Orwell & Huxley um ensaio distópico

Uma Distopia ou Antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utópica ou promove a vivência em uma “utopia negativa”. São geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo bem como um opressivo controle da sociedade. Nelas, caem-se as cortinas, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. Assim, a tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, de instituições ou mesmo de corporações.

Wikipédia

Nos meus tempos de criança costumava viajar no tempo assistindo às séries espetaculares de ficção, nos anos 60 e 70 era o que tinha de mais comum: Perdidos no Espaço, Viagem ao Centro da Terra, Terra de Gigantes dentre outros. Nasci na década que o homem foi à lua e assisti junto com minha família a transmissão ao vivo desta façanha, sempre fui fascinado pelo futuro, pelo espetáculo da evolução e pelo avanço da tecnologia. O blog Paleo Future me remete àqueles tempos, onde a visão futurística nunca se concretizou. Sempre curti ficção científica, mas ela sempre erra, é muito difícil prever o futuro, afinal o futuro não é feito apenas por idéias e conceitos, a sociedade é o grande determinante deste futuro, quem poderia imaginar um smartphone há dez anos? Quem poderia imaginar a Internet atual há dez anos? Eu tenho ousado imaginar como viveremos daqui há vinte anos, estou escrevendo uma ficção, mas só o tempo irá me dizer se estava certo. Imagine então autores de 1932 e 1949 escrevendo sobre o futuro, devem ter errado feio! Infelizmente não é o que parece. Em 1932 Aldous Huxley escreveu a distopia “Admirável Mundo Novo” e em 1949 George Orwell escreveu “1984″.

Huxley descreve um mundo futurista com um país transcontinental, onde os indivíduos são todos de proveta e manipulados geneticamente para que se encaixem em determinada casta e nela permaneça satisfeito por toda vida. No mundo de Aldous, a luxuria e o prazer são extremamente estimulados e não existem vínculos afetivos, que são combatidos com o estimulo à busca individual pela auto-realização. Neste mundo hipotético, vive-se para o consumo e o prazer. Depressões e pensamentos “negativos”, inclusive os de solidariedade, são combatidos com drogas de consumo livre e estimulado. Em Admirável Mundo Novo, existem países que não foram “civilizados” onde sua sociedade, dita selvagem, constrói famílias e vínculos afetivos de forma natural, os sentimentos de solidariedade, família e pertinência são muito comuns no mundo dos selvagens.

Em 1984 o mundo futurístico também é compostos por países transcontinentais, e o cenário é de total vigilantismo e totalitarismo. Todas as residências são vigiadas pela “teletela” que pela descrição se assemelha à uma TV que também transmite áudio e vídeo à uma central, livros e a escrita privada eram proibidos. Ao contrário do cenário de Huxley, o de Orwell prevê a manutenção da estrutura familiar, e coíbe veemente a luxuria e o prazer. No mundo de Orwell todos trabalham pelo coletivo e em sua maioria são funcionários do Estado. O lazer é coletivo, cidadãos são praticamente obrigados a frequentarem clubes públicos, da mesma forma que são obrigados à assistirem os discursos do “Grande Irmão”, que parece ser um personagem criado para representar o líder supremo, mas que ninguém nunca viu o rosto. Assim como a vida não tem valor algum na distopia de Huxley, na de Orwell ela além de não ter valor, corre o risco de nunca ter existido, pois o Ministério da Verdade, tem por função apagar os registros históricos em todos os meios, de pessoas e fatos que possam colocar o regime do Grande Irmão em risco.

O que mais impressiona nas duas distopias, é sua aderência ao cenário sócio cultural do século XXI, seguindo a máxima de “Tostines” não saberemos dizer que Huxley e Orwell acertaram suas visões ou se foram seguidos como quem segue uma cartilha.

No século XXI, ou melhor na sociedade pós-moderna, o capitalismo neoliberal segue em franca atividade, apesar da crise de 2008, por conta do consumismo insano, que leva a sociedade a ver no consumo seu maior objetivo de vida, quase uma religião. As pessoas são avaliadas por seus padrões de consumo e o processo de obsolescência programada e percebida criam constantemente signos e indicadores que acabam expondo quem esta ou não dentro destes padrões. O sistema financeiro sustenta a vida útil deste sistema perverso, adicionando novos entrantes sempre que necessários.

Neste sistema que corrompe e aprisiona, seus participantes lembram os hamsters que giram as rodas em suas gaiolas na expectativa de encontrarem o seu final, tal como a maldição de Sísifo. Presos neste sistema, pouco tempo sobra para os valores realmente importantes da vida. Nossos filhos ainda não são produzidos em escala industrial como na distopia de Huxley, mas os prisioneiros do consumismo estão sempre terceirizando o afeto e educação de seus filhos, e de quebra estão minando os laços afetivos, que passam a ser substituídos por laços de consumo. Troca-se o afeto pelos presentes, estamos ensinando desde cedo a nossos filhos que o consumo é ainda mais importante que as relações consanguíneas, e que fazer girar a roda de Sísifo é a tarefa mais importante de todas, custe o que custar! Não podemos deixar de observar que hoje muito tratam seus pares como produtos, destinados a satisfazer seus desejos.

