitoramento à nivel de hardware que impedirão que os usuários tenham controle de suas próprias máquinas e seus próprios dados.

Não permitiremos que a indústria de conteúdo se agarre à seus obsoletos modelos de distribuição através de uma legislação ruim. Nós seremos participantes ativos em uma cultura livre de conectividade e produção, que se tornou possível como nunca antes pela Internet e tecnologias digitais, e iremos lutar para evitar que este novo potencial seja destruído por empresas e controle legislativo. Se permitirmos que a estrutura participativa, e de baixo para cima, da Internet seja trocada por um serviço de TV a cabo – Se deixarmos que paradigma estabelecido para criação e distribuição se reafirme – Então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e  teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.

O futuro esta em nossas mãos, devemos construir um movimento tecnológico e cultural para defender o comum digital.

Leia, divulgue, replique, traduza, republique mas não fique ai parado!

Publicado também no Trezentos , Xô Censura e no meu blog no Cultura Digital

Mantras da irracionalidade

A indústria cultural é predatória, apropria-se da cultura popular, a reconfigura e a vende como produto travestido de cultura popular. A sociedade de consumo assimila esta cultura enlatada como se fosse sua, e ainda critica a cultura popular, que deu origem à sua nova “cultura”. Com consumidores assim fica fácil, à industria cultural e a mídia, a disseminação de “trojans intelectuais”, que mantendo a analogia com a tecnologia, são trojans que se instalam nas mentes das pessoas destituindo-os de seus sensos críticos.

Dentre as características mais veementes da indústria cultural, destaca-se seu poder em destituir dos indivíduos a autonomia em julgar e decidir. Se a revolução industrial mecanizou a relação entre homem e trabalho, a indústria cultural mecanizou a relação entre o homem e sua própria subjetividade.
Érica Fernandes Silva

Curioso é ver o quanto irracional nossa sociedade esta ficando, enquanto não estão consumindo a cultura de massa, estão trabalhando para ter recursos para consumi-la, isto no mais irracional dos círculos viciosos. Estupidamente estupendo, mas é a pura verdade, vivemos numa sociedade tão hedonicamente consumista, que é mais importante ter o bem do que proriamente usufrui-lo. A dissonância cognitiva pós compra não se da mais sobre o aspecto de que a compra foi ou não bem sucedida, ela vem perdendo sentido, para o consumista irracional, toda compra é bem sucedida, por mais estúpida que possa parecer. A nova dissonância é a depressão pós-compra, onde o vazio de possuir imediatamente inicia um novo ciclo no processo.

A tecnologia trouxe grandes benefícios à sociedade, eu amo a tecnologia, mas nem por isto deixo de ser crítico. Vivemos numa era dinâmica, a espiral evolutiva vem sufocando o nosso tempo, a velocidade das coisas e digo ai todas as coisas tal como a tecnologia, os negócios, a vida, tudo, vem aumentando de forma exponencial, e sem sinal de que isto vai mudar. Mas vai, tudo se da por relações complexas das mais diferentes matizes que nem sempre tendem à uma combinação perfeita, os comportamentos são senoidais (ainda publico aqui esta teoria), é como se sistematicamente entrássemos em uma via sem saída, e tenhamos de retornar e tentar novamente, mas sempre aparece um atalho no meio do caminho… Isto esta claro na atual conjuntura, onde o consumismo sufocou o capitalismo, num ato auto-imune, pois a relação consumo x capital perdeu a sinergia. Isto foi exatamente o que aconteceu nos Estados Unidos, para aumentar o consumo aumentou-se o crédito, e ai deu no que deu. Agora corre o risco do consumismo consumir o mundo ou a nós mesmos, é viver e assistir.

Em uma sociedade assim é fácil a disseminação do “trojan intelectual”, como a Érica citou, a indústria cultural mecanizou a relação entre o homem e sua própria subjetividade, é como se os “trojans intelectuais” minassem nosso senso crítico de forma tão sutil que nem nos damos conta disto. Mas existe cura, a cura esta na internet, a internet é a cura, a pluralidade de informações democraticamente disponíveis e díspares  no ciberespaço nos leva a leitura e reflexão, na reconstrução de nosso senso crítico e analítico para que possamos avaliar qual informação é de fato relevante, ou quais partes de cada uma compõe um conjunto sensato.