Constatar que nossa sociedade trata pessoas como bens de consumo, e laços afetivos estão cada vez mais enfraquecidos, potencializados por relações hedonicamente fúteis, nos leva a pintar um cenário muito parecido com o de Huxley, quanto mais se adicionarmos o estilo de vida citado nos parágrafos anteriores.

Paradoxalmente, o capitalismo tido como o grande paladino que iria salvar a humanidade do totalitarismo do comunismo, tem se tornado cada vez mais um regime totalitário, mas como isto pode acontecer?

Estamos presenciando hoje em dia o surgimento de um quinto poder, o do e-Cidadão, que vem a somar-se aos três poderes do Estado e o poder das corporações. Os poderes do Estado estão limitados às fronteiras geográficas das nações, por outro lado as corporações estão se tornando gigantes transnacionais, e não só isto, estão crescendo tanto verticalmente como horizontalmente, transformando-se em oligopólios. Se levarmos em conta que das 100 maiores economias do planeta, 51 são corporações, não temos mais dúvidas de que elas estão se tornando muito mais poderosas que as nações, sobrepujando de forma cruel os três poderes do Estado.

Felizmente estamos assistindo nesta primeira década do século XXI, o surgimento de forças transnacionais de cidadãos conectados, que estão derrubando ditaduras e promovendo mudanças substanciais dentro de suas nações. Finalmente um poder que poderá se opor ao poder das corporações! Enquanto o capitalismo é tido por Bauman como um parasita que corroí a sociedade, quero concluir que a sociedade organizada e conectada, a e-Cidadania, transformou-se no parasita que corroí o capitalismo. Estas duas forças, ou blocos de poder são transnacionais e eficientes, ou seja, a globalização social parece ter se dado de forma mais rápida e eficiente do que a globalização econômica, e pior, se deu de forma descontrolada, fugiu ao controle do establishment.

Não podemos nos esquecer da globalização política, da criação de grandes blocos como o surgido na Europa, que parece ser uma forma dos três poderes do Estado ganharem força e transnacionalidade, mas que vem dando claros sinais de que não vai muito bem. Estamos querendo homogeneizar o que não pode ser homogeneizado, a diversidade é saudável em qualquer sistema. Mas de qualquer modo esta tendência de formação de blocos transnacionais nos remete às duas distopias, e faz sentido, quanto menos interlocutores são necessários, mais fácil é a negociação.

Este cenário promete ficar ainda pior, pois vários especialistas estão prevendo o crescimento ainda maior das corporações, que tenderão a se tornar “mega corporações”, e com isto poderão ter um poder praticamente ilimitado. Mas existe o poder da e-Cidadania para contrapor-se a isto, a sociedade conectada esta compartilhando conhecimento, arte, entretenimento, e até mesmo amor e compaixão sem a necessidade do intermediário, ou não? Redes sociais também são corporações e para piorar o cenário, os servidores raiz de DNS da Internet estão subordinados à OMC!

Estamos sendo manipulados, estão nos dando linha como uma pipa que sobe ao sabor dos ventos ascendentes? O poder corporativo poderá de uma hora para outra apertar um botão e desconectar os e-cidadãos? De que lado estão as corporações online, e de quem é o conteúdo que produzimos e publicamos online nestas redes sociais?

Estamos caminhando para um novo totalitarismo, o totalitarismo do capital, e o poder corporativo sabe que desarticular a e-cidadania não é tão simples como mandar desligar os servidores raiz. Por esta razão cria-se, com a ajuda laboriosa da mídia mainstream. o momento Hobbesiano com o objetivo claro de fazer crer que a Internet é um espaço sem lei, para forçar o Estado a criar formas de controla-lo. O poder corporativo só não mandou desligar a Internet porque assim como a sociedade ele também depende dela, e depende de um rígido sistema de controle de propriedade intelectual e industrial para impedir que os e-cidadãos deixem de ser seus parasitas e volte a parasita-los livremente.

Pelo exposto nos temos de tomar algumas atitudes essenciais para evitar que sejamos cooptados por um novo regime totalitarista.

  • Nos politizarmos mais, nos preocuparmos com as questões de nossa sociedade;
  • Aumentar a influência da sociedade civil na governança da rede;
  • Nos aliarmos os poderes do Estado;
  • Desconstruir incansavelmente o momento hobbesiano;
  • Pensar e construir alternativas para uma Internet;
  • Pensar local e agir global;
  • Repensar nossa relação com o consumo;
  • Pensar e novas formas de organização social.

Créditos: A imagem foi obtida no Paleo Future

UPDATE 14/09/14 – Recentemente li o artigo que fora públicado no final de 2010 que dialoga perfeitamente com este.

A Campus Party que todo mundo vê, mas poucos enxergam

Decidi fazer este post como um exercício, venho enfrentando um momento estranho, parece que perdi momentâneamente minha habilidade com a escrita, talvez seja porque tenho convivido com dinossauros mais do que o tolerável, tenho participado de reuniões onde as pessoas possuem pastas com email impresso!

Para tentar resgatar o meu verdadeiro eu, decidi me internar na Campus Party 2010. Fui convidado para uma palestra no Campus Forum na terça (26/01) e aproveitei para ficar até sábado (30/01), foi ótimo, revi gente conectada, gente do meu mundo e pude voltar a sentir o sabor da evolução, o frescor da brisa tecnológica e o calor humano de uma rede de pessoas. Foram momentos de extremo prazer, conversas produtivas, palestras, planos e celebrações, tudo girando em torno de um só tema, a sociedade conectada e o futuro do Brasil.

O que todo mundo vê e poucos enxergam?

Esta foi a terceira edição da Campus Party, e cada edição possui características marcantes, esta por exemplo estava muito focada em cibercultura e aspectos legais e operacionais da Internet. Mas um pequeno detalhes estava o tempo todo pulando na cara de todo mundo, seja nos slogans, nas falas, no material, nos banners e no site oficial: A Internet é uma rede de pessoas.


Bom se esta frase não tem nenhum significado a mais para você, é porque você é um dos que viu e não enxergou, mas não se preocupe, muitos não enxergaram. O fato de afirmar que a Internet é uma rede de pessoas contraria o mantra midiatico de que a Internet é uma rede de computadores, a Internet já deixou de ser uma rede de computadores há quase 10 anos.

A afirmativa de que a Internet é uma rede de pessoas subverte o conceito anterior de que a internet é uma rede de computadores, assim como hoje estamos na era da participação que subverteu o conceito da era da informação, mas curiosamente ambos os conceitos ultrapassados são ainda utilizados pela nossa jurássica mídia.

Em outras palavras, a questão tecnológica da Internet já se naturalizou, de forma que é naturalmente ignorada pelo o usuário de tal forma que este já enxerga diretamente a parte social da rede. Nem mesmo a velha frase que diz que a Internet é uma rede de pessoas mediada por computador é mais uma afirmativa indiscutível, com o crescimento da ubiquidade do acesso fica difícil definir o que é de fato computador, um celular é um computador? Neste caso a rede poderia ser definida como uma rede de pessoas mediada por dispositivos conectáveis, mesmo assim esta afirmativa, apesar de correta, coloca uma barreira no seu entendimento, em um momento que a invisibilidade da tecnologia se faz necessária para dar valor ao aspecto humano da rede.

Há dois anos fiz uma análise da pirâmide da pirâmide de Maslow aplicada as mídias sociais, que orgulhosamente apelido de pirâmide de Caribé ou hierarquia das necessidades em mídias sociais. Nesta analise eu estabeleço que os dois primeiros degraus da pirâmide são o conhecimento tecnológico e o acesso, mas se olharmos pela ótica que venho tecendo acima, podemos dizer que na verdade a pirâmide esta se transformando em um losango, uma vez que estes dois primeiros degraus estão ficando cada dia mais invisíveis, o que de certa forma acelera a tão desejada “alfabetização digital”.

Não tirando a questão tecnológica da Campus Party, afinal é sim de certa forma a tecnologia em seus diferentes niveis de visibilidade que as pessoas buscam encontrar no evento, mas principalmente as pessoas buscam encontrar pessoas, a Campus Party é na verdade uma grande rede social ao vivo de pessoas conectadas, uma tangibilização da cauda longa, um encontro de muitas tribos que habitam o ciberespaço e este planeta chamado terra, pense nisto.

A miopia universitária

Pouco antes da Campus Party, conversando com um amigo, o Ronald Stresser, ele comentou que estava pensando em fazer um curso mais específico de mídias sociais, e respondi quase de imediato que a Campus Party era o melhor curso de mídias sociais que ele poderia fazer, foi uma resposta daquelas “bate pronto” e depois comecei a pensar no que falei e vi que havia acertado na mosca.

Na Campus Party vivencia-se a cultura digital o tempo todo, é um paraiso para etnografos, profissionais e pesquisadores de comunicação e alias qualquer área profissional que de alguma forma envolva a Internet. Neste ano tivemos dezenas de palestras, com temas diversos e riquissimos, encontro dos cerebros da cibercultura brasileira, dos ativistas, legisladores e parlamentares da liberdade na rede, visita de presidenciaveis, debates de software livre, jogos, midias sociais, musica, video, multimidia, robotica, casemod e um monte de outras coisas. Na Campus Party você faz parte do contexto e não apenas lê sobre ele, o aspecto informal do evento reflete a informalidade e a liberdade da rede, onde você vai alem do livro, pode interagir com os autores, e isto não tem preço.

Mas onde estão as caravanas organizadas pelas universidades? Imagine o valor para uma faculdade de Direito em participar dos debates a cerca do Marco Civil, assistir à uma palestra do Lessig e de quebra ainda conversar com varios juristas, parlamentares, e representantes da sociedade civil que se fizeram presentes? Imagine o valor para uma faculdade de Comunicação participar de debates sobre cibercultura com os maiores estudiosos da área no Brasil? Ou quem sabe as faculdades de Pedagogia participarem da discussão a cerca do novo modelo de Universidade levantado pela pesquisadora Ivana Bentes?

Poderia enumerar dezenas de outros casos, eu nem falei da área técnica, mas foi de propósito, mas pergunto: Afinal porque as universidades ainda sofrem do mal de Sísifo, e continuam seguindo o mesmo caminho secular ao invés de apresentar novas propostas e desafios?