Muitos críticos irão dizer que a cura para o trojan intelectual esta nos livros e eu digo que não, por uma razão muito simples, os livros fazem parte da indústria cultural, no modelo de publicação atual, com base no copyright, faz do editor uma espécie de filtro de conteúdo, com amplos poderes para decidir o que deve ou não ser publicado. Quando o autor for o legitimo detentor dos direitos sobre sua obra, e quando ele tiver o poder de decidir a publicação, ai sim teremos um quadro onde os livros também farão parte da cura.

Dentro desta visão crítica que estou criando a nova categoria do blog, a que decidi chamar de mantras da irracionalidade, onde farei uma leitura crítica de diversas máximas que muitos usam como verdadeiros mantras emitidos irracionalmente.

O marketing de hoje, de amanhã e depois de amanhã

Como faço questão de não esconder, sou um leitor voraz, daqueles que esta sempre carregando um livro na pasta, e tem pelo menos dois na mesa de cabeceira, alem é claro, de centenas na estante. Este livro sobre o qual pretendo falar aqui é diferente, não me custou literalmente nada, e é um dos melhores livros sobre marketing emergente que li em português até então, trata-se do “best downloaded” Marketing depois de amanhã, do Ricardo Cavallini.

Cavallini é um cara que sabe o que fala, o livro explica de forma quase didática os temas emergentes do marketing, do novo paradigma da comunicação, é uma habilidade e tanto e uma prova de conhecimento. Einstein ja falava que uma forma de testar seu conhecimento sobre qualquer coisa é tentar ensina-la para a sua avó, acredito que a avó de Cavallini ja esteja entendendo de marketing e saiba diferenciar um viral de um buzz, ou que a midia de massa esteja em queda por conta dos prosumers que foram preconizados no Manifesto Clue train, é claro.

Gosto do jeito de escrever do Ricardo, descontraido, claro e sem muitos rodeios, mas sem deixar de ser bem fundamentado. O livro é um verdadeiro guia para diversos públicos:

  • Para os estudantes de comunicação para conhecerem um pouco além do que usualmente aprendem nas faculdades, algumas até explicam alguma coisa, mas se bobear formam “recém obsoletos”;
  • Aos profissionais experientes para poderem se reciclar e não perderem o equilibrio quando puxarem a escada que os sustenta no topo da cadeia da comunicação;
  • Aos curiosos para saberem um pouco mais sobre tudo que nos cerca em termos de marketing;
  • Aos empreendedores para descobrirem novas formas de ganhar dinheiro;
  • E finalmente aos avessos à publicidade para saberem o que mais devem evitar para não serem incomodados, se bem que como Cavallini diz no livro, o marketing de interrupção vem em franca decadência.

O livro, prefaciado por Washington Olivetto, é dividido em dez capitulos, começando por uma panorâmica atual, uma breve olhada no contexto da internet e em seguida levanta voo em direção a coisas muito interessantes como TV Digital, Advergaming, Mobile, Dispositivos de conexão ( a internet das coisas), novos displays, micropagamentos e finalmente novas possibilidades. Para quem gosta do assunto é um daqueles livros para se ler em um fim de semana chuvoso, na tela do computador enquanto os novos displays ainda não estão acessíveis. Não tem porquê não ler, o livro é gratuito e vale cada byte consumido em seu download.

Sunergeo !

Sunergeo é uma palavra Grega que significa:

1. Ser parceiro no trabalho para trabalhar em conjunto, ajudam no trabalho.
2. Prestar assistência para juntamente poder colocar algo adiante.

Este foi o nome que escolhi para batizar minha técnica de gestão, doravante chamado método Sunergeo de gestão corporativa para MPEs(Micro e pequenas e médias empresas).

Decidi publicar sobre gestão, pois há anos, venho sistematizando coisas, processos, idéias, muitas das quais fez efetivamente muita gente ganhar dinheiro. Decidi que agora quem vai ganhar dinheiro como o meu cerebro sou eu, desta forma me lanço oficialmente como consultor de negócios, não só em mídias sociais, mas como consultor de negócios no sentido gerencial, de marketing, de tecnologia, sou um cara holistico!

Como surgiu o método Sunergeo

Tudo começou há mais de 10 anos, em 1992 para ser mais preciso. Nesta época era sócio minoritário na empresa de engenharia do meu pai, e estava assumindo o cargo de gerente técnico ou gerente operacional, como for melhor para você compreender.

Como é natural, a medida em que você sobe na cadeia evolutiva corporativa, você vai trocando as mãos pelo cérebro, o trabalho imersivo pelo trabalho contemplativo. Isto porque quem gerencia deve fazer exatamente isto, gerenciar, observar, analisar, planejar.