A constante nas organizações modernas é a própria mudança

Uma imagem Sempre que nos defrontamos com fatos que ameaçam nosso status quo, buscamos comportamentos e fatos semelhantes no passado. Isto nos faz crer que estamos presenciando um “remake”, e de certa forma aliviam a ameaça. Ninguém esta imune a isto, é um comportamento comum, eu mesmo tentei negar para mim mesmo por dois anos, o estouro da bolha da internet. Spencer Johnson escreveu seu best seller “Quem mexeu no meu queijo[bb]“, que acredito eu, deva seu maior sucesso à identificação do leitor com seus personagens e sua história.

Sintetizando o livro “Sobreviver não é o bastante” de Seth Godin[bb], a mensagem que fica é “A constante nas organizações modernas é a própria mudança“.

Kotler cita em seu livro, Marketing para o século XXI[bb], que Akio Morita tinha uma estratégia de criar três equipes para todos seus produtos: Uma para o seu desenvolvimento propriamente dito, outra para desenvolver um produto melhor e uma terceira para torna-lo obsoleto. Esta saudável prática de canibalismo corporativo vem sendo sistematicamente evitada sob todos os aspectos, é utilizada apenas por empresas antenadas.

Em caso recente, no 4o Congresso de Publicidade, mudaram o nome do painel de “O modelo brasileiro de remuneração das agências de publicidade” para “A Valorização, a Prosperidade e a Rentabilidade da Indústria da Comunicação”.

Mas por quê isto tem de ser assim? Temos medo de mudar, e atacamos tudo que nos remete à esta necessidade, principalmente no Brasil, onde o empreendedorismo não é uma prática tão valorizada quanto um bom e seguro emprego numa estatal. Para quê mudar? Não se mexe em time que esta ganhando? Não mesmo ? Ou seria melhor dizer: Em time que esta ganhando a mudança é uma constante ?

Quando estamos nesta discussão, se a web é ou não o bicho papão que ameaça nossa tranquilidade, a minha opinião é de que primeiro temos de ser imparciais, e em seguida aumentar nosso ângulo de visão, ou como dizem os Americanos, ativar nossa visão de passaro. Temos de correr o risco de enxergar o que não queremos ver, e com isto ganhar o precioso tempo hábil para nos reconfigurarmos e seguirmos o trem da evolução, para não sermos pegos de surpresa e atropelados por ele.

Foto: Foto obtida no banco de imagens Stock.Xchng produzida por Zoran Ozetsky

Pérolas da cibercultura, um post que vale por um cursinho

Depois do meu último post, me convenci de que realmente precisamos de novas ferramentas e novos conceitos para entender o que esta acontecendo hoje no mercado da comunicação. Para isto decidi reunir e publicar aqui os links para as principais pérolas da cibercultura na minha opinião. São elas definições, conceitos, textos e até e-books completos.

Redes

O entendimento de redes no sentido mais amplo, e não técnico, é teoria fundamental para o entendimento de tudo na cibercultura. É necessário entender que somos “nós” desta rede, e que nossos grupos são “clusters” e que tudo em termos de rede possui comportamento em rede, com grande capilaridade e com grande entropia.

Um entendimento técnico necessário é o proprio conceito original da Internet, criada na época da Guerra Fria, sua estrutura foi concebida para resistir à um bombardeio atômico, e desta forma pavimenta o conceito hoje conhecido como Mundo de Pontas (World of Ends).

Uma boa dica para entendimento de redes é o e-book “Redes – uma introdução às dinamicas da conectividade e da auto-organização” publicado pelo WWF Brasil.

Comportamento

Uma das mais sensacionais pérolas do comportamento no ciberespaço é o Manifesto Cluetrain (O manifesto do trem de evidências) que trata de forma simples e direta o comportamento social e de consumo na Internet. Veja também o post “Cluetrain 10 anos depois” publicado no Buzz Makers.

Outro texto muito interessante é o Mundos em colisão, que narra de uma forma simpática o choque cultural que se reflete como a dicotomia “nova x velha mídia” ou “real x virtual” passando pelo contraste “Copyright x Creative Commons” com bastante propriedade. Por falar em Copyright x Creative Commons, um bom e-book sobre isto é o Cultura Livre (uma excelente tradução do Free Culture). A cultura open source faz parte do DNA do ciberespaço, já o habitava no seu núcleo, na sua camada técnica, e foi fundamentalmente o propulsor da WWW.

Por falar em Free, este será o novo livro do Chris Anderson, o autor do Cauda Longa. O Free promete ser um profundo estudo sobre a cultura atual, onde empresas lucram cada vez mais cobrando cada vez menos, ou até nada. Na Wired tem um PDF que já da uma ideia de como será o livro, mas se preferir pode ler na web mesmo.

Existem ainda os clássicos teóricos da comunicação como Manuel Castells e Marshal McLunhan que não podem ficar de fora.

Midias sociais

Não podemos deixar de falar da teoria dos seis graus de separação, que fundamenta diversas redes sociais, onde em sintese, você esta ligado à qualquer outra pessoa no mundo, por outras seis. Existem outras, inclusive a que descrevi aqui mesmo no blog, relacionando Maslow e as midias sociais.