Como premissa básica para assumir meu cargo, propus fazer um levantamento da empresa, de forma a estabelecer um workflow, e assim entender todos os processos e aumentar meu campo de visão.

Iniciei entrevistando os funcionários administrativos, e depois os sócios e alguns funcionários operacionais. Queria entender o processo pelas duas óticas, de quem faz e de quem manda. O Contador da empresa teve uma participação valorosa, pois como entendia de informática era quase um interprete para as estranhas siglas e procedimentos que nos imputam a burocracia nacional, agregando um valor enorme ao trabalho.

Deste levantamento surgiram observações no mínimo inusitadas, mas estranhamente comuns no ambiente corporativo, não só da empresa em questão, mas da maioria das empresas que conheço, e que talvez você também conheça:

  1. Micro gestão – Cada departamento, ou setor tinha uma micro gestão, com seus arquivos próprios, métodos próprios, workflow próprio. É como se fossem diversas micro gerências dentro da gerência.  O maior problema da micro gestão é que ela provoca desperdício de tempo e dinheiro e uma pseudo-independência que leva à miopia operacional.
  2. Miopia operacional – “Isto não é minha atribuição, ou isto não é atribuição do meu setor” Estes são os sinais mais claros de miopia operacional. Os diversos setores da empresa simplesmente não se enxergam, e não se relacionam, parecem competir entre si, e jogam constantemente o jogo da “batata quente”. O prejudicado mais uma vez é a empresa com a falta da necessária sinergia.
  3. Funcionário de ouro – Sabe aquele seu funcionário pró-ativo, que resolve tudo para você? Pois é, nada contra funcionários pró-ativos, muito pelo contrário, eles são os melhores funcionários, mas é preciso sistematizar o trabalho dele. Em geral renegamos isto a segundo plano, e a empresa deixa o departamento literalmente na mão do funcionário. Tudo vai muito bem até o dia em que ela perde o funcionário de ouro.
  4. Capital intelectual volátil – Raras as MPEs no Brasil que convertem conhecimento tácito em implícito, e mais raras ainda as que sistematizam o conhecimento implícito convertendo-os em conhecimento explícito. Desta forma um bom funcionário agregara valor ao capital intelectual da empresa apenas durante sua permanência, com sua saída, pouco se aproveita do conhecimento tácito e implícito dele.
  5. Redundância – Uma herança da Micro Gestão, arquivos redundantes, controles redundantes, registros redundantes. Já contabilizou o custo desta redundância? Então coloca na conta as horas desperdiçadas, o custo material e principalmente o custo para resgatar uma informação em um ambiente destes.
  6. Desastre ecológico – Precisa explicar? Hoje em dia este impacto é menor, mas antigamente tudo que se arquivava era impresso, e isto somado à redundância das micro gestões, pode custar muitas arvores por mês.
  7. Work-no-flow– É isto mesmo, como conseqüência dos problemas apresentados o “Work no flow”, ou melhor flui somente dentro dos ambientes micro-gestores, resgatar a informação que não flui é um trabalho adicional, que em geral tem ainda um custo adicional.
  8. Falta de sinergia – Sintetiza tudo que foi falado, é o que acontece no ambiente corporativo das MPEs, em especial no Brasil, onde planejamento é mais discurso do que prática.

A questão agora, depois do levantamento feito e devidamente sistematizado, o que produziu um belo manual de procedimentos, era como administrar os ambientes micro políticos para implantar as normas recém registradas?

A idéia inicial, foi a mais fácil, simplesmente dar uma cópia do manual para cada gestor, e dizer: Agora funcionamos assim. Foi um passo, o manual resolveu o problema da miopia operacional, e outros, mas a Micro-gestão e o funcionário de ouro ainda precisavam ser resolvidos.

A solução ja estava pronta, na verdade, para elaborar o manual tive de separar os procedimentos dos fluxos de documentos, era um manual orientado ao procedimento, e a solução estava justamente ai. A empresa precisaria apenas ser orientada ao procedimento, as barreiras entre os setores ruiram, o que importava era as pessoas executarem os procedimentos e os gestores fiscalizar e endossar os procedimentos executados.

Estava criada ai a metodologia de orientação ao procedimento, metodologia que publiquei na Internet em 96, e que teve seguidores, um deles me mandou um email agradecendo, pena que não guardei este email para hoje ter uma base de cases para mostrar.

Somando a metodologia de orientação ao procedimento, com a web 2.0 e aspectos comportamentais, esta criado o método Sunergeo, pronto para ser desenvolvido e implantado nas empresas interesadas. Que venham agora os convites e contratos. Como anda a sinergia da sua empresa?