O assunto não esgota aqui, é apenas um começo, mas te garanto que boa parte já foi citada, convido você à completar a lista ai nos comentários.

update 02/05 – O Marco Gomes fez um post sensacional, praticamente um manifesto, se você leu os textos acima com cuidado, veja a personificação do estudo no post: Eu faço parte da revolução

E se… 2030… Um ensaio de como viveremos em 2030

Um irritante som invade minha cabeça, é como se ele perfurasse meu crânio e tocasse dentro de meu cérebro, olho em volta para descobrir a origem deste incomodo e percebo uma intensa luz que cintila suavemente, acompanhando o som que agora acaricia meus tímpanos, o ruído irritante cessara. A luz já não cintila mais, é forte e intensa… o que é isso ? Estou tremendo ! Percebo que estou deitado e me dou conta que a minha programação de despertar estava em execução, o tremor era do meu colchão[bb]. Levantei, esfreguei os olhos, olhei pela janela e vislumbrei o mundo do lado de fora, ele ainda esta lá. Nuvens rosadas formavam imagens interessantes, iluminadas pela vermelhidão do sol que estava nascendo, é um verdadeiro caleidoscópio da natureza. O sistema de som da casa anuncia que meu banho[bb] esta pronto, e que dentro de 15 minutos o café[bb] estará servido. Saudades daquele tempo em que saia para comprar pão, e sentia o cheiro do café sendo preparado. Um pouco mais de dez anos foram suficientes para mudar o mundo, afinal se não fosse assim a humanidade estaria encrencada.

O banho estava ótimo, quando acabei de me secar ouvi o bip que vinha do espelho: Hoje eu teria reunião na central de interação pessoal da empresa, afinal hoje era quarta, dia de interação corporativa. Toquei no espelho para sinalizar que havia lido a mensagem. Antes de sair fui dar um beijo no João, meu filho, mas me lembrei que à esta hora ele já estaria na aula. Arrisquei assim mesmo, entrei no quarto e dei um beijo nele, era hora do intervalo e a professora estava corrigindo os exercícios, e ele falou apontando para a tela do computador: – Olha pai, acertei tudo, e a professora do outro lado endossou: – O João é muito bom aluno, esperamos ele aqui na sexta que é dia de interação pessoal e sociabilização. Acenei positivamente com um sorriso e me despedi, já estava de saída.

Ops! Se eu esquecer de dar um beijo na minha esposa ela pode ficar magoada, relações pessoais e demonstração de afeto são muito importantes no nosso micro-ambiente social, no nosso lar. Mas não foi possível, pois ela estava em uma teleconferência no home office[bb], a reunião começou cedo, eram aqueles clientes de Portugal. Apenas joguei um beijo no ar e fui correspondido e sai satisfeito.

Fico em frente de casa esperando o transporte coletivo que irá me levar à central de interação, o transporte individual é praticamente proibitivo. Com as rígidas regras ambientais o preço do combustível fóssil, o mais poluente, foi parar na estratosfera por conta dos ditos tributos verdes. Fica mais barato encher o tanque de Champagne[bb]. Mesmo no meu carro que faz facilmente 50 km por litro, o custo é muito alto, isto sem contar com a cota semanal de quilometragem. Não vejo a hora de comprar um carro à hidrogênio.

Com a necessidade urgente de reduzir substancialmente a emissão de CO2, os governos priorizaram soluções para minimizar a necessidade de deslocamento. O transporte coletivo foi otimizado ao máximo, você traça seu roteiro e envia para uma central, que automaticamente aloca veículos que passarão na sua rota, você é pego em casa e com vaga garantida. Não existem mais as linhas de ônibus, somente de trem e metrô. A capacidade do veiculo coletivo é proporcional ao fluxo, é otimizado ao máximo, com isto a lucratividade das transportadoras justificou todo investimento em adaptação para seus veículos à hidrogênio. Etanol e biodiesel não eram a solução, reduziam a emissão de gases, mas não na proporção que se fez necessária.

Um comportamento curioso, é que como passamos a maior parte de nosso tempo nos nossos ambientes familiares, quando encontramos estranhos sentimo-nos motivados a conversar, conta-se histórias e piadas e o tempo passa voando. Com menos veículos nas ruas, e as paradas dos coletivos programadas, as vias que antes viviam engarrafadas, agora mais desertas, se tornaram vias de trafego rápido. Há 20 anos isto seria encarado como uma piada de mau gosto, uma utopia.

Estou quase chegando ao centro da cidade, quem conheceu o centro há 20 anos, hoje deve estranhar, esta tão vazio que parece um sábado a tarde. Algumas empresas mudaram suas centrais de interação para o subúrbio, mas a minha preferiu manter o velho escritório[bb] no centro. O bom é que o centro não é mais tão cinzento, hoje temos arvores e alguns prédios ficaram abandonados e foram transformados em florestas verticais, parece uma montanha verde esculpida, só vendo para entender. Aquele ar quente e seco e que entrava rasgando nossas narinas foi substituído por um ar leve e fresco que carrega com sigo o clima da floresta, respira-se com prazer.

Desco do transporte e ando em direção à central de interação da minha empresa, cruzo o saguão, deserto mas imponente, uma forte luz varre minha vista por uma fração de segundos e uma gravação me informa para aguardar alguns minutos, pois outras pessoas estão chegando para o mesmo andar. São as novas normas verdes, até o transporte vertical, vulgo elevador, fora otimizado, o consumo de energia é racionalizado ao extremo. Coletores fotovoltaicos armazenam a energia solar em baterias, a iluminação quando não natural é LED , que possui um consumo muito baixo e uma iluminação eficiente. Curioso mesmo são as soluções de iluminação[bb] decorativa com fibras óticas, coletores na fachada capturam a luz que é transmitida pela fibra ótica e brotam do chão, do teto, de jardineiras, de todos os lugares possíveis e imaginários, formando um show visual que não deixa nenhum ônus com a natureza, simplesmente não gasta energia, captura a luz solar e a utiliza para iluminar[bb] interiores, genial. Pedro esta chegando, vejo que ele, um sexagenário como eu esta em forma, lembro que há 20 anos eu era um gordo e hoje sou um esbelto jovem de 60, pilulas, tecnologias alimentares e os avanços da medicina simplesmente varreram a obesidade do planeta. Cumprimento Pedro com um caloroso abraço, e o sistema de som anuncia que já podemos subir, as portas do elevador se abrem e entramos.

(continua…)

A instantaneidade, o crowdsourcing e o jornalismo social

Há menos de 20 anos, o máximo de instantaneidade, em termos jornalísticos, que a humanidade conhecia eram a TV e o radio. As chamadas de extra na telinha e no “dial” anunciavam um fato relevante, mas poucas eram as fontes de informação, a noticia era pré-digerida pelo emitente. Vinte e quatro horas depois, poderíamos obter mais detalhes nos jornais e posteriormente nas revistas, ai então um pouco de diversidade e controvérsia, mas tudo muito ameno. As informações eram filtradas em escolhidas por diretores e redatores, e nossa liberdade de escolha se restringia à poucas opções. Naquele tempo, em um caso como o do incêndio recente na California, ocorrido em 20 de outubro deste ano, levaríamos pelo menos duas semanas para termos um volume de informação significativo a respeito do caso, coisa que hoje temos a disposição 24 horas depois. A diversidade então, impossível comparar. Imagine um verbete em uma enciclopédia então, só no ano seguinte, e não em poucas horas como ocorre na Wikipedia.

Desde os primeiros segundos, diversas pessoas começaram a cobertura do incêndio através de seus blogs, Twitter, YouTube, e não menos relevante, através da Wikipedia. A cobertura se dá de forma descentralizada com as pessoas “Twittando” através de seus celulares, postando em seus blogs a partir de seus smartphones, ou até mesmo de seus notebooks. A forma de conexão com a Internet hoje em dia, definitivamente não é fator determinante para o crowdsourcing, estamos cada vez mais conectados[bb], e a tendência é nos conectarmos de forma cada vez mais ubiqua, até o ponto onde a excessão será não estar conectado, os desconectados serão os Amishs do século XXI.

A grande espiral evolutiva continua acelerada e com o raio cada vez menor, a instantaneidade é primordial, queremos saber agora, o que acontece agora, para isto os veiculos tradicionais parecem verdadeiros paquidermes, até mesmo as midias tradicionais no meio digital são lentas. Uma hora, meia hora pode ser muito tempo, queremos saber dos fatos em tempo real, queremos praticamente interagir com eles. Vivemos conectados, notebooks[bb], smartphones[bb], e até mesmo simples celulares via SMS ou MMS, pouco importa, o que importa é interagirmos em tempo real, noticiarmos em tempo real, coisa que os dinossauros da comunicação não entendem. Se entendessem poderiamos pedir ao camera para posicionar-se um pouco mais a direita, ou avisar ao reporter que “aquele cara ali de boné” parece estar sabendo dos fatos. É a vida em tempo real, é a vida conectada, é a informação ubiqua.

Constantemente a credibilidade do jornalismo social é posta em xeque, os veiculos tradicionais defendem que somente eles estão aptos a noticiarem com credibilidade, e que o Jornalismo Social não é confiavel. Trata-se de uma meia verdade, uma vez que os veiculos tradicionais cometem verdadeiras gafes, como o caso do “Homem que diminui o dedo para usar o iPhone” noticiado pelo Estadão. A confiabilidade do Jornalismo social é diretamente proporcional ao número de fontes, ou a credibilidade conquistada por algumas delas. Um grande número de fontes permite ao leitor avaliar por amostragem o que é ou não confiavel, e assim construir a sua percepção de confiabilidade de algumas fontes. Muitos blogs publicam matérias de alta qualidade e confiabilidade, uma vez que para alguns, o blog é uma fonte de status e/ou receita e o leitor é o seu mais valioso ativo.

Em termos de número de fontes, velocidade e interação, o micro-blogging revelou-se um grande aliado do Jornalismo social, e o Twitter é de longe a mais popular ferramenta de micro-blogging. O caso citado acima, do incêndio na California, foi notório mas não o único coberto via Twitter. A grande “sacada” é que em micro-blogging o texto é limitado a 140 caracteres e o celular[bb] é uma potencial ferramenta jornalistica. Textos via SMS para o Twitter, fotos e videos via e-mail para o Flickr e YouTube respectivamente e na outra ponta temos a noticia em qualquer dispositivo, é o verdadeiro crowdsourcing jornalístico.

Um dos “twitteiros” que cobriram o incêndio na California, o Nate Ritter criou uma ferramenta genial, o HashTags, baseado nas populares hash tags utilizadas no Twitter. O HashTags simplesmente captura e grava todos os posts feitos por uma determinada #tag, para isto basta que você tenha uma conta no Twitter adicione o usuário hashtags, que é um bot. A partir deste momento todas as tags que você utilizar serão gravadas no HashTags, e em tempo real. Enquanto escrevia este post, “twittei” usando a tag #entropia, fiz algumas dicas sobre o HashTags nas tags #hint , #dica e #tags. O HashTags mostra ainda um pequeno grafico de atividade de cada tag, possibilitando visualmente identificar qual tag esta quente ou não.

Na minha opinião, HashTags está para o jornalismo crowdsourcing assim como o Twitter está para o micro-blogging, estamos presenciando os contornos da nova economia, da economia Free, de economia crowsourcing. E você o que acha?

Leia mais:

Update 18/12/07 – Existe um novo serviço, o TerraMinds que não funciona como o HashTags mas ele indexa todos os usuarios do Twitter e permite pesquisar por nome de usuário ou palavra chave. Igualmente útil para o Jornalismo Crowdsourcing

Apertem os cintos, o consumidor mudou!

Não se trata de uma nova versão da classica comedia pastelão, e sim de mais uma constatação de que o mercado mudou e continua mudando numa velocidade cada vez maior. Os sinais estão por toda parte: Este ano as verbas publicitárias digitais estão superando as mais tradicionais mídias, o mercado da comunicação está mudando, os publicitários não entendem de internet e o consumidor fica cada dia mais sabido e exigente, isto sem falar na quebra da comunicação corporativa por conta das redes sociais que ja são usadas como potentes ferramentas de CRM.

O perfil do novo consumidor vem sendo traçado com frequencia, alias cada dia fica mais dificil traçar algum perfil, o consumidor esta “derretendo” engordando a cauda longa que não para de crescer. Este novo consumidor é a antintese do consumidor de massa do passado. Antes consumia-se para pertencer à uma “tribo”, hoje também! Só que as “tribos” diminuiram e ficaram mais diversificadas.

O agente catalizador da evolução sempre foi a infomação, hoje temos isto de sobra, alias temos em excesso. Com o advento da Internet cada consumidor de informação passa a ser um emissor de uma comunicação em rede, um ambiente liquido, onde a informação pode ser fragmentada, reconstruida, fundida e novamente fragmentada… No meio do ecossistema da nova comunicação, a publicidade é interpretada como ruído e é descartada na primeira fragmentação, ou pior, muitas vezes totalmente descartada antes mesmo de ser exibida.

Quem viveu os primórdios da Internet no Brasil deve lembrar como este mercado se comportava. Era um imenso latifundio a ser explorado, projetos e ideias mirabolantes surgiam a todo instante, o espirito empreendedor ganhava auras de desbravador, e a Internet parecia uma infidável mina de ouro. Vivemos hoje entropia semelhante no mercado da comunicação, a diferença é que encontrar a formula ideal pode ser a chave da sobrevivência em um futuro muito próximo.

Quebrando paradigmas

Tem muito profissional de comunicação que nunca vai entender o novo consumidor, e muito menos o que houve com o mercado de comunicação. Não que ele não tenha capacidade intelectual para isto, ele não conseguirá entender isto com os fundamentos teóricos e ferramentas usuais ele não possui uma vivência que permita este entendimento, não faz parte da sua cultura. Muitos paradigmas precisam ser quebrados:

  • Mídia – Esqueça mídia, para de pensar em mídia, pare de tentar tangibilizar um conceito que não se aplica ao novo consumidor. Mídia simplesmente não faz sentido para um público que tem a liberdade de escolher se quer ou não ser impactado pela propaganda. Lembre-se em tempos de comunicação líquida, o meio é a mensagem.
  • Internet não é midia – Internet não é midia, quem te disse isto? Internet hoje é um complexo ecossistema social que chamamos de ciberespaço. Chamar a internet de mídia é subestimar a sua capacidade, ela não chega a ser o metaverso em si, afinal ela esta muito presente no mundo real, mas possui autonomia suficiente para sê-lo. Temos de “destangibilizar” nosso conceito de mídia, a Internet congrega informações, serviços, lembranças e emoções, tudo em bits, tudo líquido.
  • Internauta é mãe ! – Tratar um usuário de internet por internauta é uma forma de distancia-lo, é trata-lo como um ser diferente. As interpretações podem ser desde uma forte dose latente do emitente em tentar manter seu status quo, como a simples tentativa de rotular um grupo de pessoas. Descontando a face emocional do discursso, sobra a ignorância. A nova cultura é a cibercultura, é a cultura da geração conectada, que a cada dia expande tanto horizontalmente quanto verticalmente atingindo indivíduos cada vez mais novos e mais velhos. Se sou um internauta posso afirmar que em muito breve todos seremos, então os diferentes serão os desconectados.
  • Vivemos cada vez mais conectados – Quem pensa que a internet fica no computador precisa rever seus conceitos. Foi risível a matéria do Fantástico deste fim de semana, onde uma mãe desesperada “desligou a internet” do filho viciado. Enquanto existir esta “guerra” entre o real e o virtual vão existir interpretações tendenciosas como estas. O problema é psicológico, o vício poderia ser em qualquer coisa. Mas voltando ao assunto, há muito a internet “saiu” do computador, hoje ela é acessível por wap (celular), pelo telefone (VXML) e integrando soluções com dispositivos como o RFID, além é claro da TV Digital que corre um sério risco de ser engolida pela IPTV. O certo é que vivemos cada vez mais conectados, nossas casas, carros, eletrodomésticos e o que mais for possivel imaginar estarão conectados.

Este artigo não tem a ambição de ser conclusivo, nem tem uma visão generalista, apenas tem por objetivo apontar fortes tendências. Ele foi motivado por um artigo que retrata a visão de profissional que é muito parecida com a minha, e como me resaltou o Gilberto Pavoni, ele possui a grife “Forrester Research”. Eu na verdade pesquiso para montar a minha pequena agência que vai nascer mês que vem, mas construi um background suficiente para um cargo executivo em uma grande agência. O futuro? Who Knows the future?

Publicitários não entendem de Internet ?

A mudança de paradigma, a quebra do status-quo, o impacto disruptivo eminente tem deixado muitos publicitários completamente perdidos. Eu ja havia preconizado que nos próximos anos veremos a queda da propaganda e a ascensão do marketing, não que eu seja um guru, ou esteja rogando uma praga, mas as evidências estão ai para quem quiser ver.

O antigo modelo de negócios das agência de publicidade esta sendo aos poucos delapidado, anunciantes querem o BV, agencias dividem suas comissões, anunciantes criam suas houses cada vez mais. Mas ainda bem que o bom e velho anuncio de 30″ gera uma boa receita… Mas até quando?

Esta por enquanto é uma pergunta sem resposta, a resposta que posso dar é que as agências precisarão se reconfigurar para sobreviverem, se estão contando com a TV Digital para isto, esquecam, o tempo previsto para implantação no Pais de 10 anos é uma eternidade em termos de “Internet time”. Até la ela ja estará obsoleta pela IPTV que estará acessível a todos. E se você acha que estou enganado, apostando na Internet para a classe C, então é porque você não leu a ultima pesquisa publicada pela Datafolha e encomendada pela F/Nazca que aponta um contigente de 49 milhões de usuários a partir de 12 anos, contigente este que pode chegar á 60 milhões se levarmos em conta usuários abaixo desta idade, e com uma penetração de quase 40% na classe C.

Quem foi ao Digital Age 2.0 (e eu infelizmente não fui) pôde assistir ao “debate” entre o Luis Grottera – CEO da TBWA\BR com a Suzanna Apelbaum sócia da Hello!. O debate levantou polêmicas como pode ver:

No Techbits:

É possível perceber claramente que Grottera é conservador, estilo antigo e a Suzana mais antenada nas novas tecnologias. Em uma discussão que perguntava se o comercial de 30 segundos da TV estaria com os dias contados, Groterra defendeu que uma campanha na TV gera recall (lembrança por parte dos consumidores) ao redor de 20 a 30%. Então se você investir 10 milhões de reais, 8 milhões foram jogados fora, mas 2 milhões aproveitados. E, segundo ele, essa é uma boa média. Ainda segundo o Grottera, vale mais investir na TV do que na internet, mídia que ficará cara tanto quanto a TV daqui alguns anos.

Peraí… acho que ele não leu a Cauda Longa. Peraí… 8 milhões jogados fora e somente 2 aproveitados? Peraí… Claro, já entendi. Ele está defendendo o seu peixe.

Já a Suzana Apelbaum defendeu a internet. Não sei como não saiu uma briga mais feia, hehe! Na internet é possível direcionar totalmente os esforços publicitários. Cem mil reais investidos no Google dão retorno de porcentagem muito maior. Não há desperdício com o ruído como o fato dos consumidores zapearem entre os canais.

No Tecnocracia:

Hypes à parte, a Internet está revolucionando a forma de fazer propaganda. Aliás, a Internet está finalmente sendo feita por pessoas, sobre pessoas e para pessoas e com isso está revolucionando a forma com que as pessoas fazem e absorvem propaganda, TV, conteúdo, notícias, entretenimento, etc. O consumidor não quer mais assistir comerciais na TV – o próprio Martin Lindstrom em sua palestra afirmou que a criança de hoje é capaz de acompanhar 5.4 canais de TV simultaneamente, contra 1.7 canais de um adulto médio. Nós mudamos de canal durante as propagandas; Nós compramos canais por assinatura para fugir da propaganda da TV aberta; Nós assistimos ao Joost, baixamos episódios pela Internet, vemos vídeos no YouTube. Nós selecionamos a propaganda que queremos ver.

No Techbits, Fugita lembra que o Grand Prix de Cannes este ano foi um filme que nunca foi à TV.

Se você não concorda comigo então una-se ao Elton John, que esta liderando uma campanha para fechar a Internet.